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Política

Moção a gay gera confusão e discussões em sessão da Câmara

Luciana Brazil e Kleber Clajus | 24/10/2013 12:53
Paulo Pedra diz, aos gritos, que seus direitos estavam sendo cerceados. (Foto:Cleber Gellio)
Paulo Pedra diz, aos gritos, que seus direitos estavam sendo cerceados. (Foto:Cleber Gellio)

Aos gritos, o vereador Paulo Pedra (PDT) alegou na manhã de hoje (24), durante sessão da Câmara, que seus direitos como parlamentar estavam sendo cerceados, já que o vereador Elizeu Dionísio (SDD) exigiu que fosse retirada da ata a declaração polêmica de Pedra de que “não existe família de evangélicos que não tenha um gay”.

A afirmação gerou polêmica entre vereadores e a bancada evangélica que acompanhava a votação. O clima ficou tenso. A confusão começou quando os vereadores aprovaram com 14 votos contra seis, uma moção de congratulação, de autoria dos vereadores Eduardo Romero (PT do B) e Luiza Ribeiro (PPS), ao douradense Carlos Gabriel que venceu o “Mister Brasil Diversidade”.

Depois do pedido de Elizeu, o vereador Flávio Cesar (PT do B), vice-presidente da Casa de Leis e que presidia a sessão, afirmou que iria retirar a declaração da ata, a pedido da bancada evangélica.

Pedra voltou ao microfone e afirmou que corrigiria a declaração em apenas um ponto, mudando de “família evangélica” para “toda família brasileira”. Mas apesar disso, a confusão continuou.

Ele ainda acusou Elizeu como sendo o vereador mais homofóbico da Casa. “Não é nenhum vereador que vai retirar da ata minha opinião”.

Mesmo com a mudança da declaração de Pedra, Flávio Cesar insistiu em dizer que retiraria da ata a afirmação, já que o termo seria impróprio.

Pedra reagiu aos gritos e disse que foi “violado no meu mandato” pela Mesa Diretora. “Não xinguei ninguém. Vai ter que me respeitar”, disse. Ele questionou o vice-presidente sobre a motivação regimental que permitiria a retirada da declaração da ata. “Em que parte do regimento interno da Câmara se baseia a decisão”, questionou Pedra.

Segundo Flávio Cesar, o capítulo 2 do regimento interno, artigo 124, inciso quarto, define sobre linguagem imprópria usada durante sessão. “Não é seu grito que vai me intimidar”, disse a Pedra o vice-presidente da Casa.

Elizeu pontuou que o discurso de Pedra refletia uma opinião pessoal. “Na minha família não tem homossexual, e se Deus permitir não vai ter”, disparou. Dionísio disse também que Pedra deveria respeitar sua crença.

O vereador Delei Pinheiro (PSD) pediu que Pedra citasse de onde ele tirou informações para fazer tal declaração. Alceu Bueno (PSL) disse discordar do posicionamento do vereador Paulo Pedra, que colocava os evangélicos como preconceituosos, mas afirmou que o título era “uma vergonha para Dourados e Mato Grosso do Sul”.

Engrossando o discurso evangélico, a vereadora Juliana Zorzo (PSC) disse respeitar a homossexualidade, mas disse que sua crença considera o ato como “pecado”. “Não sou preconceituosa. Sou evangélica e na bíblia fala que homossexualidade é pecado, mas respeito gays e lésbicas.”

Já o vereador Gilmar da Cruz (PRB) declarou com ironia que “Pedra é livre para escolher a opção sexual que quiser”.

Em defesa da moção, Eduardo Romero lembrou da necessidade de se respeitar a diversidade e que a própria Constituição Federal proíbe qualquer forma de discriminação a dignidade da pessoa humana.

“Da forma como está sendo colocada esta discussão, parece que existe um terceiro elemento, que não é homem nem mulher, que porque gosta do mesmo sexo não é ser humano. Precisamos seguir a Constituição Federal que preceitua o direito à identidade de gênero”, ressalvou.

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