ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, TERÇA  23    CAMPO GRANDE 22º

Política

Hospital do Câncer deve 140 mil em IPTU, mas cobra de antiga gestão e da Rocket

Zemil Rocha | 09/07/2013 15:36
Carlos Coimbra diz que culpa é solidária por dívida de R$ 140 mil de IPTU  (Foto: Marcos Ermínio)
Carlos Coimbra diz que culpa é solidária por dívida de R$ 140 mil de IPTU (Foto: Marcos Ermínio)

O Hospital do Câncer Alfredo Abrão deve ingressar amanhã com ação judicial contra a gestão passada da entidade, comandada por Blener Zan, e o dono da Autopeças Rocket, Benjamin Chaia, por uma dívida de R$ 140 mil referente a dívida de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) dos últimos três anos (2011, 2012 e 2013), que está sendo cobrado pela Prefeitura de Campo Grande em relação ao imóvel de 2.600 metros quadrados, na Rua Maracaju, com matricula 44.171.

A negociação para compra do imóvel foi fechada em 5 de abril de 2010, pelo valor de R$ 9,2 milhões, mas a Autopeças Rocket continuou no imóvel até fevereiro de 2013, segundo o atual diretor do Hospital do Câncer, Carlos Coimbra. “Estavam na posse do imóvel porque a diretoria anterior não exigiu de volta e também em razão de a nova loja da Rocket não ter ficado pronta”, explicou ele, referindo-se ao imóvel atualmente ocupado pela empresa de Chaia na Rua Maracaju.

Por ser entidade de assistência social, constitucionalmente, o Hospital do Câncer Alfredo Abrão tem direito à imunidade tributária, desde que cumpra alguns requisitos estipulados pelo Código Tributário Nacional (CTN), como estar com contabilidade em ordem, não dividir lucros e não mandar dinheiro para fora do País.
Carlos Coimbra explica, porém, que a imunidade tributária só é assegurada quando o imóvel esteja sendo efetivamente utilizado para os fins do hospital. “Como o imóvel está sendo ocupado por uma empresa privada, não temos essa imunidade”, afirmou o diretor.

Segundo ele, há uma culpa solidária entre a gestão anterior do Hospital do Câncer e Benjamim Chaia. “A culpa é dos dois lados, da diretoria anterior pela falta de cobrança de entrega do imóvel e da Rocket pela recusa de entregar o imóvel”, argumentou.

Indagado, se não houve celebração de um documento que obrigasse Benjamin Chaia a deixar o imóvel, Carlos Coimbra respondeu: “O que teve foi um contrato, em março de 2011, dizendo que teria um ano para desocupar o imóvel, em março de 2012, o que a Rocket não fez porque estava construindo a sede nova da empresa”. Para ele, a responsabilidade da gestão anterior do Hospital do Câncer está justamente no fato de ter “deixado brecha” ao não cobrar a entrega imediata do imóvel.

Além disso, a gestão anterior teria dito ao Conselho Curador do Hospital que o IPTU do novo imóvel adquirido estava sendo pago pelo vendedor. “Em abril deste ano, para nossa surpresa, veio a cobrança dessa dívida de R$ 140 mil”, relatou Coimbra. A gestão anterior do Hospital do Câncer foi afastada após as denuncias de fraudes no setor de oncologia, durante a Operação “Sangue Frio”, da Polícia Federal, Corregedoria-Geral da União e Ministério Público Federal.

Sem uso desde abril, o prédio da Rua Maracaju deverá ser a sede administrativa do Hospital do Câncer. Com isso, será possível ampliar o espaço para atendimento aos pacientes na sede principal da Rua Marechal Cândido Rondon.

O outro lado – Benjamin Chaia acredita que todo o problema surgiu em decorrência do Hospital do Câncer não ter tomado as providências para requerer a imunidade do imóvel vendido. Informou que depois de ter sido notificado sobre a dívida pelo hospital, encaminhou uma contra-notificação cobrando essa providência.

Alega que em 5 de abril de 2010, o imóvel foi transferido para o Hospital do Câncer Alfredo Abrão, que possuiu imunidade tributária nos termos do CTN e da legislação municipal de Campo Grande. “Além disso, possui titulo de utilidade publica federal desde 197373, estadual desde 1996 e municipal desde 1997, o que reforça a imunidade”, afirmou o advogado de Chaia, Ronaldo Franco.

Na escritura de compra e venda, segundo Ronaldo Franco, também há um dado importante. “Quando a Autopeças Rocket vendeu o imóvel, ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis Intervivus) foi isento, justamente porque o Hospital tem imunidade tributária”, argumentou.

Observa ainda o advogado que em 2011 e 2012 e 2013 o carnê de cobrança do IPTU do imóvel vendido não foi mais para o Benjamin Chaia, cujo valor anual girava em torno de R$ 40 mil. “O Carnê foi para o dono”, destacou Ronaldo Franco. “Se a fundação não tomou todas as providências para requerer a imunidade, não é culpa do Benjamim”, ponderou. “A fundação não está correndo atrás da imunidade que ela tem direito”, emendou.

Nos siga no Google Notícias