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A 30 km daqui e de bicicleta, trilha garante conhecer a Campo Grande rural

Paula Maciulevicius | 23/05/2016 06:25
A trilha sob rodas tem um total de 23 quilômetros de subidas e descidas. (Foto: Antonio Arguello)
A trilha sob rodas tem um total de 23 quilômetros de subidas e descidas. (Foto: Antonio Arguello)

Uma cidade revelada sob duas rodas. De bicicleta, além da brisa fazer carinho no rosto, se conhece outro lado de onde se vive. Neste domingo, o Lado B se aventurou numa trilha pela Campo Grande rural, da Reserva Canindé, passando pelo rio Varadouro até o assentamento Terra Boa, onde outrora era a fazenda Cerro Porã. A trilha sob rodas tem um total de 23 quilômetros de subidas e descidas e algumas pedrinhas pelo caminho.

A paisagem exibe um verde aos olhos que volta e meia contrasta com o branco do gado ou o trotar dos cavalos. É natureza mesmo. Não precisa de aviso. O passeio sai às 7h da manhã da loja que idealizou, em parceria com o Sopa de Pedra, a aventura, a Concept Bike, e segue até a entrada da Reserva Canindé. São os últimos 30 quilômetros que separam Campo Grande urbana da rural e que são feitos de carro. 

Chegando à porteira da reserva, é hora de estacionar as quatro rodas e pular para as duas. Respirar fundo e encarar o que não se conhece. "O legal é isso, uma trilha nova, onde as pessoas não têm ideia do que vão encontrar", anuncia o guia e fundador do Sopa de Pedra, Nilson Young.

Nilson Young é o guia e quem faz questão de fazer "surpresa" aos participantes. (Foto: Antonio Arguello)
Nilson Young é o guia e quem faz questão de fazer "surpresa" aos participantes. (Foto: Antonio Arguello)

E foi com esse objetivo que cerca de 40 ciclistas embarcaram na trilha. Um deles, veio de muito longe para isso. Se viesse da cidade natal, Carlos Tiago levaria dias pedalando de Belém até a Capital. Há sete meses morando em Campo Grande, é de bicicleta que ele escolhe conhecer a cidade.

"A primeira vez peguei da Orla até o aeroporto. Fui para conhecer e para me sentir parte da cidade", conta o desenvolvedor de sistemas, Carlos Tiago Silva Costa, de 28 anos. Na nova casa, a bicicleta estava empoeirada e fazia muito tempo que a corrente não via uma trilha mais selvagem. O resultado? Arrebentou. Mas a aventura continuava.

"Eu gosto dessa vibe de natureza, trilha, cachoeira, queda d'água", enumera. Para imprevistos como esse, um carro de apoio segue levando quem fica pelo caminho. O passeio de mountain bike é turístico, não tem competição e nem horário para terminar. Há quem faça o trajeto em 2h, nós fizemos em quatro, porque o objetivo era um só: reunir um grupo de amigos que divide a mesma paixão, a bicicleta.

Rota inclui cruzar o Rio Varadouro, como faz aí na foto o Carlos Tiago. (Foto: Antonio Arguello)
Rota inclui cruzar o Rio Varadouro, como faz aí na foto o Carlos Tiago. (Foto: Antonio Arguello)
A bicicleta de "cestinha" de Thaíse deu conta da travessia. (Foto: Antonio Arguello)
A bicicleta de "cestinha" de Thaíse deu conta da travessia. (Foto: Antonio Arguello)

Em determinado ponto, o roteiro chega a um desafio daqueles. É cruzar o Rio Varadouro. Ali, além de técnica, tenho por mim que talvez conte um pouco de sorte e também coragem. Experientes cruzam empurrando a bike, outros, encaram a água.

"E vocês estavam rindo porque minha bicicleta tinha cestinha, né?" brinca a fisioterapeuta Thaíse Tacia, de 26 anos. Estreante em trilhas em Campo Grande, foi pela curiosidade que ela se atreveu a participar. E de brinde? Ganhou uma vista muito bonita. "Dificuldade tem, mas é mais nas descidas e onde tem pedras", observa.

Quem cai, "compra terra". Dos 23 quilômetros, não devo ter feito nem 10%, logo não adianta me gabar por não ter comprado e nem comido terra. Um dos desafios da rota é este mesmo, subidas íngremes e pedras soltas. Falando em subida, quem conseguiu chegar até próximo da escola do assentamento pode-se considerar vencedor.

O difícil são, além das subidas íngremes, as pedras soltas no caminho.  (Foto: Antonio Arguello)
O difícil são, além das subidas íngremes, as pedras soltas no caminho. (Foto: Antonio Arguello)
Grupo para o tempo todo para ver se todos estão juntos.  (Foto: Antonio Arguello)
Grupo para o tempo todo para ver se todos estão juntos. (Foto: Antonio Arguello)
Rota destaca o verde da natureza local.  (Foto: Antonio Arguello)
Rota destaca o verde da natureza local. (Foto: Antonio Arguello)

O arquiteto e urbanista Eymard Ferreira, de 56 anos, leva o título e com louvor. Nem precisou de um tempo para recuperar o fôlego. São quatro anos no pedal e a primeira vez na trilha. A subida proporcionou um cenário bonito, vantagem que ele aponta vir da bicicleta. "Essa dinâmica da paisagem. Pedalo porque é relaxante, foge da cerveja e churrasco do final de semana e você descobre lugares de Campo Grande que são encantadores", convida.

Para quem é leigo, o tempo deste domingo não era dos melhores... Engano. Todo tempo é tempo, mas as condições climáticas requerem cuidado. O que não se pode misturar é chuva e frio, no mais, até o sol é bem vindo, mas com atenção à hidratação e proteção.

Antes da volta, o ponto final é um bar que não tem nome, mas tem a disposição da dona. Maria Bráulia, junto da filha, Gleice Lara, tocam o lugar. O trecho já pertence à associação de credifundiários Nova Era. São quase 70 famílias que vivem ali, em terras loteadas e comercializadas desde 2003.

"As pessoas vem aqui olhar um pedacinho do que a gente vê o dia todo", resume bem dona Maria.

Quando o passeio chega ao final, apenas um trecho é repetido. Bem curto, para dar sequência às surpresas de quem pedala. A ideia é repeti-lo uma vez ao mês, explica o sócio-proprietário da Concept Bike, Thiago Urias Lopes, de 32 anos. Não se cobra inscrição e a loja entra com café da manhã e a estrutura para a trilha, daí o nome "café com trilha". No Facebook da loja eles divulgam a data do próximo. O roteiro é diferente e vale à pena pela diversão e exercício.

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Na subida, a língua fica de fora, mas todo mundo chega lá. (Foto: Antonio Arguello)
Na subida, a língua fica de fora, mas todo mundo chega lá. (Foto: Antonio Arguello)
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