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Meio Ambiente

Investigações contrariam defesa e apontam que vídeo de safári é de 2004

Fabiano Arruda | 19/05/2011 12:46

Advogado argumenta que Beatriz Rondon não participava de caça a onças desde 2001

Imagem mostra onça em cima de uma árvore sob a mira de caçadores. (Foto: Reprodução)
Imagem mostra onça em cima de uma árvore sob a mira de caçadores. (Foto: Reprodução)

Investigações sobre a Operação Jaguar II, desencadeada no início deste mês pela Polícia Federal e Ibama, apontam que a data original do vídeo, que mostra imagens de caçada ilegal de onças no Pantanal, é de 2004, o que contrataria a defesa da pecuarista Beatriz Rondon, proprietária da fazenda Santa Sofia, onde apreensões foram realizadas.

“Não era só a família dela que já caçava, outras também. Era um costume que foi passado de geração para geração, mas há pelo menos 10 anos que a Beatriz não faz mais isso. A última vez foi essa expedição que consta no vídeo que se tornou público”, afirmou Renê Siufi, advogado de Beatriz, em entrevista ao site IG. Pela afirmação, as imagens seriam de 2001, enquanto as investigações levam a Polícia Federal a acreditar que elas foram registradas três anos mais tarde.

Segundo informações do delegado federal Alexandre do Nascimento, a constatação que o vídeo foi registrado em 2004 é um importante passo nas investigações.

Conforme PF, a análise dos materiais apreendidos na Jaguar II, bem como as oitivas do caso, devem levar mais 20 dias. É a partir deste prazo que a corporação vai decidir se pede a prisão preventiva da pecuarista e de outros que aparecem no vídeo.

Sobre o pedido de prisão, Renê Siufi diz não ter conhecimento. "Não há motivo (prisão). Ela está a disposição da Justiça", declarou o advogado.

O delegado também rebate a versão do advogado. “Ela usava o cunho ambiental para mascarar a aberração que cometia, junto com outros caçadores”, afirma ele, ainda conforme declaração publicada em matéria no IG.

Segundo Alexandre, que disse acreditar que o esquema funcionava há pelo menos 15 anos, todas as pessoas que aparecem no vídeo podem responder por pelo menos quatro crimes: contra a fauna brasileira, posse de arma de uso restrito, formação de quadrilha e tráfico internacional de armamentos.

Operação Jaguar apreendeu crânios de onça e armas. (Foto: Divulgação/Ibama)
Operação Jaguar apreendeu crânios de onça e armas. (Foto: Divulgação/Ibama)
Mesmo sem prisões, Jaguar II foi desencadeada para preservar provas.
Mesmo sem prisões, Jaguar II foi desencadeada para preservar provas.

Jaguar II - Na ação da Jaguar II, foram apreendidos dois crânios de onça, três metros e meio de couro de sucuri e 12 galhadas de cervo, além de armas. Até uma mala confeccionada com couro de onça foi encontrada.

A operação foi um desdobramento da Jaguar I, desencadeada no ano passado. As investigações começaram a partir do vídeo, enviado por um americano à Polícia Federal, que mostra um safári turístico na fazenda Santa Sofia, em Aquidauana, a 150 quilômetros de Campo Grande.

As imagens que circularam em todo País são chocantes. Mostram um dos caçadores atirando contra uma onça que estava no alto de uma árvore. Após o disparo, o animal despenca e, ao solo, é cercado por cães. Num dos trechos, Beatriz Rondon afirma que se tratava de uma fêmea muito bonita, mas que estava matando os gados de sua fazenda.

O vídeo era utilizado como uma espécie de propaganda da caçada ilegal, que custava de 30 a 40 mil dólares por safári, com direito a passagem, alimentação, translado, hospedagem. O prêmio era o que o caçador conseguisse abater.

As imagens mostraram um caçador russo, além de outros estrangeiros, que acabavam atuando na parte logística, e Toninho da Onça, principal protagonista da Jaguar I, que está foragido da Polícia Federal.

A identificação de Toninho nas imagens foi fundamental para os federais desencadearem a segunda operação, que não fez prisões em flagrante. Segundo informações do Ibama, a Jaguar II foi executada para preservar provas.

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