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Meio Ambiente

Do pé de alface ao quilo de carne, a importância da água que alimenta

Luana Rodrigues | 30/09/2016 15:31
Hortaliças são regadas ao menos três vezes ao dia. (Foto: Marcos Ermínio)
Hortaliças são regadas ao menos três vezes ao dia. (Foto: Marcos Ermínio)
Paulo de Oliveira Barbosa, 32 anos, agricultor que sabe quanto gasta, mas conhece a importância da água. (Foto: Fernando Antunes)
Paulo de Oliveira Barbosa, 32 anos, agricultor que sabe quanto gasta, mas conhece a importância da água. (Foto: Fernando Antunes)
Hortaliças são regadas ao menos três vezes ao dia. (Foto: Fernando Antunes)
Hortaliças são regadas ao menos três vezes ao dia. (Foto: Fernando Antunes)

Que a água é importante, todo mundo sabe. Mesmo sendo incolor, sem gosto e nem cheiro, o que seria do ser humano sem esse recurso natural tomar banho, lavar objetos, matar a sede?

O que muita gente não sabe, ou melhor, não enxerga, é que a água é utilizada na produção de praticamente todos os produtos de consumo, a comida nossa de cada dia. Dois exemplos são as verduras e a carne, para produzir um quilo de cada, são necessários mais de 15,6 mil litros de água.

O agricultor Paulo de Oliveira Barbosa, 32 anos, planta hortaliças em uma chácara no Jardim Noroeste, na região leste de Campo Grande, há cerca de seis meses, mas não sabe a quantidade exata que gasta para produzir seus maços de alface, couve, rúcula, entre outros.

"Que pergunta difícil! Não sei o quanto de água vai aí, acho que uns 10 mil litros por pé. Só sei que sem água eu não seria nada. Essa horta sustenta quatro famílias", conta.

De acordo com a WTN (Water Footprint Network), uma ONG (Organização Não Governamental) holandesa, que calcula a quantidade direta e indireta de água utilizada para produção de determinados produtos, um quilo de alface consome 237 litros de água, assim como um quilo de repolho.

"A planta requer uma quantidade de água relativamente elevada, mas 90% dessa água é devolvida para a atmosfera por meio da transpiração. Eu diria que a agricultura é usuária, não consumidora da água", defende o engenheiro agrônomo, Paulo Mitio Tanoye.

Tanoye é responsável por um grupo de 30 produtores de hortaliças, no município de Terenos – há aproximadamente 25 quilômetros de Campo Grande. Para não “gastar” tanta água, por lá os produtores decidiram utilizar um sistema de irrigação de “gotejamento”. “É um sistema mais eficiente que o sistema aspersor, mais comum, porque otimiza o uso de água e garante uma economia de 30% a 50%”, explica.

A busca por economia e reaproveitamento da água também está na produção de carne, outra grande usuária desse recurso natural. Segundo a WTN, para produzir um quilo de carne bovina são necessários 15,4 mil litros de água.

Já a produção de um quilo de carne de frango exige 4,3 mil litros de água. Para um quilo de carne de porco, a demanda é de 5,9 mil litros de água. 

Para que a carne chegue conservada e embalada a casa de quem consome, precisa passar por um processo que gasta em torno de 15 mil litros de água por quilo. (Foto: Divulgação JBS)
Para que a carne chegue conservada e embalada a casa de quem consome, precisa passar por um processo que gasta em torno de 15 mil litros de água por quilo. (Foto: Divulgação JBS)
Equipe responsável por sistema de reaproveitamento da água na empresa. (Foto: Divulgação/ JBS)
Equipe responsável por sistema de reaproveitamento da água na empresa. (Foto: Divulgação/ JBS)

Na unidade de Campo Grande da JBS, segundo a empresa, o curral pré-abate (local onde os animais são recebidos) é um dos principais pontos de consumo de água. Para evitar o desperdício, a indústria instalou temporizadores que programam um intervalo de interrupção na distribuição sem afetar a produção.

Ainda conforme a empresa, alguns processos também foram adaptados no frigorífico a fim de aumentar a eficiência deste recurso natural, como a instalação de arejadores nas torneiras e equipamentos individuais de limpeza dos EPI's (Equipamento de Proteção Individual), que agora consomem menos água.

Na indústria frigorífica, a água também é reaproveitada na limpeza dos caminhões boiadeiros, pisos dos currais e áreas externas.

Mesmo trabalhando há 30 anos nessa área, o açougueiro Augusto Marques, de 53 anos, diz que não sabia o quanto de água que é necessário para produzir o produto com o qual ganha a vida. “É bom a gente ficar sabendo, né? Porque assim aprende a valorizar isso que tão é importante. Imagine se não tivéssemos mais água?”, reflete.

Sistema de irrigação de horta no jardim Noroeste, em Campo Grande. (Foto: Fernando Antunes)
Sistema de irrigação de horta no jardim Noroeste, em Campo Grande. (Foto: Fernando Antunes)
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