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Política

Antônio João quer fim do voto obrigatório e fala sobre homofobia

Ludyney Moura e Edivaldo Bitencourt | 09/09/2014 09:00
"Nasci e fui batizado como católico apostólico romano. Sou cristão. E considero um ato anti-cristão abortar um ser vivente", diz Antônio João (Foto: Arquivo/CGNews)
"Nasci e fui batizado como católico apostólico romano. Sou cristão. E considero um ato anti-cristão abortar um ser vivente", diz Antônio João (Foto: Arquivo/CGNews)

Defendendo o fim do voto obrigatório, contra a liberação da maconha, mas favorável ao seu uso medicinal, e contra o aborto, por ser "católico apostólico romano", o candidato do PSD a senador, o empresário Antônio João Hugo Rodrigues, é o segundo entrevistado do Campo Grande News na rodada feita com os postulantes a uma cadeira no Senado Federal.

Antônio João, que preside o diretório regional do PSD, é o candidato ao Senado da chapa encabeçada pelo tucano Reinaldo Azambuja. Ele é proprietário do jornal Correio do Estado, um dos mais antigos de Mato Grosso do Sul, e já sentiu o gosto de ser congressista.

O social-democrata foi suplente de senador, durante todo o primeiro mandato de Delcídio do Amaral (PT), e é apontado como um dos principais responsáveis pela eleição surpreendente do petista, em 2002, ao derrotar o então favorito e ex-governador Pedro Pedrossian.

Em 2006 ele experimentou, por 120 dias, o gosto de ser Senador da República, quando o titular, Delcídio, se licenciou para disputar o pleito ao Governo do Estado, vencida por André Puccinelli (PMDB). Está é a primeira vez que Antônio João concorre a uma eleição.

Confira a entrevista do candidato ao Campo Grande News:

- Alguns nomes de peso na política nacional, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o senador Cristóvão Buarque (PDT-DF), são defensores do projeto de lei que liberaria a comercialização da maconha no Brasil, como forma de dar ao Governo Federal maior controle sobre o consumo do entorpecente. Tema que deverá ser debatido no Congresso na próxima legislatura. Qual seria seu posicionamento diante desta temática?

Antônio João - Sou favorável ao uso de medicamentos produzidos a partir de componentes da Cannabis Sativa, desde que com fins medicinais. Sou contra a liberação do consumo da maconha.

- Todos os candidatos defendem a reforma tributária e menos impostos. Quais tributos devem ter redução na sua avaliação?

Antônio João - A redução de impostos deve ser promovida depois de estudos completos sobre a necessidade ou não de taxas tão massacrantes. O ICMS é um deles. Não se pode simplesmente sair defendendo a redução destes ou daqueles tributos. Há que se proceder um estudo amplo, para determinar quais deverão ser reduzidos e em que percentuais.

- O governador André Puccinelli (PMDB) tem se destacado, nacionalmente, na defesa dos interesses fiscais dos Estados menos industrializados do país, em um episódio classificado por alguns como Guerra Fiscal. Como enfrentaria a questão e o que apresentaria de solução parlamentar para isso?

Antônio João - É meritória a atuação do governador em favor da industrialização. Ocorre, porém, que a lei atual permite a concessão de benefícios às novas empresas em períodos de 15 até 30 anos. Não há consultas aos municípios, que perdem receitas, se eles concordariam com a insignificante carga às indústrias que chegam. As que já se instalaram sofrem, com isso porque recebem quase nada. E muitas vezes fecham as portas, pela falta de competitividade. Em resumo, beneficia a quem chega e vitimiza quem começou do nada e trabalhou muitos anos com os tributos pesados. Outro problema grave, no caso do Mato Grosso do Sul, é o percentual que incide sobre os combustíveis. Um absurdo e um abuso.

- Outro tema polêmica é o fim do voto obrigatório. O senhor vai trabalhar para acabar com esta obrigação?

Antônio João - Voto nunca deveria ser obrigatório. A depender de mim, se for eleito, estarei no rol dos que defendem o voto livre, não obrigatório.

- A reforma política pode adotar o voto distrital ou o voto distrital misto. Qual sistema o senhor defende?

Antônio João - O distrital misto me parece a melhor solução.

- Os suplentes de senador são bastante criticados, porque assumem sem passar pelo escrutínio popular. O que o senhor propõe neste caso, manter ou mudar o atual sistema dos suplentes?

Antônio João - Se quem não é votado diretamente não deveria ser candidato, vamos começar acabando com os vice-governadores, que também não recebem votos diretos. Os suplentes de senadores são votados indiretamente. Mas defendo que seja apenas um suplente e não dois.

- A reeleição foi implantada em 1997. Alguns candidatos a presidente defendem o fim deste sistema. Qual a sua opinião sobre o fim da reeleição e qual o melhor modelo para o Brasil?

Antônio João - O mandato é uma concessão popular. Se o povo entender que um chefe de executivo deve ser reeleito, ele votará a favor. Se for contra, mandará o governante medíocre para fora do gabinete. Quantos já não foram reeleitos? A presidente Dilma corre esse risco: respeitar a vontade popular é o mais correto.

- As campanhas eleitorais devem ter financiamento público ou manter o atual sistema, com contribuição de empresas e cidadãos?

Antônio João - É uma bobagem pensar que não haverá doações de empresas. Dinheiro público em campanhas? Já existem. Mas deveria, isso sim, haver uma lei para impedir que empresas doadoras sejam fornecedoras ou empreiteiras dos governos.

- O Congresso também deve discutir a adoção de crianças por casais homossexuais. Qual a sua opinião a respeito do assunto?

Antônio João - Eu sou do tempo que um casal era um casal. Homem e mulher. Deveria ser feito um amplo estudo social e científico para definir este tipo de adoção.

- Um projeto de lei propõe que a homofobia seja considerada crime semelhante ao racismo. Qual a sua posição a respeito do assunto?

Antônio João - Crime grave é traficar drogas, viciar crianças, matar pessoas, ferir, estuprar e semelhantes. Eu tenho muitos funcionários de opção sexual diferente da minha. Respeito todos eles e não tenho nenhuma discriminação.

- E o aborto, deve ser mantido na forma atual da lei, que é permitido nos casos de estupro e ameaça à saúde da mulher, ou sofrer alterações, como retirar esses direitos ou ampliá-los?

Antônio João - Nasci e fui batizado como católico apostólico romano. Sou cristão. E considero um ato anti-cristão abortar um ser vivente. Fico sempre imaginando uma senhora, com três filhos, sentada em uma cadeira e vendo seus rebentos se aproximarem sorrindo, gritando de alegria. E ela pensando: ”está faltando um, o primeiro. Que eu mandei um assassino profissional matar”. Deve ser uma dor horrorosa. Se não durante a fase mais jovem de vida, mais tarde, na velhice. E no leito de morte, imaginando qual será a sua punição. Simplesmente um inferno. Quem acredita que tudo que acontece no mundo é com a atuação de Deus, não deve ser favorável ao aborto. Existem métodos anti-conceptivos eficientes e não se justifica a gravidez indesejada: é uma irresponsabilidade. Quanto ao aborto para quem foi vítima de estupro, fica na responsabilidade de cada um. Devemos nos lembrar que a maldade não é genética.

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