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Faz Bem!

Boa convivência na academia é arte de dividir espaço com diferentes personagens

Rafael Antonio França, especial para o Lado B | 23/12/2013 06:39
Entre um peso e outro, o exercício é de paciência. (Foto: Marcos Ermínio)
Entre um peso e outro, o exercício é de paciência. (Foto: Marcos Ermínio)

Quando me matriculei numa academia de musculação, achei que o mais difícil seria o processo de adequação. Sabia que ia levar um tempo e que precisaria ter um pouco de paciência. Se você não está sarado ou se não está sabendo das últimas novidades de fitness, você se sente deslocado. Tudo é novo: ambiente, instrutores, colaboradores, alunos.

Ao passar dos meses, percebi mesmo que a maior dificuldade não era o processo de adequação, muito menos o programa de exercícios. Entendi que complicado mesmo seria conviver com as espécies variadas que frequentavam a academia. Cada um com sua personalidade. É um exercício de tolerância com o diferente, um desafio diário.

Consegui até nomear cada tipo de personagem por suas peculiaridades.

Tem o Playboy. Ele definitivamente acha que a academia é uma balada. Cabelo com gel ou pomada brilhosa, perfume importado, camiseta da Abercrombie (parece até uniforme escolar), calça de moletom da GAP e coqueteleira importada na mão. Com o celular no ouvido, começa a socializar com as meninas da academia e com os brothers (tem que falar inglês). Esse tipo não incomoda, malha no máximo 20 minutos e sai como entrou da academia: impecável e sem despentear o cabelo.

O Egoísta me incomoda. Tem a síndrome do “é tudo meu”. Insiste em não deixar as pessoas utilizar os aparelhos por puro egoísmo. Enquanto fica lá, ocupando o aparelho, mexe no MP4 ou celular como se não houvesse pessoas ali a espera. Faz o exercício em locais que bloqueiam a passagem e, por final, não guardam nem os pesos que utilizaram. Irritantemente egoísta.

Mas tem outros que me divertem, no bom sentido da palavra. Como a Drag Queen. Não precisa exemplificar muita coisa, né? Ela geralmente está com uma calça leg com estampa de cortinas de casa de vó. Muito florida, colorida, o cabelo de rabo de cavalo preso no alto e balançando conforme cada passo que dá no ritmo do som do seu iPod. Dá até pra saber a música de vez em quando. Muito maquiada monopoliza todos os instrutores com seus casos e depoimentos engraçados. De voz alta, gesticula e fala muito palavrão. É da turma do aeróbico geralmente. Pouco utiliza o salão de musculação. Mais para dar o “seu show” do que malhar realmente.

O Narciso é um caso a parte. Entra correndo na academia e já foca o espelho no fundo do salão e vai à sua direção. Não existe ninguém ao seu lado. Nem homem, nem mulher. Seu andar orgulhoso parece estar sempre em slowmotion. Tem local fixo na academia: em frente ao maior espelho. Treina ali sem tirar os olhos. Deixa os pesos no chão. Vira de lado, olha. Vira de frente, olha. Afasta um pouco e olha. Pega os pesos, termina a série. Chega mais perto do espelho e olha. Tem a sensação de estar no paraíso. Anda na academia sempre mirando os espelhos e por isso demora muito tempo para finalizar o treino.

E o "Ladrão"? Sim, o ladrão! Essa típica espécime é encontrada em quase todas as academias. Basta você sair de perto do seu banco para tirar uma dúvida com seu treinador, opa: cadê o banco que estava aqui. Nunca se ausente do aparelho ou largue os pesos para beber água com um sujeito desses por perto. Esse sim atrapalha o treino, a série. É preciso sair em busca dos objetos furtados.

Mas o que mais atrapalha é o Porcão. Desodorante passa longe. Você percebe que ele está por perto quando se abaixa para pegar um peso e sente o cheiro que exala do tênis dele. Todos nós suamos, mas não tem coisa pior do que usar um aparelho escorrendo suor. Fora o cheiro. Se não gosta de usar toalhinha na academia poderia, pelo menos, chamar alguém da limpeza pra fazer a higienização.

Conviver com diferentes personalidades na academia vai muito além da aceitação. É um exercício. Dois na verdade: físico e mental. Algumas pessoas são presenças agradáveis na academia. Outras, eu dispensaria, mas têm tanto direito de estar ali quanto eu.

Mesmo assim, facilitaria se todos que frequentam a academia tivessem um comportamento civilizado, priorizando o convívio e o respeito ao próximo. Você se encaixa ou conhece alguém assim?

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