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Sabor

Há 3 décadas churrascaria serve kibe cru com mandioca e farofa com tabule

Paula Maciulevicius | 16/01/2014 06:50
Do kibe cru à picanha. Churrascaria mistura Líbano e Brasil à mesa. (Fotos: Cleber Gellio)
Do kibe cru à picanha. Churrascaria mistura Líbano e Brasil à mesa. (Fotos: Cleber Gellio)

O cheiro do churrasco a gente sente antes mesmo de chegar ao endereço. Há quase três décadas, a combinação Brasil-Líbano chegou à mesa do Manura, na avenida Mato Grosso. De início era para ser apenas a comida árabe, mas para manter o movimento em alta, o jeito foi acrescentar a picanha ao cardápio.Do

O restaurante mantém a tradição de servir em família. Tapetes à venda na parede e um cardápio com o melhor da comida árabe e o churrasco gaúcho, além de manter a mesma equipe de funcionários há mais de 10 anos. O dono, Munir Saad, aquele senhor que hoje tem os cabelos totalmente brancos não parece, mas chegou aos 70 anos, cumprimento a clientela de mesa em mesa e perguntando se está tudo bem.

A fachada antiga era com letreiro em vermelho e azul, hoje substituída por uma faixa com o nome Manura churrascaria e comida árabe. A decoração por dentro anda simples, os tapetes que sempre ocuparam as paredes ainda não chegaram do Bazar Irã. Mas em breve voltam a ser ofertados ali. “Aqui já vendeu mais do que na loja que eles tiveram no shopping”, recorda Munir.

O restaurante abriu as portas em março de 1987. Como fogo de palha, já era daquela época o costume de lotar o que é novo na cidade. Mas passado um mês, a cunhada alertou Munir, de que se não colocasse churrasco, ia ter que fechar.

Munir pai e Munir filho. Churrascaria mantém tradição do trabalho em família desde o início.
Munir pai e Munir filho. Churrascaria mantém tradição do trabalho em família desde o início.

“Fiquei pensando como é que eu vou servir kibe cru com mandioca? E tabule com farofa? Mas graças a Deus, passaram 27 anos do Manura, que eu acredito que tenha bastante sucesso”, conta Munir.

Os clientes não acharam tão estranho quanto o dono. Tem quem cometa, talvez um crime, de juntar mijadra com picanha, coração de frango e coalhada. O buffet é tão variado de kibes, esfihas, charutos, que é difícil escolher se vai de comida árabe, ou de churrasco.

Nascido no Líbano, preparar a carne não foi o mais complicado. “O churrasco não é o difícil, você tem que gostar daquilo que faz, ter aptidão e conhecimento de causa, para que na falta de um funcionário, você faça sabendo mais do que ele”, completa Munir.

De restaurante ele só conhecia do portão para fora. Mas o dia-a-dia foi o melhor mestre. Quando se fala na culinária árabe, a relação é de trabalho artesanal, que no Manura sempre foi desenvolvido pelas mãos da esposa e da sogra de Munir.

O lugar também é um dos poucos que preserva os mesmos funcionários há tanto tempo. Os garçons mais antigos são xarás, José Antônio e José Leite, que entre idas e vindas somam mais 18 e 14 anos respectivamente. Eles podem até não saber o nome de todos os clientes, mas quem senta à cadeira do Manura sabe o nome deles.

Um dos pontos do lugar é manter a mesma equipe por décadas, como os garçons José e José Leite.
Um dos pontos do lugar é manter a mesma equipe por décadas, como os garçons José e José Leite.

O garçom mais velho, ‘seo’ Adão, se aposentou em 2013, aos 70 anos devido a problemas de saúde. Trabalhou na casa por duas décadas. O montador dos pratos, é o mesmo de o início. Então, não estranhe a coincidência de ser exatamente igual a sequência e os detalhes dos pratos no buffet.

“Às vezes aparece gente que se mudou de Campo Grande, mas vem e fala está do mesmo jeito. A gente responde que quem prepara está aqui há 27 anos”, explica o filho do dono, Munir Saad Junior, de 30 anos.

O rapaz que foi criado no restaurante hoje toma parte da administração. Depois de 10 anos trabalhando numa multinacional, deixou o emprego para se dedicar ao que aprendeu a fazer desde cedo, gerenciar a churrascaria. “Fomos criados aqui dentro, a família toda. Sempre gostei muito e chegou o momento oportuno”, avalia.

Mas a entrada do filho não significa aposentadoria para o Munir pai. “Eu saio de casa e o carro vem direto para a porta do Manura”, o comentário soa como justificativa de quem toca a vida, no automático, naquele endereço.

Munir veio de Francisco Alves, cidade do interior do Paraná. Comprou o terreno onde ergueu o restaurante em 1986. Antes era um botequim ao ar livre. O sinal de que devia abrir espaço para a culinária árabe veio de uma visita à lanchonete de Elias Dibo. Era um domingo e ele chegou às 19h, mas só conseguiu comer perto das 23h. “De tanta gente que tinha, e aquilo me entusiasmou”.

Se não tivesse aberto a churrascaria, provavelmente teria entrado para a política, não por ter vocação ou querer, mas por ser, à época, considerado um nome de consenso e a chave para a resolução das questões políticas de Francisco Alves.

Por sorte, ou por destino, quem agradece hoje é o paladar campo-grandense. Num só lugar, Munir juntou a dedicação do trabalho em família, com kibe cru, mandioca, farofa e vinagrete. Tudo de primeira e feito com gosto de quem quer servir bem.

O nome “Manura”, vem do apelido carinhoso que Munir tem. Na cultura popular árabe, é como se este fosse um diminutivo, mas o mais carinhoso possível, pronunciado apenas por familiares e amigos íntimos.

Para que não conhece, a churrascaria fica na avenida Mato Grosso, entre a Rui Barbosa e a Pedro Celestino e funciona de segunda a segunda, no horário do almoço.

e mesa em mesa e perguntando se está tudo bem.A fachada antiga era com letreiro em vermelho e azul, hoje substituída por uma faixa com o nome Manura churrascaria e comida árabe.
e mesa em mesa e perguntando se está tudo bem.A fachada antiga era com letreiro em vermelho e azul, hoje substituída por uma faixa com o nome Manura churrascaria e comida árabe.
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