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Meio Ambiente

Campo-grandenses correm contra o tempo nos EUA, à espera de furacão

Adriano Fernandes | 06/10/2016 18:58
O furacão Mathew esta previsto chegar ao sudeste dos Estados Unidos, na região dos estados da Flórida, Georgia, Carolina do Sul e Carolina do Norte. (Foto: NASA/Handout via REUTERS)
O furacão Mathew esta previsto chegar ao sudeste dos Estados Unidos, na região dos estados da Flórida, Georgia, Carolina do Sul e Carolina do Norte. (Foto: NASA/Handout via REUTERS)

Regiões costeiras de pelo menos quatro estados em solo dos Estados Unidos estão em estado de alerta com a chegada do temido furacão Matthew, nesta sexta-feira (7). Por lá, campo-grandenses já adaptados à instabilidade climática da região relatam ao Campo Grande News como está sendo o preparo para o que pode ser um dos piores furacões dos últimos anos.

Desde a última terça-feira (4) a contadora Soraya Ward, de 47 anos, por exemplo, já estoca água, alimentos e reforçou até mesmo as janelas de sua residência em Coconut Creek, na Flórida, para prevenir as consequências da tempestade. 

Mas, ela explica que “correria” de quem se acostumou a ter de agir às pressas antes da chegadas de catástrofes naturais, ainda gera alguns transtornos. “Já é difícil encontrar água, comida, porque como as pessoas chegam a comprar grandes quantidade de mantimentos com até uma semana de antecedência, inevitavelmente falta alguma coisa. Ontem também levei 40 minutos só para conseguir abastecer o carro”, explica.

Ela conta que irá permanecer em sua residência, ao contrário de boa parte dos moradores que estão evacuando as regiões litorâneas em direção ao centro do país. Mas as medidas de segurança para quem não vai sair de sua casa também são metodicamente calculadas.

Nas janelas, os moradores instalam uma espécie de estrutura metálica para diminuir o risco de que o vidro se quebre ou algum objeto ou galho levado pelos ventos, caia para dentro dos imóveisNas ruas, jardins e calçadas a orientação é que desde vasos de plantas á lixeiras sejam retirados para que não sejam levados pelo vento. Nos hospitais, corpo de bombeiros e outros órgãos de salvamento todos os funcionários estão em de plantão, desde terça (4).

Apesar da gravidade do furacão, entre os moradores da cidade, Soraya conta que os sistemas de segurança diminuem o clima de tensão. Inclusive para ela, mesmo sendo o Matthew a segunda tempestade dessa intensidade que ela vai enfrentar em 18 anos morando na Flórida.

“Já passei por vários outros furacões de menor intensidade, sabemos que nas ruas inevitavelmente vão ter alguns estragos. A queda de cabos de fios elétricos é sempre um risco, mas estamos seguros”, pontua.

Entre as categorias que definem a intensidade dos furacões que atingem o país durante o 'hurricane season' (temporada de furacões), o Matthew pode atingir a região em grau 4, considerado preocupante.

“Se as categorias passam de 3 ou 4 o clima é de alerta máximo entre todo mundo. Os comércios, por exemplo, têm um prazo de 6 horas para fechar. Nesse período os moradores tem de buscar estocar alimentos, água, são orientados a abastecer seus veículos e o sistema de informações também é muito eficiente”, comenta.

Estruturas metálicas são postas nas janelas para evitar maiores estragos dentro das residências. (Foto: Arquivo Pessoal)
Estruturas metálicas são postas nas janelas para evitar maiores estragos dentro das residências. (Foto: Arquivo Pessoal)

Por pelo menos 4 dias o estoque de alimentos e até gelo comprados pelo comerciante João Anderson da Silva, de 33 anos, deve durar. O campo-grandense mora com a esposa, a estudante Elvia Rizzi, de 35 anos e o filho Murilo, de 3, na cidade Boca Raton.

"Compramos muito alimento não perecível, para se caso fiquemos sem luz por muito tempo. A geladeira esta lotada de gelo e água e as janelas de casa já estão todas protegidas contra o vento. É comida e água para até 4 dias", conta. 

A evolução do furacão é acompanhada e transmitida em tempo real para todos os moradores. Desde que é emitido o alerta é possível acompanhar tudo sobre o furacão 24 horas por dia. Nas rádios, agências de televisão, por celular, cada pessoa recebe detalhes da tempestade. São divulgadas mensagens a todo hora sobre as cidades, bairros e regiões que devem ser evacuados. 

Entre idas e vindas de Campo Grande até Pembroke Pines, no condado de Broward, também no estado da Flórida, lá se vão quinze anos. E nesse período a psicóloga Neide Colette Bruno conta que só passou por dois furacões como o que chega por lá, amanhã.

A orientação entre os moradores é de que tudo que possa ser levado com a força dos ventos seja guardado e os carros com o freio de mão puxado. (Foto: Arquivo Pessoal)
A orientação entre os moradores é de que tudo que possa ser levado com a força dos ventos seja guardado e os carros com o freio de mão puxado. (Foto: Arquivo Pessoal)

Ela até brinca que o monitoramento patamar “BigBrother” desse tipo de tempestade reforçam a segurança, mas elas nunca subestimáveis. “Diferente de um terremoto, por exemplo, o furacão por aqui chega a ser previsível”, brinca. “Por ser um país acostumado com esse tipo de catástrofe, mas também muito informatizado em termos de medida de segurança nós conseguimos saber precisamente até o horário que ele pode chegar por aqui. Desde que começaram as ameaças de tempestade não desligamos o televisor. Não se fala em outra coisa”, completa.

Por via das dúvidas a prevenção é imprescindível. “Estocamos alimentos que dão para uma semana, água em todos os recipientes possíveis. Mantemos até mesmo rádios de pilha funcionando para nos mantermos informados caso acabe a luz por muito tempo. Teve uma vez que ficamos sem luz por duas semanas. Em outra ocasião quando notei, meu apartamento tinha virado um lago”, detalha.

Cerca de 2 milhões de pessoas que moram no litoral dos estados da Flórida, da Carolina do Sul e da Geórgia estão se deslocando para o interior do país. (Foto: Sean Rayford/EPA/Agência Lusa/Agência Brasil)
Cerca de 2 milhões de pessoas que moram no litoral dos estados da Flórida, da Carolina do Sul e da Geórgia estão se deslocando para o interior do país. (Foto: Sean Rayford/EPA/Agência Lusa/Agência Brasil)

Ela conta que a disciplina nesse tipo de situação é tanta que até mesmo nos comércios tudo é pensado para que não se instaure o caos. “Ontem enfrentei uma fila de 1 quilômetro só para abastecer o carro, devido a quantidade de pessoas querendo encher o tanque. Mas se por exemplo, nos comércios ou nos próprios postos os comerciantes tentem se aproveitar da situação subindo os preços muito além do aceitável, podemos denunciar por telefone e eles são autuados imediatamente”, acrescenta.

Nos Estados Unidos além dela moram também sua sobrinha e neta, a estudante Julia Bruno Mello, de 20 anos. Mas é Julia quem não esconde a apreensão em sua primeira tempestade em solo americano.

“Aí em Campo Grande a única preocupação era só o calor”, ela ri. “O primeiro furacão a gente nunca esquece, mas o fato de por aqui todos estarem acostumados com esse tipo de tempestade, mesmo ele ameaçando ser tão intenso, faz a gente ficar um pouco mais tranquila”, comenta.
“Rezam pela gente”, conclui Neide em nome da família, durante ligação via WhatsApp.

O furacão - Por onde passou a tempestade deixou um rastro de destruição e mortes. O furacão Matthew, também atingiu a República Dominicana e Cuba, e esta previsto chegar ao sudeste dos Estados Unidos, na região dos estados da Flórida, Georgia, Carolina do Sul e Carolina do Norte, na manhã desta sexta-feira (7). Os quatro estados declararam estado de emergência.

Foram mais de 100 mortos no Haiti, segundo balanços divulgados pelas agências de notícias internacionais.

No Haiti o furacão deixou um rastro de destruição e mortes. (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
No Haiti o furacão deixou um rastro de destruição e mortes. (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
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