ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 29º

Sabor

Na cozinha com bisneta 80 anos mais nova, Fidelina leva adiante receita de nonna

Paula Maciulevicius | 11/07/2016 07:10
Neta aprende as receitas da avó, 80 anos mais velha. (Foto: Fernando Antunes)
Neta aprende as receitas da avó, 80 anos mais velha. (Foto: Fernando Antunes)

São oito décadas que separam a primeira da terceira geração dos Santin. Dona Fidelina tem 89 anos e vê com gosto a bisneta de 9, Mariana, aprender suas receitas. Mais que ocupação e diversão para a senhorinha, é também um alento saber que a massa italiana aprendida com a mãe passará adiante. 

Dona Fidelina tem os olhos na ponta dos dedos. É assim que explica a quem lhe pergunta como foi costurar e cozinhar durante tantos anos sem enxergar direito. Em consequência da toxoplasmose tida na adolescência, Fidelina é quase cega. E suas receitas, não vem do papel. "Para escrever, até escrevo, mas depois não leio. Então é tudo de cabeça. É fazendo que se aprende", explica Fidelina Santin.

Nascida no Rio Grande do Sul, neta de italianos, ela carrega e coloca o sotaque gaúcho em cada palavra ou expressão. O aprendizado na cozinha veio da grande mestra, sua mãe. "Uma cozinheira..." diz como quem quer falar "daquelas" ou de "mão cheia". 

Na cozinha, tudo é especialidade da dona Fidelina. (Foto: Fernando Antunes)
Na cozinha, tudo é especialidade da dona Fidelina. (Foto: Fernando Antunes)

E não tem nada no fogão que não seja especialidade da bisavó. "Tudo que é negócio de massa, de carne, não tem para ninguém" brinca modestamente. Mas do negócio que hoje vende suas receitas como encomenda, ela se esquiva e diz que dali é só a "mentora. Ou metida mesmo". No menu, as opções vão do fettuccine, rondelli, canelone, tortéi, lasanha, entre outras massas coloridas. 

Dos seis filhos, nasceram 13 netos e nenhuma das gerações têm a aptidão para a mesa. O talento só foi despontar mesmo na bisneta, fazendo assim se calar o receio que ela tinha, de que quando partisse, levaria junto todas as receitas. 

A filha de Fidelina e avó de Mariana, Rosana Santin, entrega que a família sempre se reuniu para fazer massa. Ela, no caso, para comer mesmo. Sem a mesma paixão que mãe e neta pela cozinha, ela aproveita para degustar o que sai das quatro mãos. 

Dona Fidelina já passou por três infartos, tem dificuldade para andar e não dormia bem. Voltar para a cozinha como uma tarefa profissional a fez remoção pelo menos 30 anos, garantem as filhas.

As receitas viraram negócio quando a tia Marcia Hanisch, e a avó de Mariana, Maria Solange Verengia Pedro, - que não têm parentesco sanguíneo com Fidelina, resolveram abrir para encomendas. "Ela não ganha nada, mas dorme a noite toda", brinca Rosana. 

Mariana é pequena, mas ágil nos dedinhos e tem os olhos atentos a tudo que a bisavó faz. Pequenina, começou a brincar na cozinha com 2 aninhos. "Fazendo biscoito, demos uma massinha para ela e quando vimos ela amassava com o joelho, porque não tinha força com as mãozinhas", conta a bisavó. 

Cozinhar é terapia para a avó e aprendizado para a neta. (Foto: Fernando Antunes)
Cozinhar é terapia para a avó e aprendizado para a neta. (Foto: Fernando Antunes)

A menina continuou na brincadeira e os biscoitos que fazia, alimentavam os passarinhos. "Eu gosto de cozinhar, quando eu era pequena, já ajudava a bisa", conta Mariana Silvestrini de Almeida, de 9 anos. 

Da massa, dona Fidelina não faz mistério. "Não tem segredo, vai farinha, ovo e água. Do recheio, desse do tortéi, é abóbora, queijo, pão, ovos, temperos", descreve. De olho na bisnetinha, ela orienta na hora do recorte do tortéi. "Isso, com força aqui", ensina. 

Para a menina, não tem lição maior do que passar as tardes com a bisavó assim. "Acho importante, porque eu estou ajudando a vó e no futuro, quando eu crescer, vou saber fazer a receita que ela me ensitou e vai ficar mais gosto assim", diz. 

O desenho preferido dela na massa é quando a bisavó a deixa fazer o agnoline, uma espécie de anelzinho, parecido com o capeleti. "E eu fico super feliz, não sei explicar, é a tradição italiana. Tu quer me ver feliz? É estar lidando com isso aqui", resume Fidelina.

As massas são vendidas congeladas, em pacotes de 500g com molho, a partir de R$ 25,00. O contato para encomendas é o: 9-9152-1143.

Curta o Lado B no Facebook. 

As massas produzidas pela família são vendidas congeladas aos clientes. (Foto: Fernando Antunes)
As massas produzidas pela família são vendidas congeladas aos clientes. (Foto: Fernando Antunes)
Nos siga no Google Notícias