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Faz Bem!

E quando morre alguém que fez a bariátrica? Como fica a cabeça de quem é gordo?

Liziane Berrocal | 04/05/2015 06:56
E quando morre alguém que fez a bariátrica? Como fica a cabeça de quem é gordo?

Falar de morte é sempre muito ruim. Essa semana que passou alguns grupos de redução de estomago ficaram em polvorosa devido a morte de uma mulher que havia sido submetida à cirurgia bariátrica. Não vou entrar no mérito da questão, pois o caso dela, muito triste, envolveu muito mais do que a cirurgia.

Diariamente milhares de pessoas morrem no mundo todo, e isso é triste, mas é algo que faz parte da vida do ser humano, nascer e morrer. No entanto, toda vez que alguém morre seja durante este tipo de procedimento cirúrgico ou após a cirurgia, grandes discussões são levantadas e muitas coisas não são levadas em consideração.

Quando conversei com meu médico, Cesar Conte, sobre todo o procedimento cirúrgico, uma das coisas que perguntei era sobre os números de óbitos, os riscos e o que aconteceria se ao “me abrir” (minha cirurgia foi por vídeo, logo, não foi aberta) e tivesse algum problema.

Muito profissional ele me explicou tudo e foi além. Apontou que toda cirurgia é um procedimento invasivo, apesar de toda tecnologia que temos hoje envolve suturas internas, riscos de fístulas uma vez que o estômago é grampeado e suturado (costurado) e, se houver o rompimento desses grampos pode ter um vazamento de secreção gástrica ou do alimento para dentro da barriga ou ainda um vazamento para a pele, levando a uma infecção, e a incidência desse tipo de complicação é muito pequena, menor que 1% e imprevisível.

Eu tremi na base, em especial quando fui assinar o termo de consentimento, assinado e reconhecido firma em cartório com mais duas testemunhas onde eu estava ciente do procedimento e autorizava qualquer outro tipo de cirurgia caso fosse necessário e tudo aquilo que cerca um risco cirúrgico.

Só não fiz testamento porque não tinha bens, mas deixei todas as orientações ao meu marido e minha sobrinha sobre o que deveria ser feito caso acontecesse algo comigo, porque fui ciente e consciente sobre o que estava acontecendo.

Claro, que muitos podem dizer que é “fácil” eu estar escrevendo isto agora, já que estou viva e emagrecendo, mas não posso esquecer que já estive do outro lado história e não só vivi o medo como acompanhei a morte de algumas pessoas em decorrência da obesidade. Sim, eu falo que não é em decorrência da cirurgia e sim da obesidade, visto que se não existisse a obesidade como doença, essas pessoas não teriam morrido. Como na coluna sempre deixo claro que não temos a intenção de sermos científicos, mas como não poderíamos ter óbitos em um tipo de cirurgia que só cresce no Brasil?

Segundo dados do Ministério da Saúde (2014) o número de cirurgias bariátricas realizadas no país no ano passado aumentou em 10% e a projeção é que sejam feitas muito mais, já que de acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica Metabólica (SBCBM) Almiro Ramos há 7 milhões, isso mesmo meus amigos leitores 7 milhões de obesos que aguardam indicação da cirurgia no país, ou seja é banha pra caramba, esperando para popularmente ‘entrar na faca’ e mudar de vida.

E se até procedimento simples de extração dentária pode levar a óbito, imagine algo que mexe em tanta coisa? E requer um pós cirúrgico de cuidados especiais e que geralmente são pacientes com a saúde já fragilizada pela gordura?

Outro ponto a ser tocado é que muito se noticia sobre pessoas que morrem durante ou após a “realização do grande sonho”, mas não são noticiados nem compilados os números de mortes dos pacientes nas extensas filas da bariátrica do SUS, onde também diariamente pessoas morrem de problemas cardíacos, pulmonares entre outros devido a obesidade e suas comorbidades onde o corpo não aguente e “explode”.

Ou seja, é uma situação que se ficar o bicho come, mas se correr, a chance de dar certo é muito grande, e dependem quase 100% do paciente, desde ele escolher o médico certo, fazer um pré-operatório honesto (sim, honesto, sem falsificação de exames ou pular etapas) e bem orientado, cumprir à risca cada passo por mais bobo que seja do pós-operatório e acreditar com fé que tudo vai dar certo. E claro, a gente sabe que infelizmente, fatalidades acontecem, e fica a tristeza de pessoas que se vão...

E fica a homenagem aqueles que se foram sem realizar o sonho de vencer a obesidade...

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