ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 24º

Política

Ex-presidente de conselho abusa de ironia e tem "amnésia" na CPI

Lidiane Kober e Jéssica Benitez | 12/08/2013 14:14
CPI da Saúde ouvi ex-diretores de hospital (Foto: Jéssica Benitez)
CPI da Saúde ouvi ex-diretores de hospital (Foto: Jéssica Benitez)

Presidente do Conselho Curador do HC (Hospital do Câncer) de 2003 a 2011, Luis Felipe Mendes abusou de ironias e teve crise de "amnésia" em depoimento, nesta segunda-feira (12), à CPI da Saúde, instalada na Câmara Municipal para apurar desvio de dinheiro público no HC e no HU (Hospital Universitário).

Ele não lembra nem mesmo quanto recebia do Hospital do Câncer e nem se, enquanto presidente, autorizou empréstimo de R$ 500 mil para aquisição de aparelho de braquiterapia. “Não sei quanto que eu ganho, minha mulher é quem sabe, se vejo que tenho dinheiro na conta, vou gastando”, disse, em tom irônico aos vereadores.

Atualmente, Luis Felipe atua como médico no HC. “Hoje recebo R$ 7 mil bruto e R$ 5 mil líquido, só do Hospital do Câncer. Até o ano passado, não tinha salário fixo, ganhava por produção e não me lembro, em média, quanto recebia”, acrescentou.

Na época de presidente do conselho, ele também dava aulas na UFMS (Universidade Federal e Mato Grosso do Sul) e ainda é sócio de Adalberto Siufi no comando da Neorad, empresa suspeita de irregulares na prestação de serviços para o HC.

Amnésia - Indagado sobre como foi adquirido, em 2008, aparelho de braquiterapia no valor de R$ 500 mil, ele não confirmou empréstimo, como apontou Carlos Coimbra, atual presidente do HC. “Não me lembro do empréstimo”, disse.

Na época, por não dispor de sala especializada, o aparelho ficou encostado no hospital, motivando Adalberto Siufi a reivindicar ao seu sócio a cedência do equipamento. Luis Felipe garantiu que, enquanto presidente, não autorizou o empréstimo.

Coimbra, por sua vez, frisou que precisou acionar o MPE (Ministério Público Estadual) para impedir a manobra. Diante das divergências, a CPI deve reconvocar os dois para realizar acareação. Em 2012, a sala foi viabilizada graças a emenda parlamentar de autoria do senador Delcídio do Amaral (PT) e o aparelho passou a ser utilizado.

Presidência – Luis Felipe disse ainda à CPI que só aceitou presidir o conselho porque “ninguém queria ser presidente”. Ele ainda afirmou que nunca suspeitou de irregularidades na administração do hospital, porque “dentro do conselho só têm pessoas idôneas, como desembargador, coronel, empresário e advogado”.

Apesar de ser o principal responsável pelo conselho, ele reconheceu que não se envolvia em decisões contábeis. “Tinha um contador de confiança, não entendo nada de finanças e o que não tenho conhecimento, não sou rigoroso”, declarou para surpresa dos vereadores.

Pouca verba – Luis Felipe ainda aproveitou para reclamar de falta de verba na saúde. “Uma diária na CTI custa R$ 1,5 mil por dia e o SUS repassa R$ 367. Isso quebra qualquer sistema de saúde”, relatou. “A dívida de R$ 150 milhões da Santa Casa é impagável e é culpa do SUS”, emendou. “O reajuste na tabela do SUS foi de 7%, de 2009 para cá. No mesmo tempo, o salário mínimo foi reajustado 50%”, concluiu.

Insatisfatória – Diante das contradições e esquecimentos do ex-presidente do Conselho Curador do HC, vereadores classificaram a oitiva como “insatisfatória”. “Não tivemos respostas satisfatórias, um fala uma coisa e outro, outra”, comentou o vereador Marcos Alex (PT).

“Não fiquei satisfeito, ambos tiveram oportunidade de trazer informações, mas não o fizeram, por isso, a oitiva ficou prejudicada, porque as respostas foram vazias e o ideal é uma acareação”, reforçou, com o apoio do vereador Cazuza (PP).

Também em tom de ironia, Luis Felipe repetia não conhecer os integrantes da CPI da Saúde. Segundo ele, somente a vereadora Carla Stephanini (PMDB) lhe era familiar.

Nos siga no Google Notícias