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Meio Ambiente

De saco plástico a geladeira, margem do rio ainda é depósito de lixo

Renata Volpe Haddad | 06/06/2015 17:30
Lixo retirado em pouco mais de duas horas em ação conjunta da PMA com a prefeitura e voluntários da região. (Foto: Fernando Antunes)
Lixo retirado em pouco mais de duas horas em ação conjunta da PMA com a prefeitura e voluntários da região. (Foto: Fernando Antunes)

Consciência ambiental é o que cada ano a PMA (Polícia Militar Ambiental) percebe na limpeza do rio Pardo, localizado no município de Ribas do Rio Pardo, distante 103 km de Campo Grande. Há nove anos, a Prefeitura Municipal em parceria com a PMA, realiza a limpeza do rio com a ajuda de voluntários, mas ainda há quem deixe sujeira e até pedaços de geladeira são encontrados na beira do rio.

Garrafas pet, sacos plásticos, isopores, sacos de lixo, pedaços de máquina de lavar, frasco de molho de pimenta, camisetas, frasco de desinfetante e até cabeça de boi, foram os itens retirados do rio nesta manhã, em ação na semana do meio ambiente.

De acordo com o major e biólogo da PMA, Edmilson Queiroz, o lixo encontrado no rio é da sujeira da população da cidade e das pessoas de Campo Grande também. “O córrego Botas deságua no rio Pardo, trazendo toda a sujeira dos moradores da Capital e esse lixo pode ir para o Oceano se não for recolhido”, comenta.

Segundo o major, com o passar dos anos, a quantidade de lixo vem diminuindo com a ação realizada, mas também com a ajuda das pessoas. “No começo, tirávamos duas caçambas de lixo, hoje não chegamos a uma, o bom será quando não precisarmos recolher mais nenhum saco”, ressalta.

Ribas do Rio Pardo é rica em plantação de eucalipto e criação de gado. Como biólogo, Queiroz afirma que a prática das duas atividades eram complicadas no começo da década de 90, já que não se pensava em cuidar do meio ambiente. “Não davam importância para isso, jogavam lixo mesmo nos rios, se pensava apenas em expandir os negócios. Em 2006 quando começamos a fazer a limpeza, o que mais nos chamava atenção, era a quantidade de vacinas de gado espalhadas pelo rio. Atualmente, não vemos mais este tipo de coisa”, informa.

Voluntários se arriscam escalando barrancos para recolher lixo da margem. (Foto: Fernando Antunes)
Voluntários se arriscam escalando barrancos para recolher lixo da margem. (Foto: Fernando Antunes)

Voluntariado- A paixão pela cidade, meio ambiente e pela pesca, levou o topógrafo Humberto Alexandre Andreasi, 46, a se tornar voluntário. Este foi o primeiro ano dele e cumpriu a tarefa com louvor. “Sempre venho pescar aqui e me incomoda ver que as pessoas jogam garrafas no rio, que fazem churrasco e deixam sacolas de lixo na margem. Será que eles não têm consciência de quanto demora para decompor um saco plástico?”, questiona. Segundo o major Queiroz, mais de 100 anos.

Durante o percurso, o mais comum é ver pedaços de saco enrolado nos galhos. Segundo Andreasi, isto é a marcação dos pescadores. Para poder recolher o lixo encontrado, os voluntários se arriscam, passam próximos a árvores com espinhos, se contorcem para poder puxar o lixo correndo o risco de caírem do barco e se aventuram nas ilhas formadas pelo assoreamento, além de levarem muita galhada no rosto. “Apesar disso tudo, é muito bom saber que eu estou ajudando o futuro dos filhos e netos”, completa o topógrafo.

Assoreamento – Este é outro fato que chama a atenção. Há lugares durante o percurso do rio que não tem nem 40 centímetros de profundidade. Isso deve-se aos produtores rurais e criadores de gado que possuem propriedades na beira do rio. Os barcos precisam tomar cuidado com os motores, porque há muitos lugares que não tem como passar.

Segundo o secretário da Seapema (Secretaria de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente), Marcelo Angelo da Maia Cunha, existe um produtor rural na beira do rio Pardo que desmatou a mata ciliar. “Fazemos um trabalho de conscientização com os produtores locais, hoje eles entendem que isso prejudica a fauna e a flora, que contribui para o assoreamento do rio e eles entendem o tamanho do problema. Para esta propriedade, doamos mudas de árvores que foram plantadas e estão crescendo novamente”, reforça.

Assoreamento é a maior preocupação da PMA no rio Pardo e isso acontece devido ao fato de produtores rurais da região, desmatarem as matas ciliares. (Foto: Fernando Antunes)
Assoreamento é a maior preocupação da PMA no rio Pardo e isso acontece devido ao fato de produtores rurais da região, desmatarem as matas ciliares. (Foto: Fernando Antunes)
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