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Sabor

Após 26 anos separados, bares irmãos voltam a funcionar num "Paulão" só

Paula Maciulevicius | 02/01/2014 06:27
O bar não tem nome e nem fachada e era mais conhecido como Paulão 2 ou Paulão do Luisão.  (Fotos: Marcos Ermínio)
O bar não tem nome e nem fachada e era mais conhecido como Paulão 2 ou Paulão do Luisão. (Fotos: Marcos Ermínio)

Um dos bares mais tradicionais de Campo Grande encerrou as atividades no último sábado. Na rua Cândido Mariano, do lado do Hospital do Coração, Luisão fechou as portas do boteco para se aposentar. O que chama de aposentadoria é dividir o balcão com o irmão, Paulão, na Dom Aquino. Depois de 26 anos trabalhando com bandejas separadas, os irmãos voltam a atender numa mesma calçada.

O bar não tem nome e nem fachada e era mais conhecido como Paulão 2 ou Paulão do Luisão. Isso por ter aberto, na Cândido Mariano, dois anos depois do boteco da Dom Aquino. Irmãos, Luisão e Paulão, tem a profissão de donos de bar no sangue. O pai deles, hoje com 83 anos, comprou um bar quando Luisão tinha 1 ano.

Luisão na verdade se chama Luís Paulo Melo Borini e tem 56 anos. Sempre sorridente, neste último sábado de funcionamento a expressão já era de saudades. O bom atendimento dessa vez estava diferente. Os bares não costumam vender os vasilhames sem que os clientes tragam outro para a troca. Quando perguntei se não dava mesmo para levar a tubaína de garrafa mais gostosa da cidade, ele respondeu “sabe por que você vai poder levar? Porque hoje é meu último dia aqui”.

Ele contou que a ideia era de trabalharem juntos novamente. Os planos começaram há cinco anos numa conversa que foi esquecida, mas retomada nos últimos seis meses.

Luisão na verdade se chama Luís Paulo Melo Borini e neste sábado já sentia saudades do bar.
Luisão na verdade se chama Luís Paulo Melo Borini e neste sábado já sentia saudades do bar.

“Vamos dividir as atividades nossas num só, uma espécie de aposentadoria. Nossos pais moram com a gente e estão velhos já e a gente vai ficar perto deles”, explica. Os motivos estão baseados no cansaço mesmo. Ele assegura que os dois têm lucros, mas a disposição agora é para manter um só.

“Já bateu, são 55 anos de bar”, brinca. O boteco “Paulão” existe desde 1972, ainda em Fátima do Sul, cidade natal dos irmãos que depois vieram para Dourados até chegar à Capital.

Pergunto se do bar da Cândido Mariano vão ficar saudades. Ouço a resposta acompanhada de um sorriso de dever cumprido. “Muita. Aqui tenho grandes amigos, sabe aquela de cliente amigo? A pessoa vinha, daí casou e hoje vem com os filhos. É uma vida toda”, define.

A partir do dia 2 de janeiro, Luisão vai tocar o bar de dia, com café da manhã, salgados, sanduíches, refeição e Paulão, fica responsável pela noite. “Vai ter do cafezinho, até a pizza”, comenta. Além, claro, da feijoada de todo sábado.

Da clientela dali, ele acredita que 30, 40 % acompanhe a transição. “Teve gente que até ficou brava, eles sentem um pouco também”, diz.

E onde até este sábado funcionou o bar, em 2014 será uma casa de joias. Luisão repassou o ponto à uma joalheria, o imóvel em si, também já havia sido vendido e transformado em apartamento para os filhos.

O bar do Paulão será tocado pelo irmão, Paulo, durante as noites.
O bar do Paulão será tocado pelo irmão, Paulo, durante as noites.
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