ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 22º

Política

Governo tentou comprar silêncio de Delcídio para evitar delação, diz revista

Revelações foram divulgadas momentos depois da homologação da colaboração premiada pelo STF

Mayara Bueno | 15/03/2016 12:05
Ministro Aloisio Mercadante. (Foto: Arquivo)
Ministro Aloisio Mercadante. (Foto: Arquivo)
Senador Delcídio do Amaral (PT-MS). (Foto: Arquivo Senado)
Senador Delcídio do Amaral (PT-MS). (Foto: Arquivo Senado)

O ex-chefe da Casa Civil do governo de Dilma Rousseff (PT), atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante, prometeu dinheiro e ajuda para que Delcídio do Amaral (PT-MS) não aceitasse o acordo de delação premiada. As revelações foram divulgadas nesta terça-feira (15), pela Revista Veja, momentos depois da notícia de homologação da colaboração premiada do senador pelo STF (Supremo Tribunal Federal). 

Segundo a publicação, as tratativas para um acordo foram discutidas entre o ministro e o assessor de Delcídio, José Eduardo Marzagão, que gravou as conversas. O conteúdo foi entregue à Procuradoria-Geral da República.

Nas conversas, Mercadante ofereceu dinheiro e ajuda para que Delcídio deixasse a prisão e escapasse do processo de cassação do mandato, que corre contra ele no Senado. Em contrapartida, o pedido foi para que o senador “não desestabilize tudo” com sua delação. Já com Delcídio preso, o ministro e o assessor se encontraram por duas vezes, detalha a revista. Em depoimento formal, Marzagão disse que o ministro agiria a mando de Dilma.

A exemplo do que o senador é acusado de ter feito, Mercadante prometeu usar a influência política do governo no Senado e no STF, para tentar evitar a cassação e sua libertação. Ao assessor, o ministro falava que o parlamentar deveria ficar “calmo”, deixar “baixar a poeira” e não fazer “nenhum movimento precipitado”.

Ainda conforme revela a Revista Veja, nos encontros, Aluisio Mercadante teria prometido conversar com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para armar um plano que fizesse com que o Senado voltasse atrás na decisão, tomada em plenário, que ratificou a prisão de Delcídio.

Também deixou claro nas conversas que tentaria “construir com o Supremo uma saída” para o senador. Disse que Ricardo Lewandowski poderia libertá-lo por meio de liminar, durante o recesso de fim de ano do Judiciário, o que não ocorreu. “Eu posso falar com ele pra ver se a gente encontra uma saída", oferece Mercadante.

De acordo com a revista, a primeira conversa entre Mercadante e o assessor de Delcídio aconteceu em 1º de dezembro, uma semana após a prisão do ex-líder do governo, enquanto a segunda ocorreu em 9 do mesmo mês. A última reunião aconteceu um dia após a família do senador procurar o advogado Antonio Augusto Figueiredo Basto, um dos principais especialistas em delação.

O tom do primeiro encontro, segundo a publicação, foi de “cautela”, quando o ministro fala que Delcídio é “fundamental para o governo”. Da segunda vez, Mercadante foi mais explícito, já que estava sob o impacto das notícias sobre uma suposta delação, segundo relatos do assessor. Ele revelou seu plano no Judiciário, reclamou por conta dos rumores de acordo, dizendo que “nem Renan Calheiros, nem o governo poderão se mexer para salvar Delcídio”.

Ainda durante os encontros, o assessor do senador relata as dificuldades financeiras dele e que a família, inclusive, estava planejando vender imóveis e se desfazer de bens para custear o processo. Mercadante se dispõe a viajar ao Mato Grosso do Sul para dar assistência à família.

A assessoria de Delcídio foi procurada pela reportagem do Campo Grande News, que respondeu não ter nada a declarar sobre o assunto no momento, somente depois do fim do processo.

Nos siga no Google Notícias