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Sabor

Para mostrar diferença no cardápio, bar anuncia há 3 anos "rodízio de mandioca"

Paula Maciulevicius | 06/08/2013 06:59
Foi depois de seis meses aberto é que o restaurante resolveu apresentar a opção de rodízio, incluindo a coxinha. (Fotos: Marcos Ermínio)
Foi depois de seis meses aberto é que o restaurante resolveu apresentar a opção de rodízio, incluindo a coxinha. (Fotos: Marcos Ermínio)

Uma taberna com um anúncio um tanto curioso: "rodízio de mandioca". Tudo bem que para o sul-mato-grossense a matéria prima de sete pratos inclusos neste rodízio até que passa batido. Quem arquitetou o projeto na culinária foi Carlos Cardinal, de 38 anos, no Oca Bar e Restaurante, mais um dos atrativos da rua Pilad Rebuá, em Bonito.

Criado em 2007, o bar parece uma taberna, pouca luz, aconchego e as delícias da culinária regional que consegue fugir do peixe. Foi depois de seis meses aberto é que o restaurante resolveu apresentar a opção de rodízio. "No começo nem foi tão assim, mas o fato de colocar uma placa com o rodízio, o que teve e tem de pessoas curiosas que param para perguntar 'mas como? Rodízio de mandioca, que é isso? São de vários tipos? Elas ficam muito surpresas com essa história", revela.

Entrevistas à parte, o Lado B foi provar o que tem, além da peculiaridade em oferecer diversos pratos de um mesmo ingrediente por um preço fixo. E lá fomos nós. O rodízio é servido em porções e dá perfeitamente para se comer muito bem. O primeiro prato a vir traz bolinho de mandioca com carne seca, minicoxinha de carne e queijo, tudo, claro, feito de mandioca.

Em seguida, depois de abrir o apetite, vem as mandiocas chips, uma espécie de batata, mas de mandioca. A explicação é bem simples, mas não há outra forma de justificar o que o prato apresenta. São tiras do prato nativo cortada em fatias arredondadas e bem fritas, acompanhado da receita da casa 'mandioquitas', que são palitos com sabor ao fundo de alho. Para fechar: escondidinho de carne seca, nhoque e guizado de mandioca.

O rodízio é servido em porções e dá perfeitamente para se comer muito bem.
O rodízio é servido em porções e dá perfeitamente para se comer muito bem.

Você deve estar se perguntando aí se a gente deu conta de comer tudo isso e ainda continuar trabalhando. Pois bem, não dá pra descrever, mas o fato é que todos os pratos são leves, daqueles que satisfazem sem deixar ninguém estufado. E o melhor de tudo é o preço: a partir de três pessoas, o rodízio custa R$ 22,50.

Foi de estômago forrado que a entrevista foi retomada. Carlos, o dono e criador das mandioquitas é o carisma em pessoa. A cada resposta vem uma gargalhada de quem se deu bem no negócio quando a vontade mesmo era de nem se quer voltar ao Brasil.

Arquiteto formado em São Paulo, a profissão levou Carlos para a Europa, de Portugal a Dublin, na Irlanda, ele sairia de lá para assumir um concurso público na Angola. Mas, parece que os planos eram outros e o destino mesmo era a Oca.

"É Deus. É a única coisa que eu te falo. Eu era super urbano, o trabalho que eu tinha não tinha nada a ver com o que eu faço hoje, mas foi nessa história de pegar o visto para Angola que as coisas foram dando tudo errado", diz. Pela pressão familiar, principalmente dos pais que são de Ponta Porã, ele veio a Bonito e já na rotatória quis voltar. No entanto era destino ou foi coincidência, mas o caminho dele estava mesmo em Bonito.

Carlos já tinha aberto um Oca em Portugal e jurou para si mesmo que nunca mais abriria as portas de um bar. "Quando eu cheguei, alguma coisa me dizia que eu ia morar aqui. Eu conheci o bar numa sexta, comprei na segunda e mudei na quinta e hoje sou apaixonado por Bonito", conta.

O olhar dele para o que os outros restaurantes ofereceriam era seguido 'daquela' torcida de nariz. Uma coisa que é meio padrão na cidade, todo lugar oferece peixe e carnes exóticas. "Na verdade eu tinha que fazer alguma coisa que fosse um diferencial em Bonito. Aqui todos os restaurantes serviam coisas muito parecidas. Um belo dia, de madrugada, acordei com a ideia da mandioca, da casa da mandioca. O prato é uma coisa meio paraguaia e regional. Bonito é uma coisa regional, indígena e brasileira", explica. Daí por diante uma luz levou a outra até a inclusão do rodízio no cardápio.

"Aí eu tinha que lançar um produto novo, como eu tento fazer a cada seis meses e um ano. Então se criou a história do rodízio, que era você provar os pratos que mais saíam no Oca com a oportunidade de comer todos de uma vez", completa.

O dono do bar dá a receita do nhoque de mandioca, mas se de tudo, não ficar bom, no próximo feriado vá até Bonito e experimente o original.
O dono do bar dá a receita do nhoque de mandioca, mas se de tudo, não ficar bom, no próximo feriado vá até Bonito e experimente o original.

O maior desafio a casa vem conseguindo. Apesar da matéria prima ser um pouco demorada no preparo, os pratos chegam ligeiro, não perdem o gosto e ainda vem com aquele saber de quem acabou de sair do forno. "Hoje, graças a Deus deu um resultado ótimo", avalia.

Quem passar por Bonito, o rodízio de mandioca está lá prontinho. De quebra, Carlos passou uma das receitas da casa ao Lado B. Papel e caneta nas mãos, vamos ao passo a passo do nhoque de mandioca:

Ingredientes
1kg de mandioca
4 colheres de sopa de margarina
4 colheres de queijo ralado parmesão
sal à gosto

Modo de preparo
Primeiro cozinhe 1 kg de mandioca usando as 4 colheres de margarina. Carlos explica que ao contrário do que se pensa, que é preciso esperar derreter para estar bom, para o nhoque, assim que a água ferveu e a mandioca trocou de cor, já está pré-cozida e deve ser retirada do fogo. Deixe ela na geladeira por um tempo, depois passe na máquina de moer.

Depois de moída, é preciso enrolar a massa em 'cobrinhas' e cortá-la em bolinhas. Na água, volte com o nhoque para o fogo e assim que a água ferver e as bolinhas subirem, tire do fogo e jogue um jato de água gelada para evitar que elas grudem.

O molho para o nhoque pode ser feito de acordo com a preferência do cozinheiro. A massa deve ser assada ao forno por 15 minutos. No entanto se o molho tiver saído do fogo, bastam 10 minutos.

Se de tudo, não ficar bom, no próximo feriado vá até Bonito e experimente a receita original.

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