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Política

Livro sobre Lúdio Coelho traz lembranças e histórias de 40 anos de amizade

Aline dos Santos | 22/08/2011 12:15
Lúdio e o inseparável chapéu na capa do livro lançado em Campo Grande. (Foto: Fernando Dias)
Lúdio e o inseparável chapéu na capa do livro lançado em Campo Grande. (Foto: Fernando Dias)

Tido como o ano que não terminou, 1968 é o ponto de partida para a narrativa de “Lúdio Coelho: uma história de vida”, lançado em Campo Grande.

“O livro começa em 1968, quando conheci o Lúdio. Ele era superintendente do banco Financial e eu vice-diretor do Condepe”, conta Lourival Fagundes, de 72 anos, autor da biografia afetiva sobre o ex-prefeito de Campo Grande e senador da República.

A longa amizade, sendo 35 anos de parceria profissional, é o fio condutor da narrativa. Resgatando histórias do político atinado, do empresário pioneiro e do amigo engraçadíssimo.

A capacidade política do homem formado na “universidade da vida prática” despertou a atenção de Lourival. “Estudei em bons colégios, fiz faculdade de economia. Mas era um analfabeto político”, conta.

Já Lúdio, que havia disputado o governo do Estado, foi o ungido do governador Wilson Barbosa Martins para administrar a Capital do Estado. “Isso foi em 1983. Todo mundo achou que ele ia ser um fiasco, ia dar com os burros n’água. Mas se transformou na grande surpresa política do Estado”, relata.

O pendor para a política era reflexo dos conselhos do pai Laucídio Coelho, que lhe dizia que todo homem de bem deveria participar das decisões. “Ele recuperou as finanças da prefeitura, melhorou os salários dos servidores, fez reforma administrativa, implantou curso de capacitação dos funcionários”, elenca Fagundes, que assumiu secretaria de Planejamento.

Para o amigo, o sucesso político é atribuído ao caráter de Lúdio. “Ele não tinha duas caras. Dizia que o político não podia mudar a forma de agir pelo fato de ser político”.

Uma dos acontecimentos que não sai da lembrança do autor foi a ajuda prestada a uma mulher viúva, mãe de três filhos, que morava em uma casa caindo aos pedaços no bairro Nova Lima. “Eles não tinham nada para comer. Era horrível”.

O então prefeito comprou uma casa, arrumou emprego para a mulher e vagas na creche para as crianças. “Depois de um tempo, voltamos lá. Ela chorou, o Lúdio também chorou. Tem coisa mais bonita do que isso?”. A Fagundes, restou o pedido de não comentar o que fez pela família com ninguém.

Apesar do sucesso à frente da prefeitura, para a surpresa geral, não disputou o governo do Estado.

Um caboclo em Brasília – O chapéu na cabeça e os hábitos simples ajudavam na identificação entre o povo e o político. “Ele agia como se fosse um caboclão daqueles bem atrasados”, lembra.

Mas as ideias permitiam que o senador Lúdio travasse animados debates com o ministro da Fazenda ou o presidente. “Ele sabia tudo de dinheiro. Era cada conversa com o Pedro Malan. O Fernando Henrique Cardoso adorava conversar”, relata. Lúdio foi senador entre 1995 e 2003. O prefácio do livro foi escrito pelo ex-presidente.

“O Lúdio não disputou outras eleições para não ter que comprar voto”. Ele disse que a política estava mudando e, como não pretendia roubar, não via razão em pagar R$ 15 milhões para ser senador.

Conquistador – Nas 280 páginas, também há relatos de amigos e histórias. “Tem algumas engraçadíssimas. Outras, nem posso contar”, afirma o autor. Uma delas foi contada pelo ex-deputado federal Rubens Figueiró.

“Eles eram garotos de uns dez anos e o Lúdio roubou uma namorada dele na época do colégio e o Figueiró não esqueceu”, conta Fagundes, rindo do estilo conquistador do jovem Lúdio. A publicação também traz registros fotográficos, como o encontro com Pelé e o papa João XXIII.

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