ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 26º

Sabor

Brasileira e italiano se apaixonaram em Campo Grande e vivem de fazer geleias

Paula Maciulevicius | 23/09/2014 06:22
Juntos, Ana e Toni somaram o amor um pelo outro e a paixão pela cozinha, multiplicando o resultado em potes de geleia e conservas. (Foto: Marcelo Callazans)
Juntos, Ana e Toni somaram o amor um pelo outro e a paixão pela cozinha, multiplicando o resultado em potes de geleia e conservas. (Foto: Marcelo Callazans)

Ela é nascida e criada aqui. Ele veio da Calábria, região sul da Itália e viajou pelo mundo. Juntos, os dois somaram o amor um pelo outro e a paixão pela cozinha, multiplicando o resultado em potes de geleia e conservas. Há seis meses, Ana Priscila e Toni criaram a "Fatto in Casa", especializada em geleias finas, conservas, massas, pães e sobremesas italianas, em Campo Grande.

Os dois se conheceram no Shopping Campo Grande, em 2004. Ele era DJ e estava com um amigo sul-mato-grossense de visita ao Estado para conhecer Bonito. "Mas daí ele conheceu a bonita e nem foi pra lá", brinca Ana Priscila Vitorino Sara, de 31 anos.

Toni fala português com fluência, à época ele já nutria um amor pelo Brasil e em três semanas pediu a campo-grandense em casamento. Ela aceitou. Eles se mudaram para a Itália no ano seguinte, onde Ana aprendeu o valor que o italiano dá à "cucina" e à "tavola".

Uma das variadas opções de geleias, de damasco e maracujá. (Foto: Marcelo Callazans)
Uma das variadas opções de geleias, de damasco e maracujá. (Foto: Marcelo Callazans)

As conservas eram feitas seguindo a tradição da família. A lembrança que ficou dos tempos de moradia na terra dos sabores foi da cantina da casa da tia de Toni. Uma espécie de dispensa onde se armazena vinhos e as conservas. Toni abre um parêntese para explicar a cultura. "Temos as estações bem definidas. Só há a Primavera e o Verão para a safra, neste prazo que se preparam as conservas para enfrentar o Inverno todo. É a cultura da formiga", compara.

De volta ao Brasil, eles compraram uma propriedade em Rochedo e iniciaram o plantio. "Tudo começou com um pé de mixirica, era muito, eu comecei a trazer e ela passou a fazer geleia", conta Toni.

As receitas são originais da família e adaptadas dentro do que a culinária brasileira e regional têm a oferecer. Há seis meses, Ana Priscila começou os doces apenas com o intuito de dar fim às mixiricas. Mas as compotas ganharam os sabores de manga e gengibre, toque dado por ela à fruta. Um amigo pediu de presente e ela atendeu. Ele acabou fazendo propaganda onde trabalhava até que a jovem resolveu fazer e por à venda.

Em casa, a culinária era dividida entre ele e ela. Toni era o salgado e Ana os doces. O casal se completa até nisso. A experiência de formação de chef de cozinha ajudou o italiano, mas o paladar exigente foi fundamental. A regra é não vender o que eles não comeriam. Nesta segunda-feira, eles receberam o Lado B com uma mesa posta para o café da manhã: pão romano feito de farinha integral e gergelim e uma variedade de geleias e conservas que era difícil escolher por onde começar.

Receitas são originais da família e adaptadas à culinária brasileira. (Foto: Marcelo Callazans)
Receitas são originais da família e adaptadas à culinária brasileira. (Foto: Marcelo Callazans)

"Essa terra aqui do Mato Grosso do Sul dá oportunidade para que o mercado seja explorado, é uma região muito propícia para o desenvolvimento da gastronomia", avalia Toni.

As ideias da receita da "mama" foram ganhando retoques de Ana dentro da linha orgânica. A propriedade em Rochedo, intitulada "Ranch Cabaloi", produz praticamente toda matéria-prima. O cardápio é variado e oferece opções para todos os gostos. As conservas são de tomate seco, tomate seco com anchovas, beringela, pesto, patê de azeitonas com amêndoas, molho de pimenta picantíssimo, funghi e por aí vai.

"Os antepastos, na Itália são as entradas e dependendo da combinação podem substituir o primeiro prato. É para beliscar, cutucar o apetite, a gente usa a expressão: "la appetite viene mangiando", resume Toni.

As conservas ainda são versáteis, o tomate seco pode ser usado na pizza ou na brusqueta. A produção pode levar até três dias, o que justifica um preço que não chega a ser alto, e sim justo pela qualidade do produto. "A beringela, se tira a casca, corta em fatias, ela oxida. Deixa na água, depois no sal para ela perder a água natural. Depois vai no vinagre, onde ela é curtida", relata Toni.

Dentro do equilíbrio para não custar caro e nem barato que interfira na qualidade dos produtos, eles vendem as compotas a R$ 15. "A gente preza pela qualidade, não tem conservantes. Eu colho e vem diretamente para a produção. É do pé à mesa, usando a integração entre produtos brasileiros e técnicas italianas", afirma o italiano.

Entre os doces, Ana Priscila enumera geleias de frutas vermelhas, damasco e maracujá, pera, limão siciliano e fava de baunilha, maçã, pimenta e ponkan, cramberry e morango, geleia de caqui e limão e outras tantas. As receitas vão de acordo com a criatividade e o sentimento dela.

Os sabores são todos feitos sob encomenda e podem durar por anos, desde que fechadas e bem armazenadas. No caso das conservas, sempre manter o óleo de azeite acima cobrindo os ingredientes.

A tradução de "Fatto in Casa", fala por si só, em toda reportagem: feito em casa, a empresa quer servir receitas italianas com sabores nossos para um paladar que está se tornando exigente. Ana e Toni colocam o mesmo amor que têm um pelo outro à mesa. "Se eu passo a receita, você não é capaz de fazer", brinca o italiano. Ana emenda que é "paixão". A Fatto in Casa está no Facebook e o contato para encomendas é o 9116-1735.

Os sabores são todos feitos sob encomenda e podem durar por anos, desde que fechadas e bem armazenadas. (Foto: Marcelo Callazans)
Os sabores são todos feitos sob encomenda e podem durar por anos, desde que fechadas e bem armazenadas. (Foto: Marcelo Callazans)
Nos siga no Google Notícias