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Meio Ambiente

Operação da PF sobre criação de jacarés apreende materiais no Ibama

Marta Ferreira e Fabiano Arruda | 07/10/2011 10:39

Mandados de busca e apreensão também estão sendo realizadas em órgãos estaduais e em Aquidauana

A Polícia Federal desenvolve desde o início da manhã de hoje a Operação Caiman, para cumprir mandados de busca e apreensão em Campo Grande e Aquidauana, como parte da investigação que apura irregularidades na criação de jacarés e na pousada pertencentes ao médico veterinário e funcionário aposentado do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis) Gerson Zahdi Bueno, 64 anos, no município de Miranda. Mais de 30 policiais estão nas ruas para cumprir 7 mandados de busca e apreensão de materiais e documentos, com autorização da Justiça Federal.

A sede do Ibama está fechada, com policiais vasculhando o órgão, e funcionários estão do lado de fora.

As irregularidades investigadas pela Polícia Federal envolvendo Zahdi vem sendo divulgadas desde agosto pelo Campo Grande News, após ele, a esposa, e a filha serem presos acusados de crime ambiental. As últimas reportagens sobre o assunto informaram sobre o embargo da pousada Cacimba de Pedra, em nome da esposa de Gerson, Rosaura Dittmar, que usava os jacarés como atração, sem licenciamento para a atividade turística nem para a visitação de animais.

Segundo a PF, os mandados estão sendo cumpridos em locais de trabalho e residências de servidores suspeitos de envolvimento nas irregularidades, tanto no Ibama como em órgãos estaduais. Em Aquidauana, será cumprido um mandado de busca e apreensão na Gerência de Planejamento, Habitação e Urbanismo do Município.

Em nota divulgada à imprensa, a PF informa que a investigação é para apurar

delitos de venda, exposição, manutenção em cativeiro, depósito ilegal e transporte irregular de espécimes da fauna silvestre nativa do pantanal, notadamente do jacaré. O nome da apuração faz alusão à forma como os animais são conhecidos na região, Caiman.

De acordo com a corporação, no transcorrer das investigações “restou evidenciado a participação de servidores públicos, notadamente do Ibama” na cadeia delituosa.

Em causa própria-A Polícia Federal suspeita que Zahdi, que atuou durante anos no setor que fiscaliza a atividade em que é empresário, foi beneficiado por ser funcionário do órgão. Com isso, enriqueceu explorando comercialmente a criação de jacarés e a atividade turística que tem nos animais um de seus atrativos.

Ele já deu entrevista para jornais e televisões do mundo todo sendo apresentado como exemplo de conciliação entre a atividade comercial e a proteção ao meio ambiente.

A investigação apura, por exemplo, o fato de nunca ter havido fiscalização da forma como deveria no criadouro de jacarés, voltado à comercialização da pele, um artigo bastante valorizado no mercado internacional. Uma das evidências é a carne dos animais era vendida a restaurantes, mesmo sem autorização para isso.

O Ibama informou, nesta semana, que está fazendo uma espécie de devassa nos procedimentos envolvendo Zahdi. Ele já foi multado pelo órgão em mais de R$ 300 mil.

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