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Política

Bastidores de ações de vereadores incluem polícia e pressão política

Zemil Rocha | 03/08/2013 09:11
Testemunha Adair deixando a sala da juíza Elisabeth Baish (Fotos: Cleber Gellio)
Testemunha Adair deixando a sala da juíza Elisabeth Baish (Fotos: Cleber Gellio)
Testemunha Roger entrando na sala da juíza, o segundo a depor
Testemunha Roger entrando na sala da juíza, o segundo a depor

Nos bastidores das oitivas de testemunhas nos processos de cassação dos vereadores de Campo Grande, na 36º Zona Eleitoral, as testemunhas chegam a ficar sob “escolta” de policiais à paisana, de um lado, e a pressão psicológica de pessoas fiéis aos políticos de outro. Além disso, os advogados e membros do Ministério Público travam uma “guerra” processual em defesa dos interesses em jogo.

Essa situação faz com que as testemunhas, tanto de defesa quanto de acusação, fiquem temerosas em falar com a imprensa e revelar o que viram quanto às acusações de troca de tickets combustíveis por votos, causa principal que levou a juíza Elizabeth Rosa Baish, da 36ª Zona Eleitoral, a sentenciar pela cassação dos vereadores Paulo Pedra (PDT), Thais Helena (PT), Delei Pinheiro (PSD) e Mario Cesar (PMDB), todos já de volta às atividades normais depois de conseguir suspensão das decisões no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Ontem, Roger de Jesus Freitas, Adair Souza da Mata, Jovair Torres e José Luiz Pessoa de Oliveira, testemunhas de acusação, que foram ouvidos pela juíza a pedido do Ministério Público (MP), estavam sob a “proteção” de dois agentes a serviço do MP, que não quiseram se identificar.

No mesmo local, a recepção da 36ª Zona Eleitoral, três testemunhas de defesa aguardavam a possibilidade de exercer o direito do “contraditório”, embora não tivessem sido convocadas pelo Juízo. Uma delas tentava convencer José Luiz Pessoa de Oliveira de que não teria havido troca de combustível por votos. “Não teve nada disso, você sabe”, afirmou. “As pessoas são egoístas, quanto mais têm, mais querem. É isso que está acontecendo”, acrescentou.

Enquanto isso, a testemunha Adair Souza da Mata dava o mais longo dos depoimentos da tarde de ontem à juíza, quase duas horas, confirmando que realmente aconteceu a troca de combustível por votos para o vereador Alceu Bueno. Adair foi funcionário do partido presidido no Estado por Bueno, o PSL, tendo se desligado no começo deste ano. Perto dos funcionários do cartório eleitoral estava outra testemunha de acusação, que também foi funcionários de Alceu Bueno, Roger de Jesus Freitas.

Abandonando a oitiva – A estratégia da defesa de chamar à contradita testemunhas favoráveis a Alceu Bueno não deu certo, pois a juíza teria alegado que estava ouvindo Roger, Adair, Jovair e José Luiz apenas como “informantes”. Diante dessa situação, após a oitiva Adair, os advogados de Alceu Bueno deixaram a sala de audiência considerando que teria havido “cerceamento de defesa”.

As testemunhas de defesa, identificadas apenas como sendo Gelson, Cintia e Coronel, deixaram logo em seguida o prédio onde fica a 35ª Zona Eleitoral fazendo denúncia de que as testemunhas de acusação estavam sendo “orientadas” pelos agentes do Ministério Público. “Tem até um policial músculo lá, que está armado”, afirmaram.

Diante dessas informações, a reportagem do Campo Grande News voltou à 36ª Zona Eleitoral e conversou com as testemunhas José Luiz e Jovair Torres. “Não tem nada disso. Estamos livres para falar o que aconteceu”, garantiu José Luiz, com a concordância de Jovair, tendo, porém, ao lado os dois agentes policiais.

Segundo José Luiz, a afirmação de Gelson, corroborada pelas outras testemunhas de defesa, de que estaria havendo pressão dos agentes policiais não passava de “invenção” de quem tem interesse oposto. Informou ainda que Gelson estava fiel ainda ao vereador Alceu Bueno, ao contrário de Roger, que seria primo dele.

 

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