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Política

Embora descrente, população diz que não escolhe partido; voto é nas pessoas

Eleitores afirmam que não deixariam de votar em um candidato por não gostar de seu partido

Wendell Reis | 18/01/2012 14:32
Eleitor analisa conduta do candidato, mas também vota por amizade(Foto: João Garrigó)
Eleitor analisa conduta do candidato, mas também vota por amizade(Foto: João Garrigó)

O ano de 2012 será marcado pela disputa por prefeituras e vagas nas Câmaras em todo o País. Na Capital do Estado, por exemplo, são poucos os partidos que definiram os candidatos e as alianças podem mudar todo o cenário. Se de um lado os partidos ainda fazem negociações para decidir o futuro, do outro a população já tem uma certeza: Não vota por partido.

Recentemente o Campo Grande News ouviu alguns representantes de partidos para saber o que eles pensam a respeito da perda de ideologia dos partidos, entendida por alguns como uma nova forma de administrar e por outros como uma troca de interesses. A maior parte dos entrevistados disse que a maneira de administrar fez os partidos ficarem parecidos. Na ocasião, o professor Eron Brum, doutor em Ciência da Comunicação, declarou que a população não deve ser tratada como vítima, mas como reflexo, já que não tem ideologia e até esquece em quem votou.

Nas ruas, a maioria das pessoas diz que não vota por partido e sim por candidatos, mas confidencia que está um pouco descrente com a atuação dos representantes. Entretanto, esta rejeição evidencia que o partido atualmente não tem uma importância negativa. Nenhum dos entrevistados disse que não vota em determinado partido. Porém, vários disseram que votam em certo partido.

O aposentado Argemiro Corrêa, 66 anos, diz que não vota em um partido específico e na hora da escolha analisa o candidato. “Se ele for bom eu voto. Não votaria só em um partido comunista e mais de esquerda. Aí, eu não voto. Por exemplo: Nunca tinha votado no PT. Mas, da última eu votei e não perdi o voto não. O Lula, por exemplo, foi um bom homem”.

O vendedor autônomo Sérgio Aparecido, 52 anos, se mostra bastante decepcionado com os políticos, principalmente do legislativo. “Não voto por nada. No legislativo eu anulo o voto, porque não serve para nada. Não tem sentido. Legislativo é igual cinzeiro em moto. No Executivo eu procuro ver a pessoa. No legislativo eu nunca votei. Partido é uma coisa só. Um negócio. Não voto em nenhum”.

A vendedora Maeli de Barros Camargo, 21 anos, confidencia que vota por votar. Mas, quando escolhe alguém, opta por quem vai mudar. “Voto em alguém para mudar. Ver se melhora alguma coisa. Mas, não dou muita importância para o voto. Que vai resolver vai, mas eu não dou muita importância”.

A enfermeira Vera Regina Ferreira Gutierres, 60 anos, afirma que o principal critério para a sua escolha é a honestidade. Vera confidencia que tem preferência pelo PT, mas não se opõe a votar em alguém de outro partido. “Voto no PT, mas se tiver outro que conheço e confio, votaria pela pessoa e não só pelo partido, que é uma sigla. Tem que confiar na pessoa que vai representar o povo”.

O vendedor José Evandro, 46 anos, também está descrente com a política brasileira. “O partido na política brasileira virou uma prostituição. Eu voto mais para o lado da amizade. Um parente meu pediu ou eu conheço alguém. Sempre relacionado à amizade. Não tem opção. Você vai votar em uma pessoa que não conhece para fazer a mesma coisa? Por isso o Tiririca ganhou a eleição. Falta de opção”.

Decepcionada, Sandra prefere anular seu voto e está satisfeita com a atitude (Foto: João Garrigó)
Decepcionada, Sandra prefere anular seu voto e está satisfeita com a atitude (Foto: João Garrigó)

A secretária Sandra Martinez também revela decepção com a política e diz que não vota em pessoa e muito menos em partido. “Eu estou muito decepcionada com todos. Então, prefiro anular o meu voto. Não costumo votar. É uma opção minha. Uma coisa que eu decidi e está me satisfazendo”.

Lucinda Maria Diniz, 46 anos, afirma que na hora de votar analisa a conduta do político. “Voto pela pessoa. Seu comportamento no decorrer da vida política. Vejo se a história me convence. Eu voto em gente nova desde que me convença durante o programa eleitoral. Sou anti-partido, voto pela pessoa”.

O frentista Rodrigo Joaquim Santana dos Santos, 33 anos, é o único entrevistado que diz votar por partido. O eleitor do PT afirma que escolheu a sigla pela atual administração do Brasil. “Escolhi o PT pela situação que se encontra o Brasil. Uma continuação do serviço. Voto pelo que está acontecendo”.

O doutor em geografia humana, Tito Machado, analisa que a crise na identidade dos partidos atinge o mundo inteiro. Ele cita como exemplo a China, comandada pelo Partido Comunista, onde já se admite analisar o País como: economia de mercado. Tito explica que a crise nas ideologias começou com a queda do Muro de Berlin, fazendo com que tanto o socialismo, quanto o capitalismo, entrasse em crise. No socialismo surgiu a dúvida se ainda é possível implantá-lo nas condições atuais. Já o capitalismo, perdeu a sua referência contrária, ficando em uma situação bastante difícil.

O especialista em geografia política acredita que é ilusório dizer que não vota em partido, já que os escolhidos representam necessariamente uma sigla. Tito afirma que estudos revelam que as pessoas continuam votando em partido, embora digam que querem conhecer o indivíduo. Ele avalia que os partidos administram de maneira diferente sim, mas as mudanças entre um e outro não são tão significativas. Para Tito, a falta de interesse pelo voto é um risco muito grande, tendo em vista que o voto sustenta a democracia.

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