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Meio Ambiente

Ela vive há 37 anos no entorno de lagoa, que ajuda a preservar

Viviane Oliveira | 08/06/2014 15:03
Petronilha sai cedo de casa e a primeira volta é sempre no entorno do lago. (Foto: Marcos Ermínio)
Petronilha sai cedo de casa e a primeira volta é sempre no entorno do lago. (Foto: Marcos Ermínio)
Petronilha conta que já tirou vários sacos cheios de lixo do local. (Foto: Marcos Ermínio)
Petronilha conta que já tirou vários sacos cheios de lixo do local. (Foto: Marcos Ermínio)

Há 37 anos, quando Petronilha Pereira da Silva se mudou para o Jardim Itatiaia, em Campo Grande, não havia rua ou vizinhos e o local era tomado por mato e por uma escuridão imensa quando caía a noite. Na esquina da casa dela havia apenas um grande lago, hoje conhecido por Lagoa Itatiaia, de onde tirava água para molhar as plantas, lavar roupas e cuidar dos porcos e galinhas que criava no quintal. Aos 60 anos, Petronilha viu o bairro crescer e as pessoas chegarem, não usa mais água do lago para as tarefas domésticas. Hoje, a moradora cuida da lagoa catando o lixo que diariamente as pessoas deixam no local. O espaço transformou em símbolo de uma região que já foi conhecida pelo descaso com o meio ambiente e agora é um cartão postal da cidade.

Viúva, a mulher conhecida por trabalhar com reciclagem criou seis filhos em volta da lagoa. Agora, como uma espécie de retribuição, Petronilha não deixa lixo estragar o brilho e a beleza natural do lugar. “Já cheguei a tirar sacos daqui de garrafas pets, latas de cerveja e refrigerantes. O dia que mais tem sujeira é na segunda-feira por causa do fim semana”, lamenta.

A rotina da senhora, que hoje mora sozinha, começa bem cedo. Com um carrinho de mão e muito conhecida na região, a mulher já tem os lugares certos, em casas e comércios, onde pega o material reciclável. Mas antes, ela passa na lagoa catando tudo o que vê pela frente. “É sagrado, eu tenho que passar por aqui primeiro. Tem dia que encontro até embalagem de marmitex jogado nas margens do lago”, diz.

Sorridente, a senhora conta que criou os filhos em volta da lagoa. (Foto: Marcos Ermínio)
Sorridente, a senhora conta que criou os filhos em volta da lagoa. (Foto: Marcos Ermínio)

Petronilha relembra que quando chegou ao bairro, região do Tiradentes, a lagoa era mais cheia e com o tempo foi diminuindo. Por outro lado, ela diz que a urbanização também trouxe a valorização do lugar e a maioria dos vizinhos tenta cuidar e manter o espaço limpo. “É um privilégio morar em volta do lago”, destaca.

As histórias da moradora envolvendo a lagoa são muitas. “Eu tinha uma criação de galinhas e porcos, que viviam soltos por aqui. Depois, com o passar do tempo, tive que ir desfazendo aos poucos dos bichos, porque começou a chegar morador”, relembra. Tem histórias tristes, também, de gente que estava pescando, caiu no lago e acabou morrendo afogado.

Quem mora, caminha e faz atividades físicas na academia ao ar livre, que fica no espaço, tem o privilégio de conviver diariamente com a natureza. A lagoa serve de pouso para aves como garças, marrecos e pássaros pretos. Em épocas de chuva, a água do lago aumenta deixando o lugar ainda mais bonito.

No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado quinta-feira (5), a Prefeitura fez o plantio de 80 mudas de árvores nativas, no entorno da lagoa. “Hoje envolta do lago está até limpo, mas tem dia que aqui está coberto de sujeira”, lamenta.

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