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Política

Candidato do PSOL ao Senado defende descriminalização da maconha

Ludyney Moura | 10/09/2014 09:00
Lucien Rezende é a favor da descriminalização  da maconha (Foto: Marcelo Calazans)
Lucien Rezende é a favor da descriminalização da maconha (Foto: Marcelo Calazans)

O trabalhador rural Lucien Rezende é o candidato do PSOL à vaga de Senador da República por Mato Grosso do Sul. Aos 50 anos o socialista quer ter um papel de destaque na política do Estado e defende a descriminalização da maconha, como “estratégia de combate ao tráfico de drogas”.

Rezende também promete discutir uma reforma tributária no Senado, e quando questionado sobre o aborto se limita a dizer que a mulher precisa ser respeitada quanto ao que quer fazer com seu corpo. Ele tem sido figura presente ao lado do cabeça de chapa do PSOL, Sidney Melo.

O candidato do PSOl também defendo o fim da reeleição e afirma que o “O financiamento privado de campanhas é a ponta do fio da meada dos maiores escândalos de corrupção que conhecemos”.

Confira a entrevista de Lucien Rezende ao Campo Grande News:

Alguns nomes de peso na política nacional, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o senador Cristóvão Buarque (PDT-DF), são defensores do projeto de lei que liberaria a comercialização da maconha no Brasil, como forma de dar ao Governo Federal maior controle sobre o consumo do entorpecente. Tema que deverá ser debatido no Congresso na próxima legislatura. Qual seria seu posicionamento diante desta temática?

Lucien Rezende - Defendemos a descriminalização da Maconha como estratégia de combate ao tráfico de drogas. A chamada "guerra às drogas" protagonizada pelo Brasil serviu até o momento apenas para punir os mais pobres e os mais vulneráveis, deixando os barões e os cartéis do tráfico cada vez mais poderosos. A legalização do uso medicinal e recreativo da maconha, com controle do Estado contribuirá com a diminuição da violência e com a desestruturação e desarticulação do poder econômico dos traficantes.

Todos os candidatos defendem a reforma tributária e menos impostos. Quais tributos devem ter redução na sua avaliação?

Lucien Rezende - A reforma tributária deve ser ampla e com objetivo claro de desoneração da classe trabalhadora, dos aposentados, dos pequenos empreendedores, comerciantes e produtores. Neste contexto, precisamos garantir a proteção da economia brasileira sem explorar a população. Todos os impostos devem ser revisados e rediscutidos, mas, considero que o IOF, IPI, e o IE (Imposto sobre exportações) devam ser os primeiros a serem discutidos, bem como, é necessário que o congresso trate da questão sobre a tributação das grandes fortunas para inverter a lógica de cobrar demais dos que têm menos.

O governador André Puccinelli (PMDB) tem se destacado, nacionalmente, na defesa do interesses fiscais dos Estados menos industrializados do país, em um episódio classificado por alguns como Guerra Fiscal. Como enfrentaria a questão e o que apresentaria de solução parlamentar para isso?

Lucien Rezende - No Senado, além de defender a reforma tributária ampla, faremos a defesa e o debate urgente na defesa da economia de nosso Estado. A guerra fiscal está diretamente ligada a questão da produção e da necessidade de importação de produtos beneficiados. Vamos atuar no sentido de estabelecer legislação que garanta a justiça tributária entre os Estados.

Outro tema polêmica é o fim do voto obrigatório. O senhor vai trabalhar para acabar com esta obrigação?

Lucien Rezende - Pretendemos fazer um mandato que estimule o eleitor à participar da política e que faça o mesmo se sentir satisfeito ao participar dos momentos democráticos e eleitorais do país. No entanto, sempre defenderemos o direito à liberdade de escolha de cada cidadão. Política não deve ser imposição, se assim for se transforma em resquício de regime de exceção.

A reforma política pode adotar o voto distrital ou o voto distrital misto. Qual sistema o senhor (a) defende?

Lucien Rezende - O Brasil é um país continental, com regiões e características diversas, por isso, precisamos adotar um modelo que contemple as expectativas e necessidades de cada região ou localidade do país. Mas, penso que o voto distrital misto com a escolha em lista oferecida pelos partidos não é amplamente democrático,pois a decisão final fica a à mercê de direções partidárias, nem sempre comprometidas com o pensamento ou com as expectativas dos eleitores.

Os suplentes de senador são bastante criticados, porque assumem sem passar pelo escrutínio popular. O que o senhor (a) propõe neste caso, manter ou mudar o atual sistema dos suplentes?

Lucien Rezende - É fato que boa parte dos eleitores não se atentam para a questão de quem são os suplentes, e, portanto, defendo que o suplente seja o candidato que obteve votação imediatamente inferior ao eleito, ou que se realize uma nova eleição à cada vacância do titular.

A reeleição foi implantada em 1997. Alguns candidatos a presidente defendem o fim deste sistema. Qual a sua opinião sobre o fim da reeleição e qual o melhor modelo para o Brasil?

Lucien Rezende - Sou a favor do fim da reeleição. O fim da instituição da reeleição garante a alternância no exercício do poder e ajuda a evitar a consolidação de vícios políticos como a corrupção. Mas, também é necessário que se estabeleça legislação que obrigue o próximo gestor a finalizar atos, contratos e projetos em andamento que sejam considerados relevantes para a população brasileira à fim de evitar o desperdício dos recursos públicos.

As campanhas eleitorais devem ter financiamento público ou manter o atual sistema, com contribuição de empresas e cidadãos?

Lucien Rezende - Financiamento público com certeza, e mais, com equidade para que todos possam efetivamente disputar os pleitos em reais condições de igualdade. O financiamento privado de campanhas é a ponta do fio da meada dos maiores escândalos de corrupção que conhecemos.

O Congresso também deve discutir a adoção de crianças por casais homossexuais. Qual a sua opinião a respeito do assunto?

Lucien Rezende - Amor, respeito, carinho, cuidados e outros bons sentimentos e valores não têm sexo ou gênero. Sou a favor da adoção por qualquer casal humano que comprove condições econômicas, físicas, morais e emocionais.

Um projeto de lei propõe que a homofobia seja considerada crime semelhante ao racismo. Qual a sua posição a respeito do assunto?

Lucien Rezende - Precisamos criminalizar para combater com rigor toda forma de preconceito ou de ação intolerante.

E o aborto, deve ser mantido na forma atual da lei, que é permitido nos casos de estupro e ameaça à saúde da mulher, ou sofrer alterações, como retirar esses direitos ou ampliá-los?

Lucien Rezende - Não se trata de ampliar ou retirar direitos, trata-se de entender que todo cidadão ou cidadã é livre para decidir o que fazer por si próprio, ou com seu próprio corpo. O Estado deve apenas amparar a mulher, garantir-lhe apoio e assistência independente de sua decisão.

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