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Meio Ambiente

Projeto monitora 65 onças e quem quiser pode adotar e batizar felino

Renata Volpe Haddad | 15/07/2016 10:47
Em cinco anos de projeto, 65 onças pintadas são monitoradas no refúgio ecológico da Fazenda Caiman. (Foto: Projeto OnçaFari)
Em cinco anos de projeto, 65 onças pintadas são monitoradas no refúgio ecológico da Fazenda Caiman. (Foto: Projeto OnçaFari)

Em cinco anos desde o início do Projeto OnçaFari, 65 onças pintadas são monitoradas no refúgio ecológico da Fazenda Caiman, localizada em Miranda, pantanal sul-mato-grossense. A proposta do projeto é preservar a espécie e quem quiser ajudar financeiramente, pode adotar um felino e até batizá-lo.

Querendo promover o ecoturismo no Pantanal através da habituação das onças a veículos de safari fotográfico, as caminhonetes do projeto são caracterizadas de uma maneira que os felinos se familiarizem com eles.

O idealizador do projeto é Mario Haberfeld. Ele conta que se baseou na proposta utilizada com leopardos na África. A ideia é que turistas de todo o mundo poderão testemunhar o comportamento das onças pintadas a partir de um veículo.

"Fiz várias viagens pelo mundo vendo animais em seus habitats naturais. A cada lugar que visitava via o que estava sendo feito para salvá-los. Achei que estava na hora de tentar ajudar os animais no Brasil e decidi aplicar o modelo no Pantanal”, afirma.

Para ele, no Brasil, o Pantanal é o lugar mais indicado para o turismo de avistamento por ter a paisagem bem aberta e fauna abundante. "Claro que existem muitas espécies de animais tanto na Amazônia quanto na Mata Atlântica por exemplo, mas as matas são muito fechadas o que dificulta o avistamento, sendo o Pantanal o local mais indicado, na minha opinião".

Onças são monitoradas com rádio colares e câmeras fotográficas. (Foto: Projeto OnçaFari)
Onças são monitoradas com rádio colares e câmeras fotográficas. (Foto: Projeto OnçaFari)

Monitoramento – Em 2011, quando o projeto começou, nenhuma onça era monitorada. "Começamos monitorando apenas duas onças, que foram batizadas de Chuva e Esperança. De lá pra cá a Esperança já teve sete filhotes, pelo menos quatro netos. Agora já monitoramos 65 onças pintadas no Refúgio Ecológico Caiman, sendo que já acompanhamos o nascimento e o crescimento destes felinos", explica.

No monitoramento não há interferência humana, alguns felinos têm rádio colares outras apenas visualmente, mas todas as onças são monitoradas com câmeras que filmam ao perceberem algum movimento. Essas câmeras são chamadas de Cameras Trap ou Armadilhas Fotográficas.

"Não interferimos em nada no modo de vida das onças. Por exemplo, se uma se machucar, não prestamos atendimento veterinário. Deixamos que elas vivam naturalmente. Nosso objetivo é poder mostrá-las para as pessoas e por isso fazemos o processo de habituação, sempre respeitando a tolerância de cada onça", afirma Mario.

Em 2015, 95% dos hóspedes que visitaram a Caiman nos meses de seca, avistaram uma ou mais onças pintadas.(Foto: Projeto OnçaFari)
Em 2015, 95% dos hóspedes que visitaram a Caiman nos meses de seca, avistaram uma ou mais onças pintadas.(Foto: Projeto OnçaFari)

O ecoturismo é a principal linha do projeto, onde é feito a habituação das onças aos veículos utilizados. "Ao pararem de perceber os nossos carros como ameaça, os felinos passam a agir naturalmente em frente a nossos veículos".

Com o passeio, o projeto não garante o avistamento de uma onça pintada, já que são animais 100% selvagens, porém no ano passado, 95% dos hóspedes que visitaram a Caiman nos meses de seca, avistaram uma ou mais onças pintadas.

Passeio - São realizados em veículos Mitsubishis preparados para ecoturismo. Possuem bancos na caçamba e alguns deles um banquinho na frente do carro para que a equipe possa detectar pegadas mais facilmente e assim encontrar as onças. 

Os passeios são realizados por enquanto somente no Refúgio Ecológico Caiman. Mas a ideia é expandir isso para mais lugares no Pantanal. "Quanto mais lugares conseguirmos implementar o Projeto Onçafari, maior será a área que estará sendo conservada".

Os felinos já se acostumaram com a presença dos veículos do projeto, que são caracterizados. (Foto: Projeto OnçaFari)
Os felinos já se acostumaram com a presença dos veículos do projeto, que são caracterizados. (Foto: Projeto OnçaFari)

Segundo Haberfeld, os felinos já se acostumaram com a presença dos veículos do projeto e muitas já nem ligam para a presença das caminhonetes. "Por saberem que não representamos perigo algum a elas, agem naturalmente como se nem estivéssemos lá. Isso só tende a melhorar a cada nova geração de onças pintadas que lá nascem", alega.

Para finalizar, o idealizador acredita que o projeto ensina a entender cada vez mais o modo de vida das onças pintadas.

"Acredito que aprendemos mais a cada dia. Por seguirmos as onças diariamente, temos o privilégio de acompanhar e entender cada vez mais o seu modo de vida, seu hábitos e etc. Acho que ainda há muito a se aprender sobre onças pintadas e reescrever muitas coisas que estão escritas em livros sobre os comportamentos das mesmas. Quanto mais aprendemos vemos que muito pouco se sabe", finaliza.

Câmeras instaladas no refúgio da fazenda Caiman, flagram onças pintadas no habitat natural. (Foto: Projeto OnçaFari)
Câmeras instaladas no refúgio da fazenda Caiman, flagram onças pintadas no habitat natural. (Foto: Projeto OnçaFari)
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