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Faz Bem!

Por curiosidade, Lado B encara meditação que trabalha orgasmo como terapia

Aline Araújo | 03/07/2015 06:12
A meditação é feita em grupo e acontece às terças-feiras. (Foto: Divulgação Metamorfose)
A meditação é feita em grupo e acontece às terças-feiras. (Foto: Divulgação Metamorfose)

Se eu falo para você a palavra “Tântrico” qual a primeira coisa que te vem à mente? Sexo, certo? Nós vivemos em uma sociedade onde tudo que é ligado ao assunto é tratado como tabu. Algo que é inerente a natureza humana é considerado até profano, quando se olhado por outra ótica, é divino. Sexo é vida, prazer e saúde. Mas é claro que você tem todo o direito de discordar de mim se quiser.

A rotina de jornalista nos permite conhecer e matar muitas curiosidades, é a parte legal da profissão, e foi em uma das pautas que a gente vivencia para escrever que eu conheci a meditação tântrica, uma forma de terapia de autoconhecimento, que quem olha de fora pode até pensar que é loucura, mas para quem pratica é um exercício feito para proporcionar qualidade de vida.

“Se a gente exerce a nossa naturalidade na rua, a gente vai passar como louco, porque desde pequeno a gente é ensinado a reprimir as nossas vontades. A ideia da meditação tântrica é resgatar essa naturalidade, de uma maneira mais sutil que na massagem, onde a gente trabalha o orgasmo como forma terapêutica”, resume Ganga Pren, terapeuta tântrico do “Tantra Yoga LAB”.

A ideia do trabalho é com base na energia sexual chamada Kundalini, uma energia física, de natureza neurológica, presente em todo o corpo. “Nós temos muitas memórias, é uma forma de reprogramar a maneira de lidar com a energia sexual e renascer como um indivíduo livre”, comenta Ganga.

Ganga explica que a ideia é se reconectar com o natural. (Fernando Antunes)
Ganga explica que a ideia é se reconectar com o natural. (Fernando Antunes)

A prática - Fui à meditação curiosa para saber o que aquela experiência me acrescentaria, se é realmente possível chegar ao orgasmo em meio à uma meditação. Cheguei uma hora antes de começar para conversar com o terapeuta e entender um pouco como seria o exercício realizado ali.

"Ainda não sei o que vou fazer hoje, tudo depende do grupo", me contou. O ambiente, uma varanda ao lado do jardim, com tablado acolchoado, é bem acolhedor. Para quem é leigo, a meditação tântrica é envolta de mistério, que para entender só vivendo a experiência, pois cada pessoa tem a própria bagagem, e vai sentir aquele momento de um jeito.

Na conversa com Ganga, ele me orienta a vivenciar a meditação de maneira plena, para que eu pudesse relatar melhor. E eu sigo o conselho, tanto que são poucas as vezes que eu me desconcentro para reparar o que está acontecendo à minha volta. Tento focar em mim, com o objetivo de conseguir aproveitar as sensações da experiência da melhor maneira possível.

Na conversa ele fala um pouco sobre os atendimentos feitos no centro e como o Tantra busca conectar as pessoas à sua natureza. Um exemplo disso foi que num exercício de respiração, uma aluna conseguiu chegar ao orgasmo até com ejaculação feminina. "Ela disse que precisava fazer xixi, eu disse a ela que não tinha problemas que ela poderia fazer ali mesmo, foi quando ela sentiu o líquido e percebeu que não era urina", conta. 

Fui ciente que trabalhar a mente para chegar a um ponto tão elevado leva tempo, mas disposta a conhecer o que aquela experiência poderia me proporcionar. Então, vou relatar o que aconteceu comigo:

Minha vez - O grupo chega aos poucos, Ganga explica como vai ser a meditação do dia, tudo é sugerido na hora, de acordo com a turma que se forma. Na que eu fui, a meditação escolhida foi uma dinâmica, dos ensinamento do Osho, um guru indiano bem conhecido.

Ela foi dividida em fases, as primeiras de limpeza, para depois trabalhar a energia corporal e por último celebrar o momento. Na primeira, somos orientados a trabalhar a respiração de maneira caótica, tentando fugir de um ritmo, sempre alterando a maneira de respirar e se movimentando pelo espaço. A ideia é se concentrar na respiração e começar a limpar a mente.

Nesse momento eu tentei me desligar da Aline repórter e me concentrar só em mim, como eu poderia aproveitar a experiência. Foquei na respiração, movimentei bem os braços e segui.

O segundo momento é a hora de extravasar as sensações ruins. Fazer o que quiser, pular, gritar, xingar, por a raiva para fora levando junto as energias ruins. No começo fiquei acanhada em gritar, mas aos poucos fui me soltando. Gritei, pulei, rodei, ri e tentei agir por impulso e não pensar muito nos movimentos que iria fazer.

É difícil dizer quanto tempo demora de um exercício para o outro, porque você se concentra na atividade e perde a noção do relógio quando se entrega ao momento.

No terceiro estágio, nós colocamos as mãos para cima e nos concentramos para ativar o chacra na região pélvica. Batendo o calcanhar no chão e soltando um grito “Ru” a cada vez que os pés encontram o chão. O movimento se repete. Uma hora o cansaço incomoda, mas a ideia é mesmo chegar na exaustão. Você repete até a música pausar e o silêncio dominar o ambiente.

Nesse momento, ficamos parados para sentir o nosso corpo, na mesma posição. Nessa hora é preciso enfrentar a dor nos braços erguidos. E é ali que uma frase de Ganga fica gravada na minha memória, “a dor é irmã do prazer, você precisa escolher o que sentir”. O desafio é eliminar os pensamentos da mente e se concentrar para sentir o seu corpo.

Não é fácil, principalmente para quem não tem prática, é um exercício constante para ter o controle sobre os seus pensamentos, de escolher no que vai pensar e também de compreender quais os assuntos da vida que estão dominado a sua consciência.

A cada pensamento que vem, você tenta se concentrar para expulsar ele da sua mente e ao mesmo tempo reflete, o porque aquilo veio à tona ali. É preciso se desligar e se conectar às sensações que passam pelo seu corpo, o que não é uma tarefa simples.

Desfecho - Cada pessoa sente uma coisa. Há quem sinta angústia, prazer, alegria...  Eu me senti leve e ainda mais interessada em comandar os meus pensamentos. É difícil descrever essa sensação, mas o que posso contar é que vou voltar outras vezes, para outras meditações.

O último estágio é o de celebração, onde você dança no ritmo da música e se movimenta como quer, se você tiver vontade é hora de abraçar os colegas, agradecer por aquele que meditou com você e compartilhou essa experiência. É uma sensação tão pura de gratidão, por ter tido a oportunidade de vivenciar aquilo ali.

A meditação chega ao fim, a gente conversa um pouco sobre o que sentiu e cada um coloca o seu sapato e volta para casa. Aos poucos, o grupo dos que retornam na próxima terça vai se formando com pessoas interessadas em se conhecer melhor.

Meditação, assim como orgasmo é algo muito particular, cada pessoa sente de um jeito. As terapias tântricas ajudam a se libertar dos tabus e das amarras para sentir o orgasmo "pleno". Se é possivel gozar meditando? Eu não sei. Sei que se autoconhecer é um passo enorme na busca do prazer como qualidade de vida.

Onde encontrar? Ganga Pren é o nome usado por Júlio Marques, significa “Amor que vem do Alto” ele e a esposa Raga Prem, Gabriela Ostronoff são responsáveis pelo espaço. Os dois se conheceram na comuna do Metamorfose, um Centro de Desenvolvimento Humano com sede em São Paulo, onde decidiram trabalhar com a terapia tântrica.

Além da meditação, que acontece as terças-feiras, às 19h30, e custa R$20,00, o centro oferece outros trabalhos, como a terapia individual com massagem tântrica, onde o orgasmo é visto com finalidade terapêutica e cursos para casais. Ganga conta que o importante é procurar o centro com a intenção certa, que esses pensamentos fazem toda a diferença na hora da terapia.

O Tantra Espaço Yoga Lab, um local do Centro Metamorfose, fica em um portão estreito da rua 15 de Novembro. Os interessados em conhecer o trabalho podem entrar em contato pelos telefones 67 9949-2316 ou 67 9981-2316.

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