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Sabor

Lambreado: um bife à milanesa carregado de cultura da fronteira

Ângela Kempfer | 12/02/2013 07:30
Dona Estácia prepara a massa do Lambreado, na barraca de feira.
Dona Estácia prepara a massa do Lambreado, na barraca de feira.

A receita não é muito diferente do bife à milanesa tradicional. A carne também é empanada em ovos e trigo. A única alteração na lista de ingredientes é o leite.

Mas a principal diferença é o que o ”Lambreado” carrega da cultura da fronteira e significa para a cidade de Porto Murtinho, na beira do Rio Paraguai, a 431 quilômetros de Campo Grande.

Na feira municipal, as madrugadas são de Lambreado. A carne, acompanhada pela mandioca, é o prato mais pedido depois das noites de Carnaval, por exemplo. Uma injeção de ânimo após o samba.

A Portofolia movimenta a cidade durante 4 dias e lota as barracas da feira, transformando o Lambreado em prato oficial do Carnaval por aquelas bandas sul-mato-grossenses, assim como já ocorre durante a festa dos touros, no Festival Internacional de Porto Murtinho.

O prato ganhou página no quase finado Orkut, agora tem perfil no Facebook e veio parar em Campo Grande no cardápio do Bar Toca dos Murtinhenses. E assim a gastronomia tradicional é divulgada fora do município.

Dona Estácia come Lambreado desde que se entende por paraguaia. Nascida em uma colônia a 7 horas de barco de Murtinho, do outro lado da fronteira, ela aprendeu com a avó a fazer o prato tradicional.

“O bom de comer é no café da manhã”, recomenda com sotaque pesado do Paraguai, mesmo depois de 25 anos em Murtinho.

Hoje, aos 53 anos, ela já criou os 7 filhos e continua a cozinhar para ganhar dinheiro na feira. Passa madrugadas e manhãs fritando o bife e ensina: “A carne é coxão mole e para cada quilo de trigo, são 4 ovos e um pouco de leite, até dar a liga”.

Em tempos de festa, às 3h da madrugada, a barraca fica lotada, conta Estácia, de gente que é “criada no Lambreado”, mas também de turistas que vão chegando pelo cheiro ou pela propaganda.

Por R$ 4,00, o cliente fica satisfeito, conta a servidora estadual de Campo Grande, Ana Amélia Rocha, que soube do Lambreado pelos amigos da fronteira. “Pode até parecer com o nosso bife a milanesa, mas tem um tempero diferente que deixa o prato muito mais gostoso”, comenta.

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