ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 18º

Meio Ambiente

Prefeitura da Capital inicia debate para reduzir sacolas em supermercados

Wendell Reis | 03/02/2012 18:55
Prefeitura vai seguir acordo nacional e reduzir 70% do uso de sacolas(Foto:Wendell Reis)
Prefeitura vai seguir acordo nacional e reduzir 70% do uso de sacolas(Foto:Wendell Reis)

A Prefeitura Municipal de Campo Grande iniciou nesta quinta-feira (3) um debate sobre o uso sustentável de sacolas nos supermercados. A discussão tem o objetivo de atender uma política nacional, feita pelo Ministério do Meio Ambiente, que em 2009, junto com a Associação Nacional de Supermercados, estabeleceu a redução de 70% das sacolas até 2015.

O secretário de Meio Ambiente, Marcos Cristaldo, afirma que não vai proibir imediatamente o uso das sacolas, mas o debate é realizado para atender ao acordo firmado nacionalmente. Ele ressalta que em 2009, quando a meta foi estabelecida, a Prefeitura não fazia coleta seletiva,, o que já foi implantado.

O secretário explica que alguns supermercados já eliminaram o uso de sacolas, mas a discussão também é importante para saber se ações serão feitas de maneira individual, pelos donos de estabelecimentos comerciais, ou em conjunto. Questionado sobre a responsabilidade dos empresários, que não utilizam produtos recicláveis nas embalagens de arroz ou feijão, a exemplo, Cristaldo explica que pela política nacional há uma responsabilidade compartilhada, entre o fabricante, comerciante, órgão público e o consumidor.

A educadora ambiental, Mara Calvis, explica que o problema é de conscientização. Ela lembra que antigamente as pessoas se viravam com as sacolas de papel e carrinho de feira. Após isso, vieram as sacolas de plástico, que ajudou as pessoas, recebendo um produto de graça e que evita gastos com sacos de lixo. Ela avalia que o caminho para a redução é a conscientização, que não foi feita quando as sacolas começaram a circular.

O representante de uma empresa que fabrica sacolas, Alex Machado, é contra a retirada das sacolas dos mercados. Ele avalia que existe interesse econômico e muitos se aproveitam da questão ambiental para lesar o consumidor. “Hoje ele ganha o produto gratuitamente e pode pagar cinco vezes mais”. O empresário avalia que quem vende sacos de lixo e fabrica sacolas retornáveis vai ganhar muito dinheiro. Além disso, lembra que a maioria das sacolas é fabricada com algodão, que utiliza muito mais recursos ambientais para sua produção. “Nem sempre é melhor mudar”, avalia.

O empresário José Gilberto Fernandes, dono de uma rede de supermercados, explica que já realiza um treinamento com os funcionários e o operador que faz o pacote reduz a quantidade de sacolas distribuidas. Após a adoção dos empacotadores, o uso das sacolas foi reduzido em 22%. A representante de um supermercado que deixou de distribuir sacolas em Campo Grande revela que quando fez a mudança a empresa enfrentou resistência e perdeu muitos clientes. Entretanto, com o passar dos anos, as pessoas entenderam a importância de pensar em sustentabilidade.

A representante do Sindicato da Indústria de Material Plástico de Mato Grosso do Sul, Ligia Machado, também avalia que a questão é cultural. Ela lembra que as sacolas podem criar subprodutos e avalia que as mudanças podem significar simplesmente uma transferência de valores, já que outras pessoas vão lucrar.

Entre os pontos de vista defendidos durante a discussão, está o de que não tem lixo na rua porque há sacolas e que há poucos estudos sobre o impacto das sacolas retornáveis. Para começar a pensar na redução, Cristaldo solicitou que os empresários informem o número de sacolas que circulam na Capital. Porém, revelou que 90% destas sacolas não são recicladas e vão parar no lixão.

Durante a discussão foram apresentadas alternativas como a fixação de cartazes orientando o uso consciente de sacolas, redução de impostos para quem diminuir o uso de sacolas e encarecimento das sacolas menores, que acabam não sendo recicladas. A solução seria aumentar o preço das sacolas menores, já que hoje a diferença entre a grande e a pequena é mínima, sendo três centavos a sacola menor e quatro centavos a maior. A ideia de fazer uma dia sem sacolas foi rechaçada por um dos fabricantes. Ele avalia que a solução não é demonizar o uso das sacolas, mas estimular o uso consciente.

Nos siga no Google Notícias