ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, QUINTA  28    CAMPO GRANDE 25º

Meio Ambiente

Aumento de 5°C na temperatura vai causar proliferação do Aedes em MS

Pesquisa mostra que em oito cidades de MS temperatura vai aumentar 5°C nos próximos 25 anos

Renata Volpe Haddad | 30/11/2016 12:27
Coordenadores do projeto Vulnerabilidade à Mudança do Clima, apresentaram projeção que clima em MS deve ficar até 5,8ºC mais quente nos próximos 25 anos. (Foto: Imasul/ Divulgação)
Coordenadores do projeto Vulnerabilidade à Mudança do Clima, apresentaram projeção que clima em MS deve ficar até 5,8ºC mais quente nos próximos 25 anos. (Foto: Imasul/ Divulgação)
Mapa mostra aumento das temperaturas em cidades de MS. (Foto: Reprodução)
Mapa mostra aumento das temperaturas em cidades de MS. (Foto: Reprodução)

Entre 2041 e 2070, a região norte de Mato Grosso do Sul será a mais afetada com o aumento da temperatura, que deve ficar até 5,8ºC mais quente. Com isso, além dos dias mais secos e calor intenso, o crescimento dos casos de dengue pode triplicar, devido a proliferação do mosquito Aedes Aegypti.

Os dados fazem parte do projeto Vulnerabilidade à Mudança do Clima, apresentado nesta quarta-feira (30), em Campo Grande. Conforme a pesquisa, a temperatura em Corguinho deve subir até 5,8ºC daqui a 25 anos.

O leste do Estado também será afetado e em Paranaíba, Aparecida do Taboado e Selvíria, o clima vai ficar até 5,7ºC mais quente. De acordo com a pesquisa, Caracol e Paranhos terão temperaturas de até 5ºC acima do atual e em Campo Grande e Corumbá, o clima pode esquentar 5,4ºC e 5,2ºC, respectivamente.

Isso afeta diretamente em dias mais quentes e no volume de chuvas em Mato Grosso do Sul. Em comparação com os dias atuais, Novo Horizonte do Sul será mais afetado pela estiagem e terá 15,2% a mais de dias secos, se comparado com os dias atuais.

Campo Grande terá o número de dias consecutivos secos em nível intermediário em relação aos outros municípios do Estado e este índice pode aumentar 5,4% em relação ao período atual.

A região Norte e algumas cidades do Leste do Estado sofrerão com a falta de chuvas e o índice pode variar de 2,3% a 19,3%. Rio Verde e Coxim serão impactados com a estiagem nos próximos 25 anos. Em Aparecida do Taboado, a pluviosidade poderá diminuir até 17,6%.

O que causa essas mudanças climáticas em Mato Grosso do Sul, ainda segundo a pesquisa, são os desmatamentos, poluição dos rios e a forma que o solo está sendo utilizado.

Projeto sobre mudanças climáticas em MS foi apresentado na manhã desta quarta-feira (30). (Foto: Imasul/ Divulgação)
Projeto sobre mudanças climáticas em MS foi apresentado na manhã desta quarta-feira (30). (Foto: Imasul/ Divulgação)

O coordenador do projeto, Ulisses Confalonieri, afirma que com esse aumento nas temperaturas, vai dobrar os casos de dengue, ou seja, vai crescer o número do inseto transmissor, o Aedes aegypti. "No Paraná, por exemplo, que não havia foco nenhum de dengue e nem casos da doença há dez anos, hoje é um estado endêmico".

Além da dengue, as alterações na temperaturas são capazes de interferir no ciclo reprodutivo de insetos transmissores de enfermidades. No Estado, por exemplo, pode haver aumento na incidência de leptospirose, leishmaniose e ataque de animais peçonhentos e venenosos.

O governo do estado está trabalhando para tentar reverter a situação, e conforme o secretário do Imasul (Instituto de Meio Ambiente), Jayme Verruck, metas foram estabelecidas e já estão sendo trabalhadas, como por exemplo, o programa Terra Boa. "Assumimos um compromisso com política pública de incentivo fiscal de recuperar dois milhões de hectares degradados que há no Estado, em parceria com a Embrapa. O cenário extremo apresentado hoje será verdadeiro se não houver nenhuma medida de mitigação".

Para a responsável pela pesquisa sobre Mato Grosso do Sul, a bióloga Isabela Brito, há condições de amenizar ou até mesmo reverter esse aumento na temperatura. "As pesquisas indicam que para reverter essas projeções, é preciso verificar a forma de uso do solo, diminuir o desmatamento, a poluição da água e a emissão de gases de efeito estufa. Tudo isso, iria auxiliar e evitar todas essas projeções apresentadas hoje"

Ainda segundo a bióloga, é importante lembrar que as mudanças climáticas são uma questão global. "Essas projeções são entregues ao estado pois ele precisa estar adaptado ao fenômeno que pode acontecer, como alagamentos, granizos e vendavais, mas como é algo global, as vezes por si só, não consegue evitar isso".

Nos siga no Google Notícias