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Depois de um 2015 assustador, professor leva Natal para ala de quimioterapia

Adriano Fernandes | 22/12/2015 06:45
Professor Carlão vestido de Papai Noel na ala de quimioterapia do hospital regional.(Foto: Fernando Antunes)
Professor Carlão vestido de Papai Noel na ala de quimioterapia do hospital regional.(Foto: Fernando Antunes)

A manhã de segunda-feira foi de festa de Natal para cerca de 30 pacientes atendidos diariamente no Setor de Quimioterapia do Hospital Regional de Campo Grande. O personagem principal apareceu na pele do professor Carlão, velho conhecido, que mesmo em tratamento, foi Papai Noel por um dia.

Quem vê a disposição e simpatia do Carlos Alberto Rezende, nem imagina os desafios que ele teve de enfrentar nos últimos três meses, depois que foi diagnosticado com aplasia medular. A doença compromete a medula óssea e, em casos mais extremos, como do professor, o órgão responsável pela produção sanguínea simplesmente para de funcionar.

Carlão descobriu em agosto que sofria de aplasia medular. (Foto: Fernando Antunes)
Carlão descobriu em agosto que sofria de aplasia medular. (Foto: Fernando Antunes)

Mas nem o grande número de transfusões ou a rotina comprometida pelo tratamento tiraram o sorriso fácil de Carlão. “Eu não me pergunto por que isso foi acontecer comigo. Eu simplesmente decidi que eu ia lutar e vencer a doença”, diz sorridente.

Quanto descobriu a doença, ele recorda sobre sua forte ligação com a mãe, que ao mesmo tempo em que o preocupou, também serviu de motivação para seguir à risca o tratamento. “Levei um susto só de pensar nessa provável inversão da ordem natural da vida, onde a gente nunca imagina que um filho, possa ´ir' antes dos pais. Minha única preocupação era ela”, conta.

Por tudo isso, também sobrou força para o inicio do projeto Sangue Bom, iniciativa idealizada por ele, inspirada na campanha de doações “Amigos do Professor Carlão”, quando o que ele mais precisava era de doadores.

Mesa farta na confraternização da ala de quimioterapia do Hospital Regional.(Foto: Fernando Antunes)
Mesa farta na confraternização da ala de quimioterapia do Hospital Regional.(Foto: Fernando Antunes)

Hoje ele faz palestra em empresas, escolas e universidades, sobre a importância da doação de sangue e de cadastramento no banco de medula óssea.

E os esforços têm rendido bons resultados. “Desde o inicio do meu tratamento com as campanhas de conscientização e atualização dos cadastros, o número de doadores compatíveis passou de 30 para 56 no hospital”, comemora.

Festa - Mais que uma simples confraternização ontem, a ação ocorre em um período onde o número de doações perde força. “Em decorrência das viagens de fim de ano e viagens, infelizmente, a demanda de transfusões aumenta enquanto a frequência dos doadores, diminui. Por isso as doações não podem para, mesmo nessa época do ano”, observa.

Na ação organizada por ele, estiveram envolvidos cerca de 100 pessoas dentre funcionários, pacientes e familiares, além dos voluntários. No meio da grande sala de transfusões, uma mesa foi montada com doces, salgados e refrigerantes. 

Tudo foi doado por apoiadores do projeto e distribuído pelos enfermeiros da ala de quimioterapia, com seus gorros. Era a magia do Natal contrastando em meio a uma situação, que é sempre delicada.

“Ações como esta, além de demonstrar afeto pelos pacientes, deixa claro para eles o quanto tem pessoas que se importam”, avalia o enfermeiro Adalberto Alencar, chefe da ala de Quimioterapia.

Voluntárias doaram o cabelo para pacientes em tratamento contra o câncer.(Foto: Fernando Antunes)
Voluntárias doaram o cabelo para pacientes em tratamento contra o câncer.(Foto: Fernando Antunes)
Paula se mudou para Campo Grande, para dar continuidade ao tratamento do câncer do pai. (Foto: Fernando Antunes)
Paula se mudou para Campo Grande, para dar continuidade ao tratamento do câncer do pai. (Foto: Fernando Antunes)

Além da confraternização, pela primeira vez o hospital recebeu cinco voluntárias que doaram cabelo para pacientes em tratamento contra o câncer.

Dentre elas a jovem Paula Regina de Araújo, de 23 anos. Da cidade de Porto Velho em Rondônia, ela se mudou ainda este ano para Campo Grande com o pai, o senhor José Pedro de Araújo, de 59 anos.Diagnosticado com mieloma múltiplo, a mudança foi para dar continuidade ao tratamento ao lado dos avós e os onze irmãos do pai.

“Quando nós descobrimos juntos, o câncer, eu prometi para ele que doaria meu cabelo caso ele se curasse. Infelizmente descobrimos que o tipo dele não tem cura, mesmo assim quis manter minha promessa” contou.

Para o Professor Carlão, exemplos como o de Paula são retratos de pessoas, que assim como ele, optaram por ajudar ao próximo, mesmo nas situações mais delicadas.

“A capacidade de recuperação de um paciente com câncer é muito maior quando ela está atrelada a solidariedade dos que estão a sua volta. Em estender a mão a quem necessita e fazer o bem, efetivamente”, concluiu.

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