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Política

De olho na prefeitura, presidente da Cassems deixa o PT após 14 anos

Antonio Marques | 18/08/2015 15:23
Presidente da Cassems, Ricardo Ayache, anunciou desfiliação do PT para disputar a prefeitura da Capital no próximo ano. (Foto: Arquivo)
Presidente da Cassems, Ricardo Ayache, anunciou desfiliação do PT para disputar a prefeitura da Capital no próximo ano. (Foto: Arquivo)

Como antecipado ontem pelo Campo Grande News, o presidente da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores de Mato Grosso do Sul) Ricardo Ayache, anunciou hoje, 18, a sua saída do Partido dos Trabalhadores, depois de 14 anos de filiação. Ele disse reconhecer a importância do PT para a consolidação da democracia no Brasil e as conquistas sociais, mas revelou não sentir-se mais confortável em prosseguir no partido diante da incoerência entre os princípios e as práticas políticas.

Ricardo Ayache disse que sua decisão foi com o coração apertado, considerando o tempo que permaneceu e participou das lutas e conquistas do partido em Mato Grosso do Sul. Ele agradeceu aos militantes e lideranças do PT com quem conviveu e disse ter obtido muita lição de generosidade. “Fiz grandes amigos, conheci militantes honrados. Estivemos juntos nos lugares mais distantes, compartilhando sonhos de justiça, cidadania e igualdade”, comentou.

Segundo Ayache, que é médico cardiologista, apesar de não ser uma decisão fácil, ele disse que era necessário olhar para o futuro e reconstruir ideias e lutas. Ele não deixou de criticar seu ex-partido em razão do atual cenário nacional, que considera de incoerência entre os princípios e as práticas políticas do PT. “Um projeto de governo não pode ser substituído por um projeto de poder”, escreveu ele em nota distribuída à imprensa e nas redes sociais.

Como revelou ontem o Campo Grande News, Ayache não revelou qual seu destino político para disputar a prefeitura de Campo Grande, mas a reportagem já apurou que as conversas estão bem avançadas com a direção nacional do PSB, da deputada Tereza Cristina e do vereador da Capital, Carlos Augusto Borges, o Carlão.

Nos bastidores há especulações de que ele iria para o PTB, presidido por Ivan Louzada, mas nos últimos dias as conversas ficaram mais intensas sobre sua filiação ao PSB. Ayache teria conversado, na semana passada em Brasília, com o presidente nacional do PSB. Carlos Siqueira, e chegou a ir a São Paulo para uma conversa com o vice-governador de São Paulo, Márcio França, que também integra o PSB, mesmo partido da deputado federal Tereza Cristina.

De qualquer forma seu destino partidário não deve ser conhecido agora, considerando que ele terá até o início de outubro, um ano antes das eleições, para se filiar a um partido político para poder disputar a Prefeitura da Capital.

Revelação - Ricardo Ayache assumiu a presidência da Cassems após a saída do ex-deputado Lauro Davi (PROS), que deixou a entidade para disputar as eleições em 2010. Com boa avaliação na administração da Caixa de Assistência, Ayache foi conclamado candidato ao Senado Federal pelos militantes do PT, em assembleia regional do partido, por ser uma nova liderança política na agremiação.

Como candidato ao Senado, Ayache foi a grande revelação nas eleições de 2014, superando a votação do ex-prefeito cassado de Campo Grande, Alcides Bernal. Ele foi o segundo mais votado no Estado, com 281.022, perdendo apenas para a eleita Simone Tebet (PMDB).

Veja a íntegra da carta de desfiliação do PT

Como médico cardiologista, sei muito bem as razões pelas quais o coração é usado como metáfora para explicar os momentos de emoção. É com o coração apertado, mas com a certeza de que é preciso olhar para o futuro, reconstruindo ideais e lutas, que peço a minha desfiliação do Partido dos Trabalhadores.

Não foi uma decisão fácil, uma vez que milito no PT há mais de 14 anos e, nele, fiz grandes amigos, conheci militantes honrados. Estivemos juntos nos lugares mais distantes, compartilhando sonhos de justiça, cidadania e igualdade.

A esses homens e mulheres, militantes das causas mais diversas, deixo a minha gratidão e levo belas lições de generosidade. E é a eles, a essa gente valente, que devo grande parte da minha expressiva votação, na última eleição, para o Senado da República.

Reconheço as conquistas sociais e o quanto o PT foi importante para a consolidação da democracia no Brasil, mas, diante do atual cenário nacional e da incoerência entre os princípios e as práticas políticas do Partido, não me sinto mais confortável em prosseguir dentro da estrutura partidária. Um projeto de governo não pode ser substituído por um projeto de poder. O pragmatismo não pode se sobrepor aos compromissos programáticos feitos com o povo.

Nenhum cidadão pode se recolher ao silêncio quando o seu país e a sua cidade precisam de vozes ativas em defesa de transformações e reformas profundas e estruturantes, capazes de mudar práticas na gestão pública, nas relações políticas e na vida do nosso povo.

A minha experiência de mais de 15 anos, como gestor de saúde, mostra que é possível ir além do possível, transformar a vida das pessoas, através do compartilhamento coletivo de ideias, da inovação, do planejamento à concretização de ações transformadoras, que tenham na sua essência a justiça social e o pensamento humanista.

Temos grandes desafios e neles cabem todos os que buscam a refundação da política, os que têm coragem de anunciar mudanças e recomeçar, os que acreditam que o futuro pode e deve ser melhor, conquistando o imaginário e o coração de todos os sul-mato-grossenses e de todos os brasileiros.

Acredito que somos muitos e que os nossos sonhos são possíveis.

Diante do exposto, apresento a petição para REQUERER A MINHA DESFILIAÇÃO DO PARTIDO DOS TRABALHADORES - PT, a partir desta data.

Ricardo Ayache

Campo Grande - MS, 17 de agosto, de 2015.

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