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Política

Gaeco investiga empréstimo para comprar vereador, diz desembargador

Alan Diógenes e Edivaldo Bitencourt | 28/04/2014 22:58
Vereadores do PT do B já foram ouvidos durante investigação. (Foto: Kleber Clajus)
Vereadores do PT do B já foram ouvidos durante investigação. (Foto: Kleber Clajus)

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) investiga a realização de um "empréstimo" junto a agiotas para comprar vereadores em Campo Grande. A operação, feita no ano passado, teria sido feita pelo Ronan Edson Feitosa de Lima, ex-pastor e ex-assessor do prefeito Gilmar Olarte (PP), e mais duas pessoas. A informação é do desembargador Ruy Celso Florence, que determinou os mandados de busca e apreensão de documentos na casa do prefeito no dia 11 de abril deste ano. 

Além da apreensão de documentos na casa do prefeito, a Justiça teria interceptado gravações telefônicas. Uma das pessoas que teve o telefone grampeado foi o secretário municipal de Governo e principal articulador político de Olarte, Rodrigo Pimentel. 

Florence informou que decidiu revelar o teor da investigação porque Olarte já teve acesso aos documentos e ao processo judicial, que tramitava em segredo de Justiça.

Ronan está sendo investigado pelo Gaeco, pois segundo uma fonte próxima do prefeito, porque ele usou a relação com Olarte, quando era vice-prefeito, para passar cheques sem fundo, dar golpes e tirar vantagens.

De acordo com o desembargador Ruy Florence, dentro do ofício existe uma parte onde o denunciante, que também não teve o nome divulgado, acusa as três pessoas envolvidas em esquema de agiotagem e estelionato que poderia, supostamente, levantar fundos para a compra de um vereador. “Resolvi falar a respeito, pois até o mesmo o prefeito já teve acesso a essas informações, ou seja, o processo não é mais sigiloso para ninguém”, destacou.

O mandado de prisão de Ronan também foi assinado por Ruy Florence. Ele foi preso quando estava em São Paulo. Ronan foi nomeado por Alcides Bernal em janeiro do ano passado para trabalhar no gabinete de Olarte. Ele também foi pastor da igreja Assembleia de Deus Nova Aliança, fundada pelo prefeito, atual presidente de honra. Ronan foi exonerado por Olarte em março deste ano e até expulso da igreja.

A investigação do Gaeco, conforme o magistrado, começou em novembro do ano passado. Ronan teria usado o nome de Gilmar Olarte para aplicar golpes, o que pode incluir o empréstimo.

Em novembro começaram as articulações em torno da Comissão Processante, criada para cassar o mandato de Alcides Bernal (PP).

Ruy Celso afirmou que não se lembra do nome do vereador que seria alvo da "compra". No entanto, até o momento, o Gaeco ouviu três vereadores, todos do PTdoB: Otávio Trad, Eduardo Romero e Flavio Cesar. Eles até apresentaram um "atestado de inocência" emitido pelo Gaeco, mas se recusam a revelar o tema das investigações. "É segredo de Justiça", repetem, os três.

O Campo Grande News também apurou que há uma gravação telefônica, do dia 6 de abril deste ano, entre o secretário municipal de Governo, Rodrigo Pimentel, e um vereador do PTdoB. Eles estariam negociando a indicação de um aliado para ocupar a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico.

Bernal, que até divulgou um vídeo acusando o "golpe", também evitou confirmar a investigação da compra de vereadores. Ele limitou-se a dizer que entregou documentos ao MPE em depoimento na sexta-feira.

O prefeito, que ainda vai depor no Gaeco, também evitou comentar o caso e alegou "segredo de Justiça".

O advogado dos vereadores, Valdyr Custódio, já insinuou que outros vereadores podem ser convocados para depor sobre o escândalo, que tramitava em sigilo até hoje.

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