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Política

“Sem caminhão e sem alimento”, Salute só quer vender para a prefeitura

Edivaldo Bitencourt e Helton Verão | 12/08/2013 16:36
Érico se contradisse e não justificou irregularidades na CPI (Foto: Helton Verão)
Érico se contradisse e não justificou irregularidades na CPI (Foto: Helton Verão)

A Salute Distribuidora de Alimentos, microempresa criada no dia 1º de abril deste ano, “não tem caminhão, não tem estoque, não tem alimentos” e pretende ter apenas um cliente, a Prefeitura Municipal de Campo Grande. E após ser contratada sem contratação pelo prefeito Alcides Bernal (PP), o grupo promoveu reajuste de até 113% em 20 dias no preço dos produtos.

As informações, que indicam que a microempresa foi criada apenas para fornecer merenda para os centros de educação infantil do município de Campo Grande, foram dadas, na tarde de hoje, por um dos sócios da Salute, Érico Chezini Barreto, que prestou depoimento à CPI do Calote, na Câmara Municipal. Ele falou das 14h30 às 15h50 de hoje (12).

Acompanhado do advogado Leonardo Costa, Barreto admitiu que não tem interesse em ter outros clientes. O único objetivo da Salute, que só conseguiu um contrato emergencial, é trabalhar apenas com a Prefeitura da Capital. “A Prefeitura já dá muito trabalho”, justificou o empresário.

O presidente da CPI do Calote, vereador Paulo Siufi (PMDB), ironizou a declaração. “Essa empresa foi abençada pela prefeitura”, destacou, já que a Salute foi criada no dia 1º de abril deste ano e conseguiu abocanhar, dois meses depois, um contrato emergencial R$ 4,3 milhões.

O caso espantou o vereador Chiquinho Telles (PSD), que questionou a coincidência do grupo ser contemplado com o contrato emergencial. “Não pretendemos buscar mais clientes, porque a prefeitura já dá muito trabalho”, justificou Barreto. No entanto, o contrato emergencial firmado no dia 21 de junho deste ano, no valor de R$ 4,3 milhões, só tem duração de 90 dias.

Aliás, nem do recebimento, a Salute pode reclamar. Enquanto empresas que venceram a licitação só recebem com atraso de até cinco meses, a empresa de Érico Barreto vem sendo paga religiosamente em dia. O último pagamento de R$ 672 mil foi pago no dia 2 deste mês.

Sem nada – A Salute terceiriza todos os serviços. De acordo com Barreto, eles fazem cotação no mercado para comprar os produtos mais baratos para serem fornecidos às creches.

Um dos fornecedores é o Atacadão da Avenida Duque de Caixas, na saída para Aquidauana. No entanto, ele se contradisse ao informar que o grupo faz entrega a domicílio. Logo após a declaração, Siufi chamou a atenção de que a CPI apurou de que a declaração não era verdadeira. O Atacadão não faz entrega de compras a domicílio.

Após ser colocado contra a parede, Barreto se desdisse e afirmou que a entrega é feita por um fretista indicado pelo Atacadão.

Prefeito – Érico afirmou que não conhece o prefeito Alcides Bernal, a secretária municipal de Ação Social, Thaís Helena, ou outro secretário municipal. A declaração provocou risos na plateia, porque o grupo comentou que Érico era frequentador assíduo do gabinete de Bernal na Assembleia Legislativa.

Outro fato que chamou a atenção da CPI foi o reajuste de 113% no preço do achocolatado de 400 gramas. No pregão de maio, a empresa propôs cobrar R$ 0,72 pelo produto. No entanto, após assinar o contrato emergencial, elevou o preço do produto em 113%, para R$ 1,54.

Érico Barreto justificou que a promoção tinha acabado. No entanto, o relator da CPI, Elizeu Dionísio frisou que uma promoção teria duração de 60 dias.

Após o depoimento, a CPI decidiu convocar outros secretários para explicar o contrato com a Salute, como os titulares das pastas de Administração, Roberto Ballock, e de Educação, José Chadid.

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