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Faz Bem!

Sim, apesar do sorriso no rosto, tenho depressão. Mas levo a sério o tratamento

Liziane Berrocal | 05/10/2015 06:56
Sim, apesar do sorriso no rosto, tenho depressão. Mas levo a sério o tratamento

Em uma sexta-feira, a gente fica pensando em tudo que passou na semana e nas coisas que pode fazer no sábado e eu chego à conclusão que sim, eu preciso assumir isso, em uma sexta-feira, véspera da minha folga, que eu tenho depressão.

Eu vivo uma angústia danada todos os dias por causa dessa doença, apesar de saber que consigo sorrir, ser feliz, brincar, dançar, correr e ainda cuidar de mim. E no meio disso tudo, tem uma coisa que se chama tratamento, que me faz levantar todos os dias, ir trabalhar, sorrir, brincar com meus dogs.

A angústia na verdade, é porque eu não posso vacilar. Levo meu tratamento muito à sério, aliás, me trato desde criança dessa doença que mata silenciosamente. E você deve estar se perguntando, porque eu, que sempre escrevo de alegria e etc., hoje estou falando disso.

Bom, o assunto é sério. Algumas pessoas ao meu redor, hoje estão em depressão e não buscam tratamento e Campo Grande tem um alto índice de suicídios, e apesar de não ter os números para apresentar para vocês, eu posso dizer que isso é muito sério.

E sabe por quê? Hoje eu estou bem, mas eu Liziane, já tentei suicídio, fiquei internada correndo risco de morrer e por meio do tratamento eu consegui superar essa doença que mata.

Diferente de uma gripe ou de uma doença ‘comum’, onde as pessoas conseguem enxergar como um sarampo. A depressão é silenciosa e ainda cercada de preconceitos, de misticismos ou do “levanta daí que fica tudo bem”.

Nem “falta de Deus” como já vi muita gente comentando ou escrevendo, em especial em redes sociais, aliás, há comprovações científicas para a ocorrência da doença nas pessoas. E é uma patologia que devemos enfrentar de mente e peito aberto, porque não escolhe idade, nem gênero, condição social ou física. Aliás, posso dizer que cientificamente, qualquer um está sujeito a sofrer doenças psicossociais, porque nesse meio aí temos a famigerada síndrome do pânico, e acredite, eu, que hoje escrevo para vocês, já fiquei mais de um ano sem sair de casa, simplesmente porque tinha medo, pavor, pânico de algo que eu não sabia o que era e que me prendia em um mundo terrível.

Só que acredito que sim, é possível ser feliz com a depressão, se buscarmos o tratamento correto e saber o que acontece dentro da gente. Eu vivo hoje de olho em minhas reações, com acompanhamento médico (apesar das dificuldades que há, o SUS tem esse tipo de atendimento sim, sempre fui atendida pelo SUS!), acompanhamento medicamentoso que me faz ter uma vida normal, onde saio para trabalhar, saio para me divertir e venço os meus medos todos os dias. E isso foi um fator decisivo para o sucesso da minha cirurgia bariátrica e meu emagrecimento.

Então, qual a diferença entre quem tem depressão e vive assim e quem tem depressão e vive trancado dentro de casa? Simples, a busca pelo tratamento. Então, se você acha que precisa de ajuda, ou mesmo seus amigos começam a perceber que você precisa dessa ajuda, busque.

Psiquiatra não é médico de louco, e sim um profissional necessário para que possamos ter mais qualidade de vida, e psicólogo não é alguém que vai ficar ali só te ouvindo e dizer “aham” como já ouvi alguém falando. Minha psiquiatra Nathalia é uma ‘menina’ de um profissionalismo incrível e minha psicóloga Eliane Nichikuma é alguém que só tenho agradecer por estar na minha vida. Tanto elas quanto dr. Luis Carlos Valin e Wilson Matsumoto que também já foram meus médicos, quanto meu antigo psicólogo Mauro Corsini, que foi essencial em um momento tenso da minha vida que eu pensei que iria surtar!

Eu vou à psicóloga desde os oito anos e me sinto sim, uma pessoa que se conhece melhor graças a isso. E posso confessar, palavra forte, como se fosse um crime, tamanho é o preconceito na sociedade, que vou ao psiquiatra desde os 15 anos, porque foi extremamente necessário e aliás, vital para mim. E depois da bariátrica, ficou mais necessário ainda e inclusive com uso de medicamentos, porque eu emagreci, mas não deixei de ser ansiosa.

Hoje, escrevo essa coluna agradecendo minha mãe, que sempre foi a tempo do seu tempo e não se furtou de me levar para tratamento, quando eu era ainda criança. E sim, tratamento de depressão não é coisa de gente louca e sim de gente que precisa de ajuda.

E se você precisa de ajuda, acredite, você pode encontrar!

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