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Sabor

Casa une "cangaceira" e índio para criar 30 sabores de tapioca no Parati

Paula Maciulevicius | 29/09/2014 08:45
Há duas semanas, eles abriram um ponto fixo onde hoje é considerado um polo gastronômico. (Foto: Klebson Bosque)
Há duas semanas, eles abriram um ponto fixo onde hoje é considerado um polo gastronômico. (Foto: Klebson Bosque)

A paixão por Campo Grande e a tradição falaram alto quando a piauiense Cristiane e o paraense Klebson decidiram que poderiam tocar a vida vendendo a receita da família: tapioca. A história dos dois está ilustrada desde a fachada da casa, na Rua da Divisão, no bairro Parati, na Capital. A cangaceira e o índio são a reprodução das raízes do casal que hoje estampam com cor e sabor a "Tapiocaria do Bosque".

"Ele que é do Bosque, todo mundo chama ele de Bosque, como fala Souza, sabe? A gente não tinha nome da tapioca, os clientes que falavam, a tapioca do Bosque e ficou", conta Cristiane Mendes de Andrade Bosque, 38 anos. De sotaque arretado ela volta no tempo pra contar como tudo começou.

O casal trabalhava numa construtora, chegou em Campo Grande em 2004 e se apaixonou pela cidade. Quatro anos depois foram transferidos para Sorriso, no Mato Grosso, onde a vontade de voltar foi tamanha a ponto de eles procurarem no que poderiam trabalhar.

O "estalo" veio quando os dois participaram de uma festa para arrecadar fundos para a igreja da cidade. Como há muito tempo já faziam tapiocas para as visitas, resolveram a apostar no prato. "Foi um sucesso, a gente vendeu tudo", recorda.

Com a aprovação do público, ainda no MT, veio o "sinal" de que este poderia ser o empreendimento dos dois. (Foto: Marcelo Victor)
Com a aprovação do público, ainda no MT, veio o "sinal" de que este poderia ser o empreendimento dos dois. (Foto: Marcelo Victor)

Com a aprovação do público, veio o "sinal" de que este poderia ser o empreendimento dos dois. "Lembramos da receita da avó dele, que criou os filhos vendendo tapioca". Índia, o sabor que hoje eles imprimem na marca, vem do passado.

A primeira coisa foi pegar o roteiro das feiras da cidade e pontos onde podiam trabalhar o "food truck", a comida de rua. No porta-malas do carro, eles montaram um kit para sair vendendo ao público. Aos finais de semana saíam por aí, de segunda a sexta, mantinham-se dentro do calendário das feiras.

De volta ao Mato Grosso do Sul em 2012, implantaram aqui o que foi "piloto" no estado vizinho. Num Uninho faziam a comida de rua em feiras e na região do Parque das Nações Indígenas.

Há duas semanas, eles abriram um ponto fixo onde hoje é considerado um polo gastronômico. A Rua Da Divisão, no Parati, já foi inclusive matéria de Sabor no Lado B, mas volta à tona agora para mostrar o comércio novo. "Uma amiga veio para cá e viemos atrás dela. Eu acho pequeno para o que eu quero fazer, mas de começo, está bom. Quero remeter aqui ao Nordeste", conta Cristiane.

Casa abre de terça a domingo, das 17h às 23h. (Foto: Klebson Bosque)
Casa abre de terça a domingo, das 17h às 23h. (Foto: Klebson Bosque)

A fachada é arte do grafite de Guto Naveira e imprime parte do verde da região Norte e o árido do sertão nordestino fica por conta dos cactos.

O cardápio tem mais de 30 sabores de tapioca e outros 10 gourmets ainda serão incorporados nos próximos dias. O carro chefe da casa, na seção de salgados, é a carne seca, feita por eles mesmos. "Não é charque não. É feito de picanha", destaca Klebson Bosque, 39 anos.

Quando a ele é dado voz, o paraense descreve que sua lembrança de infância é esta que hoje ele protagoniza. "Uma das imagens que eu lembro é da minha avó fazendo tapioca, com ela que eu aprendi".

A comida é de origem indígena, usada muito antes de ser considerada pelos nutricionistas como alimento de baixa caloria. "O que mais tem hoje são chefs de cozinha renomados aí estudando e pesquisando a área da tapioca. Hoje ela está na moda por ser sem glúten, só agora que as pessoas estão conhecendo a tapioca mas desde muito tempo se come", observa Cristiane.

No organismo ela provoca saciedade, tem baixa caloria e é considerada saudável. Pode substituir o carboidrato e combina com inúmeros ingredientes. Assim como o menu da Tapiocaria.

As opções envolvem presunto e mussarela com adicional de catupiry, que acrescido orégano e tomate viram também o sabor de pizza. De frango é possível misturar os ingredientes com mussarela e catupiry. Três tipos de sabores com calabresa e lombo, além de combinações de tomate seco.

A especialidade da casa, é a carne seca com mussarela e de doces, coco e leite condensado, doce de leite, goiabada e mussarela e chocolate com ovomaltine. Os valores começam em R$ 5 e vão até R$ 8.

O casal permanece lá e cá. A tapiocaria abre de terça à domingo, das 17h às 23h, mas de quarta a sexta, eles se dividem e um sai na Towner para fazer feira no Jardim Panamá, na quinta é a vez das Moreninhas e sexta no Parati. Sábado e domingo, a comida de rua vai até o Parque das Nações Indígenas.

O conceito é aplicado à risca pelo casal. "Pode se relacionar a qualquer carro. A minha é uma das primeiras daqui de Campo Grande, fiz meu kit todo em inox e está certinho com os bombeiros", reforça Cristiane.

Por enquanto eles pretendem seguir nos dois rumos, fixo e ambulante, até para não deixar na mão quem cobra a presença das feiras. Mais para frente, segundo o casal, novas receitas devem entrar puxando para a culinária do Norte. Mas isso aí fica para uma próxima matéria. A Tapiocaria do Bosque está na Rua da Divisão, 482 no bairro Parati.

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