ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 19º

Política

Campo Grande pode ficar parada com nova “guerra de liminares”

Josemil Arruda | 15/05/2014 18:16
Carlos Marques considera que prefeito só deveria ser afastado após análise de tribunal (Foto: arquivo)
Carlos Marques considera que prefeito só deveria ser afastado após análise de tribunal (Foto: arquivo)

A insegurança jurídica, como possível retorno da guerra de liminares, deve provocar sérios prejuízos para Campo Grande, com a cidade ficando praticamente parada quanto a convênios e implantação de novos empreendimentos. Na avaliação de juristas ouvidos pelo Campo Grande News, ninguém vai ter segurança de fazer qualquer negócio com a prefeitura.

Mesmo quanto a convênios com órgãos públicos podem acabar deixando de acontecer ou serem adiados indefinidamente. Um deles é como o que soma R$ 491 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade Urbana e Pavimentação, a serem assinados, com a presidente Dilma Roussef.

Também há dois projetos com o Detran que ficam em suspensos: R$ 1,8 milhão para um fundo municipal atender a Santa Casa de Campo Grande e outro de R$ 1,4 milhão para reordenamento da Via Park com a Avenida Mato Grosso e a Rua Antônio Maria Coelho, região com frequentes ondas de congestionamento.

Para o advogado Carlos Marques, ex-presidente da OAB-MS e ex-juiz eleitoral, essa situação de insegurança jurídica é “horrível para todo mundo”, em que pese ser um direito o uso da via recursal e os pedidos de liminares. “O que tem de cuidar é essa troca de liminares. Isso cria insegurança”, afirmou ele.

Na opinião de Marques, o melhor mesmo seria que decisões como essas que alteram a vida de toda a cidade, como cassação ou retorno de prefeito, tenham “efeito suspensivo” e só sejam efetivadas após análise do tribunal competente. Considera que o Judiciário tem de ter cautela redobrada nesses casos, até porque Município tem toda uma estrutura, que envolve secretarias, serviços públicos, negócios e serviços, que ficam prejudicados com as instabilidades.

“Quando estava no eleitoral e um prefeito era cassado, apesar de o recurso não ter efeito suspensivo, eu dava liminares em cautelares para suspender. Como é rápida a tramitação na Justiça Eleitoral, entre a sentença do juiz e o julgamento do TRE se passavam apenas dois meses. Eu considerei que o prefeito deveria ter oportunidade de defesa pelo menos até o tribunal apreciar a matéria”, lembrou Carlos Marques.

Outro advogado basante conhecido no Estado e que também já foi presidente da OAB-MS, Wladimir Rossi Lourenço concorda que o “clima de instabilidade institucional não é bom para a cidade”. Avalia que a coletividade de um modo geral é afetada. “A gente quer almejar a paz, tranquilidade para fazer negócios, investir. É necessário, cabe ao judiciário determinar com rapidez a soluação para acabar com essa instabilidade”, defendeu.

Waldimir Rossi observou, porém, que é preciso levar em conta que o sistema do devido processo legal assegura a defesa dos direitos. “Há uma decisão liminar. Se não for suspensa, tem de ser cumprida. É um primado que assegura a todos que têm direito violado poder reclamar ao Judiciário. É obvio que qualquer recurso leva em consideração essa circunstância, de que a decisão pode gerar uma instabilidade. Esse é argumento para quem vai recorrer”, apontou.

Segundo ele, a questão da “continuidade sem percalço da administração” é certamente uma questão que devem ser enfrentada por quem for decidir o recurso que a Câmara de Campo Grande deve manejar no Tribunal de Justiça.

Nos siga no Google Notícias