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Meio Ambiente

MS produz por dia 1,7 mil t de lixo e ambientalistas acham possível tratar 100%

Luciana Brazil | 16/09/2014 16:57
Seminário na Fiems discute o cenário das indústrias no quesito ambiental. (Foto: Marcos Ermínio)
Seminário na Fiems discute o cenário das indústrias no quesito ambiental. (Foto: Marcos Ermínio)

Mato Grosso do Sul produz, em média, mais de 1.700 toneladas de lixo por dia - são aproximadamente 700 gramas por habitante. Diminuir a produção desses resíduos sólidos é uma das propostas mais elencadas entre ambientalistas. Enquanto isso acontece de maneira lenta, a luta se concentra na destinação ecologicamente correta de tudo aquilo que chamamos de lixo. Engenheiros ambientais e outros profissionais garantem que é possível tratar 100% do que é descartado nas cidades, incluindo o lixo de casas e indústrias.

O uso de tecnologias possibilita o aproveitamento de tudo que é jogado fora, explica proprietário da empresa Organoeste Biotecnologia, Flávio Pereira. Até mesmo a parte mais vilã do lixo, a matéria orgânica, (resto de comida, borra de café, palito de dente, chiclete), pode ser reutilizada, sendo transformada em adubo e fertilizantes.

Sem tratamento adequado, o lixo orgânico é descartado nos lixões ou nos aterros sanitários. Se levado até os lixões, contaminará solos e mananciais, já que apodrece causando o chorume, gases de efeito estufa, mau odor, vetor de doenças, entre outros males.

Instalada em Campo Grande há oito anos, a Organoeste é responsável por realizar a compostagem da matéria orgânica de mais de 20 industrias do Estado. O processo biotecnológico aglutina uma série de técnicas que transformam o lixo orgânico em adubo. “Recebemos 2 mil toneladas de matéria orgânica por dia, vindas de 25 indústrias do Estado. O lixo orgânico de um frigorífico, por exemplo, vem diretamente para nós”, explica Flávio.

Para propor mecanismos que possibilitem a destinação ideal e o tratamento correto do lixo, já está em desenvolvimento o Plano Estatual de Resíduos Sólidos que vai traçar um diagnóstico sobre a situação atual dos 79 municípios em Mato Grosso do Sul. O estudo, uma exigência do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente, irá sugerir propostas e soluções para problemas como a extinção dos lixões. Trabalhoso, o levantamento, fieto pela empresa Deméter Engenharia, contratada pelo Governo do Estado, só deve ser concluído em 2015.

Neif diz que a cobrança da taxa de lixo será essencial. (Foto: Marcos Ermínio)
Neif diz que a cobrança da taxa de lixo será essencial. (Foto: Marcos Ermínio)

De acordo com o Plano Nacional, o prazo para que os lixões fossem desativados terminou em agosto deste ano, mas continua sendo um dos maiores desafios das cidades. Em Mato Grosso do Sul, apenas oito municípios conseguiram eliminar os lixões e operam apenas com os aterros sanitários.

“Nunca se pensou em aterro, era só lixão. Antes só se pensava até a coleta e o que vinha depois disso não havia importância. Hoje já não é mais assim. E é possível destinar corretamente todo lixo produzido nos municípios”, confirmou o engenheiro sanitarista e ambiental Neif Salim Neto. Para ele os lixões são a principal dificuldade. Neif explica ainda que, por meio da educação ambiental, seria preciso diminuir a geração de resíduos. "isso sim seria o melhor".

“Desde a criação do Plano Nacional, em 2010, o Estado evoluiu muito pouco. A maioria dos municípios não tem aterro sanitário. E o prazo para que as cidades se adequassem e extinguissem o lixão terminou. Isso, em tese se caracteriza por crime ambiental e os gestores podem responder por criminalmente e também por improbidade administrativa”, disse o promotor de Justiça, Eduardo Franco Cândia, da 26ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente.

Polêmica, a criação da taxa do lixo, começa a ser discutida mais intensamente e já passa a ser indispensável na concepção dos ambientalistas. "Assim como se paga a água e o gás é preciso pagar o lixo para que a coleta seletiva seja feita de forma efetiva", salientou o engenheiro.

Na contramão, o dono da Organoeste defende que a implementação da coleta seletiva não acontecerá tão rapidamente. "Isso não faz parte da nossa cultura. Em Curitiba, há 20 anos se trabalha a coleta e apenas 17% da cidade tem a coleta seletiva", disse Flávio.

Seminário- Realizado pela Fiems, em parceria com o Senai e Sebrae/MS, o seminário vai debater a nova política nacional de gerenciamento de resíduos no país e os efeitos dela em Mato Grosso do Sul. Durante o encontro, que acontece hoje (16) e amanhã, no auditório da Casa da Indústria, outros problemas serão discutidos, como a situação empresarial no Estado.

Segundo o presidente da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), Sergio Logen, o cenário é caótico quando o assunto são as empresas no Estado.

“Estamos trabalhando para que mais empresas assumam a postura de responsabilidade ambiental. Implementamos o benefício fiscal, mas as leis são muitos rápidas e as indústrias estão se adaptando", disse Longen.

O lixo é dividido em três grandes partes: reciclável, inorgânico inservível ou rejeito e matéria orgânica. De acordo com o Plano Estatual de Resíduos Sólidos, seria possível tratar 100% do lixo em Campo Grande. Em média, o potencial do Estado é para coletar 56% de material orgânico, 25% de produtos recicláveis e 19% de rejeito.

Neif, engenheiro da empresa Deméter Engenharia, contratada pelo Governo do Estado para desenvolver o Plano Estadual, lembra que a porcentagem de recicláveis é "extremamente otimista", pontua.

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