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Meio Ambiente

Investigação derruba superintendente e provoca correição no Ibama em MS

Marta Ferreira | 17/10/2011 17:35

David Lourenço foi demitido hoje cedo do cargo, como consequência de invesrtigação sobre criação de jacarés

David concedeu entrevista esta tarde, acompanhado do deputado Pedro Kemp e dirigentes da legenda. (Foto: Pedro Peralta)
David concedeu entrevista esta tarde, acompanhado do deputado Pedro Kemp e dirigentes da legenda. (Foto: Pedro Peralta)

Superintendente do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis) nos últimos 3 anos e meio, o engenheiro agrônomo David Lourenço, foi comunicado hoje de sua demissão do órgão por um telefonema do presidente do Ibama, Curt Trennepohl. Em entrevista coletiva nesta tarde Lourenço confirmou que sua saída foi consequência direta da Operação Caiman, da Polícia Federal, que investiga irregularidades na criação de jacarés e na pousada mantida pelo médico veterinário Gerson Zahdi Bueno, funcionário aposentado do órgão federal.

Além da demissão, a direção nacional do Ibama decidiu fazer uma correição na superintendência estadual, segundo foi informado a Lourenço pelo presidente do órgão. Isso deve ocorrer já a partir da semana que vem.

O nome do novo superintendente ainda não foi definido, mas o PT pretende manter-se com prerrogativa de apontar o substituto, informaram na entrevista coletiva o deputado estadual Pedro Kemp e o vice-presidente do PT, Francisco Gevanildo dos Santos.

Ao anunciar sua saída do cargo, David Lourenço disse estar “tranquilo” quanto à investigação da Polícia Federal, que foi tema de várias matérias do Campo Grande News antes mesmo da Operação Caiman, desenvolvida no início do mês. Segundo ele, a situação provocou desconforto político em Brasília e por isso a direção do Ibama tomou a decisão de “praxe”, de afastar o dirigente máximo do órgão para que seja feita a apuração.

Explicações-A casa de Lourenço foi dos alvos de buscas feitas pela Polícia Federal com aval da Justiça. Ele disse que pelas informações obtidas por seu advogado, as suspeitas da PF se baseiam no fato de ser o dirigente máximo de um órgão que tinha um empresário que lida com a criação de animais trabalhando no setor que fiscaliza a fauna.

Também contribuiu, admitiu David, a transferêncai de Zahdi para o gabinete do superintendente, após ser retirado do setor de fauna, no meio do ano. Segundo ele, o funcionário foi “puxado” para o gabinete numa atitude humanitária, pois já não tinha condições de fazer as fiscalizações de campo devido à saúde debilitada. “Ele ficou apenas um mês e 15 dias no gabinete e neste período, trabalhou apenas 3 dias, o resto ficou de licença médica”

Para a PF, existia um sério conflito de interesses entre a atividade pública e a privada desenvolvida por Zahdi, uma vez que, no serviço público, ele fiscalizava justamente o setor onde atuava. Para os policiais federais, ele se beneficiou disso, e conseguiu enriquecer vendendo pele e carne de jacaré, no último caso sem autorização para isso.

Indagado sobre esse conflito de interesses, David ressaltou que o criadouro de Zahdi era autorizado há mais de 15 anos e nunca foi apontado qualquer problema ético.

Outra desconfiança da Polícia Federal é que o empreendimento nunca teve a fiscalização devida. Lourenço disse que, no período em que estava à frente do Ibama, nenhuma auditoria ou correição apontou problemas.

Para o fato de Gerson atuar justamente no setor de fauna, explicou que ele era o único profissional de Medicina Veterinária no instituto. "Ele tinha que atuar na fauna".

De acordo com ele, havia, por exemplo, a ida de fiscais todo ano, na época da coleta de ovos de jacaré da natureza, que precisava ser autorizada. “Agora, se os fiscais que iam deixaram de cumprir as obrigações, é preciso perguntar a cada um deles”.

Lourenço disse, ainda, que a investigação da PF começou um ano atrás, em ação conjunta com o órgão. "Essa ação começou depois que nós percebemos o alto consumo de carne de jacaré em Bonito".

E agora- Após três anos e meio como superintendente do Ibama, Davi Lourenço disse que vai voltar para o seu cargo no Governo do Estado, onde é funcionário de carreira.

Mas nem ele, nem os dirigentes do partido rejeitam a possibilidade de assumir um novo cargo federal. “Nós estamos aqui para dizer que depositamos toda confiança no David. Ele é um companheiro respeitado por sua competência técnica”.

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