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Que índio é esse gente? Além do abdome tanquinho, ainda é vice-campeão mundial

Ângela Kempfer | 18/12/2015 12:04
Rocky durante os Jogos Mundiais Indígenas (Foto: Divulgação)
Rocky durante os Jogos Mundiais Indígenas (Foto: Divulgação)

“É muita saúde indígena num lugar só! Imagina esse índio fazendo chover na minha horta!” Rocky já deve ter ouvido essas gracinhas centenas de vezes. “Tem garota que fala: Ô esse índio lá em casa”, comenta o dono de um abdome tanquinho que só por Deus, viu.

O nome de batismo é bem mais elaborado: Rocleiton Ribeiro Flores. Roc é o apelido que simplificou as coisas e ajudou na fama do universitário que já ganhou título de Mister Indígena 2014 e, ainda por cima, é medalha de prata nos Jogos Mundiais Indígenas que ocorreram em Tocantins no mês passado.

O abdome trincado ele garante: “É natural”. Resultado da mistura de pai terena e mãe guarani kaiowá (que sangue heim). A malhação já não faz parte da rotina, mas os braços e pernas também continuam muito bem (obrigada!). E o melhor meninas, tudo isso fica pertinho, em Dourados, na aldeia Jaguapiru.

"Em setembro uma fotógrafa de São Paulo veio fazer umas fotos aqui em casa. Era para um projeto de universidade de São Paulo. Deve ter algum poster meu por lá", diz Rocky sobre os dotes que já devem estar rodando o Brasil.

Que abdome é esse gente? (Foto: Cassandra Cury)
Que abdome é esse gente? (Foto: Cassandra Cury)

O cara é 100% original, dispensa maquiagem de urucum. É de uma geração orgulhosa pela riqueza cultural que representa. “Quando tem algum movimento que a gente precisa se organizar, sou o primeiro a vestir o cocar e pintar a cara!”

Além do corpitcho de agitar os sentidos, o guri também é engajado gente! Um fofo.

Ele diz que nunca pensou em sair da aldeia e hoje cursa Enfermagem na Unigran, para ajudar a comunidade. “Aqui a gente ainda precisa de muita coisa e não tem como não pensar em colaborar. Penso, quem sabe, em depois fazer Medicina”, explica o caçula de uma família de 5 irmãos, filhos bem criados por Lucas e Esmeralda.

E se não bastasse tudo isso, ainda é bem humorado. “Acho engraçado que quando eu ganho nos jogos aqui da universidade, os caras que perdem sempre reclamam: Poxa, perder pro carinha da Enfermagem”, ri o bicampeão também de arremesso de dardos, salto triplo e a distância.

Além da faculdade, que termina em 2 anos, o esporte hoje manda na vida de Roc muito mais que a beleza. Mas o título de Mister serviu para melhorar a moral da tropa. “Lembro que quando comecei a desfilar, em 2011, os meninos da aldeia tinham vergonha de se pintar, de usar cocar e roupa indígena. Hoje vejo criança de 10, 11 anos se pintando com orgulho”, comenta.

Nos últimos Jogos Mundiais Indígenas, ele perdeu a medalha de ouro na prova de lança por apenas 40 centímetros. Não treinava desde que o irmão morreu, aos 37 anos, de infarto. “Ele era meu treinador, meu maior incentivador. Pensei que não ia mais disputar, mas veio o convite e resolvi ir”. Agora ele procura um treinador para retomar a seriedade na preparação.

Para quem quiser engrossar a torcida pelo Mister, vice-campeão mundial e gente boa Rocleiton Flores, a próxima competição dele será em janeiro, nos jogos de Amambai.

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