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Lado B estreia na meditação em aula com famoso discípulo de Osho

Elverson Cardozo | 23/03/2015 06:12
Baskhar diz que meditação leva a outro nível de consciência. (Foto: Marcos Ermínio)
Baskhar diz que meditação leva a outro nível de consciência. (Foto: Marcos Ermínio)

Ele tem uma carreira como jornalista e assina, geralmente, como Geraldinho Vieira, mas atende, também, por Devam Bhaskar. O nome significa “Divino Deus Sol” e foi dado por Chandra Mohan Jain, ou simplesmente Osho (1931-1990), um guru indiano, tido como fundador de um movimento espiritual com características de uma nova religião, que pregava a busca da liberdade por meio da meditação e a quem ele próprio entrevistou três vezes: duas para o Correio Braziliense e uma para Folha de São Paulo.

Discípulo de Osho há pelo menos 25 anos, Bhakar viaja o País e a América do Sul para oferecer às pessoas interessadas uma meditação diferente, que demora cerca de duas horas, flui a partir do olhar e, nas palavras dele, promove uma alteração neurobiológica, acelerando assim o despertar espiritual.

Parece uma "viagem" para quem não dá valor a esse tipo de coisa, mas é a Oneness Meditation ou Meditação da Unidade. No sábado (21), Campo Grande recebeu, pela primeira vez, a visita de Baskhar, que é um instrutor de nível avançado, formado pela Oneness University, na Índia.

Depois de um dia repleto de atividades na Casa de Ensaio, ele ofereceu, ao custo de R$ 20,00 por pessoa, a meditação. Cerca de 50 pessoas participaram. O Lado B acompanhou, mas antes, bateu um papo com Bhaskar, que tem 56 anos é natural de Sergipe, mas mora, atualmente, na Chapada dos Veadeiros, em Goiás.

Paciente e muito didático, instrutor esclarece que não entra em transe, mas em um "nível de consciência muito mais expandido". (Foto: Marcos Ermínio)
Paciente e muito didático, instrutor esclarece que não entra em transe, mas em um "nível de consciência muito mais expandido". (Foto: Marcos Ermínio)

Paciente, com voz calma e bastante didático, ele explica que trabalha há 10 anos com dois avatares indianos, um homem e uma mulher, a energia feminina e a masculina.

“Ele se chama Sri Amma e ela Sri Bhagavan. Eles me iniciaram como algumas poucas pessoas no mundo, talvez não mais que 100, para oferecer essa meditação específica, que é de transmissão de energia. [...] Já passei pelo país inteiro, desde 2009, quando fui iniciado. Na América do Sul só existem 7 pessoas que fazem [isso]”, disse.

E, em outro momento, acrescentou: “Vou à Índia pelo menos duas vezes por ano para os meus treinamentos e minhas práticas. Não há nada de especial em mim, mas, por alguma razão, alguma vocação, meus mestres me escolheram, com a umas 100 pessoas no mundo inteiro, para que eu pudesse oferecer essa meditação, talvez pela capacidade de sair de mim mesmo e me permitir ser apenas um canal”.

A Oneness Meditation é diferente e é o próprio Bhaskar quem explica: “Normalmente, nas outras, você vai fechar os olhos, se concentrar em sua respiração para voltar a si mesmo. Tem mil técnicas no mundo, mas essa é feita através dos olhos. Não é de olhos fechados. É uma meditação onde você tem uma troca de energia com o meditador”, esclareceu e, para ser ainda mais claro, exemplificou:

“Quando você vai ao Candomblé, o Pai de Santo te dá um passe. Aqui é uma troca de energia. Quando você vai a uma sessão de Reik, o cara faz uma cura com as mãos. Tudo é energia. Aqui é pelos olhos”.

Para quem nunca teve qualquer contato com algo do tipo, como eu, a curiosidade faz com que a imaginação crie várias possibilidades, mas, na prática, não há muito mistério. Não no plano da razão, da minha razão, que tentou, depois, buscar uma explicação. Não foi autorizado fotografar dentro do espaço.

Como funciona ? - Após uma meditação inicial, com luzes apagadas, onde a esposa de Bhaskar, a fotógrafa Mila Petrillo, guiou o público, ao som de músicas calmas, para um relaxamento desde os pés, seguido de um mantra, ele entrou na sala, todo de branco (como Mila também estava), guiado pelas mãos da fundadora da casa, Lais Dória.

Como o semblante carregado, como se estive admirando alguma coisa, e o olhar vago, perdido, Bhaskar parecia estar em transe. À frente da plateia, composta por homens e mulheres que se dividiram entre as cadeiras e o chão, o instrutor sentou-se em um espaço preparado com velas, almofadas e flores, entre outros objetos.

Meditação da Unidade flui, segundo ele, através do olhar. (Foto: Marcos Ermínio)
Meditação da Unidade flui, segundo ele, através do olhar. (Foto: Marcos Ermínio)

Por 21 minutos, nada falou. Apenas observou, tendo, em alguns momentos, “revirado” os olhos e, em outros, fixado o olhar em determinadas pessoas. Também fez suaves movimentos com as palmas das mãos viradas para cima, como se estive ofertando alguma coisa. Alguns repetiram o gesto.

Da plateia, Bhaskar chamou um homem e uma mulher, entregou flores a eles e pareceu dizer algo. Ela, uma senhora, voltou a sentar e chorou. Ele, um homem que aparenta ter cerca de 40 anos, afastou-se lentamente, pé a pé, sem dar as costas, como que agradecendo.

Não percebi, entre os presentes, grandes reações, exceto o choro e o olhar de perplexidade frente a algo até então desconhecido. Depois desse contato visual, o instrutor passou, então, a fazer uma meditação guiada, dizendo frases como: “Agradeça pelo dia de hoje” e “não pense em nada”. Na parte final, ficou à disposição para responder perguntas e ouvir comentários.

A meditação, para mim, foi algo novo. O desconhecido, no meu caso, provocou certo desconforto. E isso talvez tenha acontecido porque não consegui, em momento algum, me concentrar ou desligar do mundo lá fora, como pedem desde o início. Fui com ideia de participar, mas, na hora, ansioso do jeito que sou, fiquei mais preocupado em ver tudo para, depois, relatar e descrever. Meu erro pode estar aí, como o próprio Bhaskar comentou antes, na entrevista.

“A primeira coisa que a gente sempre diferencia para as pessoas quando vem e não tem uma caminhada espiritual, é que isso não é um evento. Elas não vêm aqui para assistir algo, mas para entrar em um processo de interiorização. A meditação significa, em boas palavras, um olhar sobre si mesmo”.

Mudança neurobiológica - E, neste caso, o olhar acontece a partir dele, desse contato bem “olho no olho", que não chega a ser um transe, mas, segundo ele, "um nível de consciência muito mais expandido".

 “Quando eu transmito essa energia, você é lançado para dentro e vai fazer essa olhada interior. Às vezes vai se conectar com tristezas suas ou com a luz que é você, com o amor que também está dentro de você. [...] Essa meditação faz um super mergulho para dentro e você passa a ver com mais profundidade seu lado divino, mundano, rancoroso ou amoroso. É muito profunda. O curioso é que é feito a partir dos olhos. As pessoas sentam, eu sento na frente delas e, durante 21 minutos, a gente se olha nos olhos. [...] Às vezes surgem emoções como lagrimas risos ou um grande silêncio. Às vezes elas só se tocam do que aconteceu, ou sentem algo diferente, dois, três dias depois”.

 “No teu cérebro, como no meu, circulam vários tipos de energia, alfa, beta, gama, e elas se engrenam, se encaixam de uma determinada maneira. Essas energias dialogam entre si". (Foto: Marcos Ermínio)
“No teu cérebro, como no meu, circulam vários tipos de energia, alfa, beta, gama, e elas se engrenam, se encaixam de uma determinada maneira. Essas energias dialogam entre si". (Foto: Marcos Ermínio)

Isso é o que ele chama de “mudança neurobiológica”. “No teu cérebro, como no meu, circulam vários tipos de energia, alfa, beta, gama, e elas se engrenam, se encaixam de uma determinada maneira. Essas energias dialogam entre si. Eu poderia dizer, então, que o teu cérebro, assim como o meu, é o software e que, nessa altura da evolução da consciência humana, esse software tem algumas habilidades. Assim como o Word é bom para texto e tem negrito e itálico, nosso software tem algumas habilidades: comparar, julgar, competir... A humanidade tem, em geral, o software configurado dessa maneira”, diz.

A configuração atual, prossegue, é apenas um estágio evolução de consciência do ser humano. Segundo Bhaskar, é por isso que falamos tanto e amor, mas temos dificuldade para amar. É por isso que falamos em paz e temos tantas guerras no mundo. “É porque nosso cérebro, como está configurado, é competitivo, invejoso, compara e quer ser superior. [...] A gente vive em um mundo onde a colaboração entre países é um sonho. Vivemos fronteiras, separações entre ricos e pobres, brancos e negros”, esclarece.

Mas isso, completa, não é culpa de ninguém. O “software” que funciona assim. Mais para frente, quem sabe, as coisas melhoram. Por enquanto, não dá para esperar muito no nível de consciência em que a humanidade está. “Daqui um milhão de anos certamente vai ser outra história, porque é uma evolução”, espera.

A Meditação da Unidade é, nesta perspectiva, um caminho para a própria evolução. “Nos próximos dias, o que normalmente acontece, que é o que a gente tem de feedback, é que as pessoas começam a acessar duas coisas: um espaço de amor incondicional que não conhecia. Às vezes estão no meio do dia e, de repente, sem mais nem menos, o coração floresce e tem vontade de abraçar o colega. Amor acontece do nada. Mas, às vezes, aconteceu da pessoa entrar em contato com uma raiva que tem dentro, um ódio, uma inveja. As duas coisas, a sua luz e sua sombra, se mostram muito claramente nos próximos dias”, avisa.

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