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Meio Ambiente

"Um dia de cada vez" é lema de quem protesta contra lixão fechado

Catadores dizem que estão preocupados com o sustento da família

Nadyenka Castro e Mariana Lopes | 18/12/2012 16:28
Eliane Souza está a cinco anos no lixão. (Fotos: Rodrigo Pazinato)
Eliane Souza está a cinco anos no lixão. (Fotos: Rodrigo Pazinato)
Rudimar trabalha no lixão desde os 12 anos e sustenta seis filhos.
Rudimar trabalha no lixão desde os 12 anos e sustenta seis filhos.

É do lixo que todo mundo produz que eles tiram o pão de cada dia. Agora, proibidos de entrar no local em que pegavam o que poderiam vender para garantir o sustento, catadores de materiais recicláveis estão preocupados com o amanhã.

Nesta terça-feira, a Prefeitura fechou o lixão. Catadores não podem entrar e a situação gerou conflito entre eles e a PM (Polícia Militar), que soltou bombas de efeito moral e disparou tiros de borracha. A CG Solurb, responsável pela coleta do lixo, e a Prefeitura afirmam que eles irão trabalhar na usina de separação de material reciclável.

“A gente só quer trabalhar. No lixão, a gente vive um dia de cada vez”, definiu Eliane Souza Lopes, 32 anos, que há cinco sustenta ela e os filhos com o dinheiro que consegue vendendo materiais recicláveis que encontra no local.

No caso de Eliane e de muitos outros catadores de materiais recicláveis, o alimento é comprado diariamente e a quantidade e o tipo depende da renda do dia. “Hoje meus filhos estão lá em casa esperando comida”, conta.

Ela e colegas foram surpreendidos com ação da PM e dizem que estavam apenas se manifestando. “Estávamos nos manifestando contra o fechamento. É um direito nosso. É a única coisa que a gente pode fazer e nem isso eles deixaram a gente fazer”.

Durante praticamente todos os dias dos últimos 10 anos, Vera Lúcia de Campos, 60 anos, se sustentou com a venda do material que ‘cata’ no lixão . Com lágrimas nos olhos, ela diz que não sabe o dia de amanhã. “A gente não tem ideia de como vai ser agora, o que vamos comer? Natal? A gente não vai ter”.

Rudimar Soares Reis, 29 anos, trabalha desde os 12 no lixão, junto com mais seis irmãos e sustenta meia dúzia de filhos. “É por eles que eu trabalho todos os dias. Só queria que olhassem pela gente pelo menos no fim de ano. Como a gente vai fazer?”

Enquanto Rudimar conversava com a imprensa, foi abordado pela defensora pública Olga Cardoso que falou sobre o pedido de indenização. Ele então a questionou. “Mas doutora, e até sair essa indenização, a gente vai comer o que? A gente vive um dia de cada vez”, finalizou.

Usina – Os catadores que atuavam no lixão serão cadastrados para trabalhar na usina de separação de materiais recicláveis. Eles, que dizem que o lucro será menor, serão organizados em cooperativas.

A usina não está 100% concluída, mas, a CG Solurb e a Prefeitura afirmam que a parte de separação está pronta.

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