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Faz Bem!

Depois de tratar depressão, ir ao spa uma vez por ano virou programa de família

Paula Maciulevicius | 14/10/2015 06:12
Entre as atividades do spa está a terapia do abraço. (Foto: Marcos Ermínio)
Entre as atividades do spa está a terapia do abraço. (Foto: Marcos Ermínio)

Todo ano, pelo menos uma vez, seu Pedro e dona Maria Nilce arrumam as malas e encaram a estrada para uma viagem de relaxamento. O que começou como tratamento complementar para depressão se tornou programa de família e há anos eles vêm com os netos de Caarapó a Campo Grande para uma semana no spa, no Centro de Vida Saudável, lá dentro do Hospital do Pênfigo, na Capital.

Nos bancos, no meio das árvores e do verde do lugar que perde os ares de hospital frente à tranquilidade, estão: Natália, Priscila, Laís, os avós Pedro e Nilce, Patrick e a esposa, Claudinéia, que também entra na cota de neta. Os sete vieram em dois carros para fazer o spa por uma semana. Ali, eles se dividem em três quartos e numa rotina para trabalhar corpo e alma.

A diferença de idade fica para trás quando a programação "abraça" todo mundo. Sauna, caminhada e o banho de assento, assim como as refeições são feitas em conjunto. E enquanto os avós vão para a massagem, os netos ficam na academia.

Foi através de indicação de amigos que dona Maria Nilce conseguiu trazer seu Pedro para cá, em 1998. "Aqui a gente encontrou o que procurava", explica a senhorinha de 71 anos.

Laís, Priscila e Natália, netas que contam os dias para a viagem começar. (Foto: Marcos Ermínio)
Laís, Priscila e Natália, netas que contam os dias para a viagem começar. (Foto: Marcos Ermínio)
Seu Pedro e dona Nilce foram por anos sozinhos até terem a companhia dos netos. (Foto: Marcos Ermínio)
Seu Pedro e dona Nilce foram por anos sozinhos até terem a companhia dos netos. (Foto: Marcos Ermínio)

"Vim com depressão, me trouxeram arrastado mesmo, fiquei igual onça no mato dando coice, até que chegou um amigo e falou: então vamos embora. Daquele dia em diante parece que uma luz apareceu", completa seu Pedro Vargas, pecuarista, de 76 anos. Ele não só não foi embora, como passou a ir duas vezes por ano e a partir de 2005, a viagem ganhou bagagem extra que hoje o casal não se imagina sem.

Quando avô seria o desfalque na semana de spa, a neta Priscila Vargas Cavalcanti, hoje com 23 anos e contadora, se convidou. "Me candidatei, falei que faria companhia à minha avó então. Eu fui a primeira a vir e desde 2010 que vêm todo mundo, filhos, netos", descreve Priscila. "Puxadora da fila", hoje não tem quem não queira aproveitar a semana no spa, ao lado dos avós.

"Eu fico contando os dias, quando chega outubro você pensa se vai ter semana do saco cheio, primeiro na escola, depois na faculdade", interrompe a neta Natália Vargas, de 19 anos.

Patrick, Claudinéia, dona Nilce, seu Pedro, Laís, Priscila e Natália: avós e netos que encaram juntos o spa. (Foto: Marcos Ermínio)
Patrick, Claudinéia, dona Nilce, seu Pedro, Laís, Priscila e Natália: avós e netos que encaram juntos o spa. (Foto: Marcos Ermínio)
Casal pronto para a massagem. (Foto: Marcos Ermínio)
Casal pronto para a massagem. (Foto: Marcos Ermínio)

O mais difícil para os netos era ficar sem carne. As refeições são feitas todas lá e seguem a linha ovolactovegetariana. "Eu trazia uma mochila clandestina de bolacha, chocolate e balas", brinca Priscila. Coisa que agora já não acontece mais.

"É muito bom porque o nosso cotidiano pega bastante pela correria e você não tem tempo de conversar, de se abraçar. Aqui a gente trabalha a terapia do abraço. Acorda e abraça, caminha junto, fica muito mais tempo junto", reflete a contadora, Priscila Vargas.

Seu Pedro completa dizendo que harmonia entre eles nunca faltou. "Nosso clima sempre foi assim, quando a gente começou a vir para cá e trazer os netos, mudou para eles a parte de alimentação. Porque jovem só quer saber de festinha e aqui eles aprenderam a comer", exemplifica o avô.

No spa, a rotina começa às 5h45 da manhã quando toca o despertador. Acordar cedo, tanto para avós quanto para os netos, não é um problema. A primeira alimentação do dia é um suco antioxidante acompanhado de uma ameixa para a caminhada. Depois, vem o desjejum, seguido das palestras motivacionais intercaladas com exercícios, massagens, hidroginástica, academia e as refeições.

Enquanto as netas malham pesado. (Foto: Marcos Ermínio)
Enquanto as netas malham pesado. (Foto: Marcos Ermínio)

Junto da esposa, o arquiteto de software, Patrick Vargas Cavalcanti, de 25 anos, neto de seu Pedro, diz que aproveita os sete dias para o descanso. "Depende do objetivo, se vem para relaxar, desestressar ou emagrecer. Eu venho para relaxar, mesmo estando acima do peso, eu sei que é só falta de exercício, venho aqui para descansar", explica.

A conversa rende e a gente percebe que a leveza impera por ali, isso porque eles recém começaram o tratamento. A viagem de volta, para casa, a 280 quilômetros daqui, será no final da semana. "A gente sai mais leve, tanto de peso, quanto de mente, de espírito. Ficar mais junto faz a gente lembrar o que era e deixou para trás", resume Priscila.
Para o avô, estar ali é felicidade "demais da conta". "É difícil uma família que se dê tão bem quanto a gente. Para nós é uma alegria e se antes a gente carregava os netos, hoje são eles que nos trazem".

O spa funciona de domingo a sexta e além da opção semanal, há também a versão "day spa", onde o paciente faz a pernoite para aproveitar todo o tratamento desde às 6h da manhã do dia seguinte. Na programação estão massagens, atividades esportivas, boa alimentação, nutricionista e todo aparato médico. Os valores vão de R$ 450,00 para o dia e R$ 2,5 mil o pacote semanal, por pessoa.

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