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Sabor

Ao lado do Mercadão Municipal, barraca de acarajé lembra os sabores da Bahia

Elverson Cardozo | 07/01/2013 06:58
Há 6 anos com a barraca ao lado do Mercadão Municipal, baianas conquistaram freguesia. (Foto: Elverson Cardozo)
Há 6 anos com a barraca ao lado do Mercadão Municipal, baianas conquistaram freguesia. (Foto: Elverson Cardozo)

Há 6 anos os sábados não são mais os mesmos em uma das ruas laterais do Mercadão Municipal, ponto turístico de Campo Grande. A Bahia, com seus encantos, se instala ali, em uma singela barraquinha de Aracajé. A visita dura pouco. Começa às 9h e termina ao meio dia, mas o movimento, nesse período, aumenta consideravelmente.

A presença é de clientes. Alguns antigos, que aprenderam a gostar do tempero forte e não dispensam mais o “bolinho” feito com massa de feijão branco, frito na hora com azeite-de-dendê, um óleo forte, consistente, originado do fruto da palmeira.

Outros são novatos, curiosos, acostumados ao churrasco com mandioca, mas que param para experimentar a iguaria que leva vatapá – uma espécie de polenta feita com pão -, camarão, vinagrete e pimenta.

- O que é isso aí?, questionou um senhor que havia parado no local pela primeira vez.

- É acarajé. Lá da Bahia, respondeu a baiana bem humorada, de sorriso aberto.

A vontade do cliente era experimentar a receita de graça, mas como não houve acordo ele resolveu comprar. Gastou. Gostou. Prometeu voltar. “Uma cervejinha bem gelada e uns 2 desses eu estou almoçado”, disse o aposentando Geraldo Almeida Franco, de 67 anos, logo depois que provou o acarajé feito na hora.

Geraldo Almeida provou o acarajé pela primeira vez. (Foto: Elverson Cardozo)
Geraldo Almeida provou o acarajé pela primeira vez. (Foto: Elverson Cardozo)
Izabel Nuha é cliente antiga e aprova o tempero. (Foto: Elverson Cardozo)
Izabel Nuha é cliente antiga e aprova o tempero. (Foto: Elverson Cardozo)

Japonesa, a vizinha do lado, Izabel Nuha, de 84 anos, não deixa de comer. Um, para ela, também é suficiente para substituir o almoço. “É muito bom”, resume.

Comerciante, proprietária de uma casa de jogos localizada na mesma rua, Ivonete Silva, de 47 anos, confirma o sucesso que a barraca faz até com quem tem um pé no oriente: “De vez em quando uma ‘japoneisada’ aqui”.

Natural do Rio de Janeiro, a pedagoga Rogéria Sampaio, já conhecia o gosto do acarajé. A culinária baiana sempre agradou. Foi fácil virar cliente fiel. “Sábado eu acordo pensando na Baiana”, disse, caindo na gargalhada.

- Ôh, meu amor, vê uns 4 desse negócio aí para mim. Capricha. Vinagrete eu como em casa. Camarão não, disse assim que chegou, recomendando o pedido.

“Sou do Rio de Janeiro. Lá é muito comum na praia. É uma delícia. Adoro essas iguarias baianas deliciosas”, revelou, durante entrevista.

As irmãs baianas: Elizete (de amarelo) e Leni. (Foto: Elverson Cardozo)
As irmãs baianas: Elizete (de amarelo) e Leni. (Foto: Elverson Cardozo)

É sempre assim. Não são todos que gostam, claro, mas quem prova geralmente volta. A garantia vem das baianas, responsáveis pelo negócio. Elizete Maria Bonfim de Jesus, de 47 anos, trabalha como operadora de loja em um hipermercado.

Aos finais de semana, ela põe a mão na massa com a irmã, Leni Silva, de 63 anos, baiana legítima, que faz questão de usar o turbante. As duas aprenderam ofício em casa. É tradição de família. Em Salvador, a maioria dos parentes ainda mantém as barraquinhas.

Elizete chegou a Campo Grande 12 anos. Veio para trabalhar em um restaurante especializado em comida baiana, mas o espaço fechou e ela resolveu investir na banca com a irmã. Está dando certo. A possibilidade de ampliar o negócio, escolher um ponto melhor, já foi cogitada.

Onde estão, na calçada, em frente a uma loja de artigos religiosos, está dando resultado, mas a visibilidade poderia ser melhor. A sugestão é dos próprios clientes, que querem ver as irmãs crescerem.

Barraca perde em visibilizadade, mas os clientes são fiéis. (Foto: Elverson Cardozo)
Barraca perde em visibilizadade, mas os clientes são fiéis. (Foto: Elverson Cardozo)
Aos sábados, a procura pela iguaria baiana é grande. (Foto: Elverson Cardozo)
Aos sábados, a procura pela iguaria baiana é grande. (Foto: Elverson Cardozo)

O colaborador da empresa que cedeu o espaço e ainda guarda os materiais de trabalho das irmãs se diz feliz com o sucesso delas. Para Geraldo Gonçalves Siqueira, de 35 anos, o acarajé feito ali, na porta da loja, funciona como marketing.

“A comida baiana tem muito a ver com a religião e com os artigos de algumas que vendemos aqui, como o candomblé”, explicou.

Na rua, sem concorrência direta, Leni e Elizete continuam a conquistar a clientela, que só aumenta a cada sábado. A proximidade com o Mercadão, onde o tradicional pastel é vendido, não assusta nenhum pouco, pelo contrário.

Os clientes, que acabaram virando amigos, não abandonam mais as duas, muito menos o acarajé feito por elas. Mas, aqui na terra aonde um dos pratos principais vem da cultura gaúcha, vender o “bolinho de feijão” é uma desafio, a começar pelo comportamento fechado do campo-grandense.

“Eu ainda vou arrumar uma chave para abrir cada um porque é complicado”, brincou Elizete.

Acarajé é feito com massa de feijão branco e leva camarão, vatapá e vinagrete. (Foto: Elverson Cardozo)
Acarajé é feito com massa de feijão branco e leva camarão, vatapá e vinagrete. (Foto: Elverson Cardozo)

Onde encontrar? – A banca fica na calçada da loja Luz Divina, localizada na Travessa José Bacha, quase esquina com a rua 7 de setembro, ao lado do Mercadão Municipal de Campo Grande. O acarajé tem preço único. Custa R$ 5,00.

Encomendas podem ser feitas todos os dias pelos telefones (67) 8102-1154 e/ou 9208-0775.

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