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Política

Lula desafia MP e diz que vai a pé para a cadeia se órgão provar denúncias

Ricardo Campos Jr. | 15/09/2016 14:22
Lula fez pronunciamento sobre denúncias do MPF nesta quinta-feira (Foto: reprodução)
Lula fez pronunciamento sobre denúncias do MPF nesta quinta-feira (Foto: reprodução)

Apontado pelo MPF (Ministério Público Federal) como “comandante máximo” de um esquema de corrupção, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um pronunciamento nesta quinta-feira (15) dizendo ser vítima de perseguição política e desafiou os responsáveis pelas investigações. “Provem uma corrupção minha que eu irei a pé para ser preso”, afirma.

Sem citar o nome do ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido) ou de qualquer outra pessoa que testemunhou contra ele, o líder petista começou o discurso lembrando a trajetória de quando era torneiro mecânico e sindicalista até chegar ao Governo Federal.

O ex-presidente recorda que ao chegar ao segundo turno em 1989 com 17% dos votos, descobriu ser possível chegar ao poder pelo voto, o que até então acreditava ser difícil. A disputa rendeu a ele uma importante lição: calibrar o discurso e vinte anos depois conseguiu vencer as eleições contra todos que era contrários ao partido.

Lula afirma que não prometeu socialismo e luta de classes a ninguém, mas propôs que cada brasileiro tivesse três refeições por dia. “Veja como eu fui humilde, triste”, ressalta.

Ele afirma que a política é a profissão mais honesta, pois “por mais ladrão, ele [político] precisa pedir a continuidade de seu emprego a cada dois, quatro anos, nas urnas” e criticou a atuação da mídia afirmando que desde 2005 tem como objetivo tirá-lo do poder, comparando-se a Getúlio Vargas e JK.

"Se quiserem me tirar, vão ter que me tirar na rua", diz Lula. Ele disse que o sucesso, a inclusão social e educacional incomodam os adversários. “O ódio deles é porque, por 500 anos, eles acreditaram que não precisava investir em educação, porque eles estudavam no exterior”, afirma.

Lula citou ainda o impeachment de Dilma Rousseff (PT), dizendo que a oposição transformou “mentira em verdade” e aprovaram a destituição liderados por “um cidadão que agora foi cassado”. Ele agradeceu à bancada que votou contra à saída da ex-presidente, incluindo senadores de outros partidos.

Sobre a Lava Jato, o ex-presidente afirma que desde a eleição de 2014 os órgãos responsáveis pelas investigações têm insistido que ele e Dilma sabiam da corrupção na Petrobras, mas disse estar com a consciência tranquila diante das denúncias.

O líder petista afirma que querem “extirpar” o partido da vida política como fizeram com o Partido Comunista na década de 1950, mas afirma que foi o governo dele que escancarou a corrupção criando mecanismos de investigação, mostrando que “ninguém está acima da lei”, completa.

Ele criticou a forma como o MPF convocou uma coletiva de imprensa para relatar as acusações contra ele, diz que os procuradores inventaram mentiras, mas que ainda assim ficou quieto. Porém, sob aplausos, afirmou que está disposto a prestar todos os esclarecimentos, pois a única coisa de que se orgulha é poder andar de cabeça erguida”.

Retirá-lo da política, continuou, não vai fazer o problema acabar e diz que seus adversários terão problema se tirarem direitos dos trabalhadores e se entregarem o patrimônio nacional e aproveitou para mandar um recado ao MP: "Você não pode permitir que meia dúzia de pessoas estraguem o histórico de uma instituição tão importante neste país”, concluiu.

Resultado - O esquema de propinas, que segundo o MPF era comandado por Lula, servia para alcançar a governabilidade mediante a corrupção, alcançar a manutenção do Partido dos Trabalhadores no poder, juntando recursos para campanhas e enriquecendo os envolvidos.

O órgão afirma que o ex-presidente recebeu R$ 3,7 milhões e garante que há 14 conjuntos de provas contra ele. As investigações mostram que todo o esquema movimentou R$ 6,2 bilhões, gerando à Petrobras um prejuízo de R$ 42 bilhões.

Além de Lula, conforme o Portal G1, foram denunciados a esposa dele, Marisa Letícia; o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro; o arquiteto e ex-executivo da empresa Paulo Gordilho; o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto; o ex-executivo da OAS Agenor Franklin Magalhães Medeiros; o ex-presidente da OAS Investimentos Fábio HoriYonamine e Roberto Moreira Ferreira, ligado à OAS. 

A situação gerou um esquema que o procurador chamou de “propinocracia”. Ele ressalta que Lula é a “peça central” da Lava Jato e pede o bloqueio de R$ 87 milhões e ressarcimento de mais R$ 87 milhões. 

O advogado Edward de Carvalho, que defende Léo Pinheiro e Agenor Franklin Magalhães Medeiros; e Cal Garcia, que representa Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira, disseram ao Portal G1 que não vão se manifestar. 

Já a defesa de Okamotto emitiu nota dizendo que não houve lavagem de dinheiro e que o Ministério Público criou uma corrução em que não há vantagem ilícita. O valor, segundo ele, é pago para conservação de um acervo considerado patrimônio cultural brasileiro e de interesse público, tendo a nota fiscal sido emitida em nome da empresa que contribuiu com o trabalho, a OAS. 

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