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Política

Confirmado na SEOP,desafio de Cabral é concluir projetos do MS Forte

Carlos Martins | 24/12/2010 10:19

Ele iniciou carreira em 1979 como estagiário na prefeitura

Cabral mostra algumas das rodovias que ganharão investimentos. (João Garrigó)
Cabral mostra algumas das rodovias que ganharão investimentos. (João Garrigó)

De craque das quadras do futebol de salão (esporte conhecido hoje como futsal), o engenheiro civil Wilson Cabral Tavares, 55 anos, transformou-se, com o passar dos anos, também em um craque no quesito tocador de obras. O homem que iniciou a carreira em 1979, como estagiário na prefeitura de Campo Grande, diz que atingiu o momento mais importante de sua trajetória quando recentemente teve seu nome confirmado pelo governador André Puccinelli para ser o titular da Secretaria de Estado de Obras Públicas e de Transportes (Seop), no novo mandato de quatro anos que se inicia no dia 1º de janeiro.

Caberá ao engenheiro, conhecido como Cabral, dar andamento a importantes projetos do Programa MS Forte espalhados pelo Estado e que são estratégicos para o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul. Diretor-executivo da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) e na condição de segundo homem na hierarquia da Seop, Cabral assumiu em abril o comando da secretaria quando o então titular Edson Giroto (PR), também engenheiro, afastou-se para concorrer ao cargo de deputado federal. Considerado homem de confiança de André, Giroto foi eleito para a Câmara com o recorde de 147.343 votos.

Assim como Giroto, o secretário Cabral também pode ser considerado como um dos homens que detém a confiança do governador. Profissional de carreira da prefeitura desde 1980, Cabral assumiu em 1997 o cargo de diretor-executivo da Secretaria de Obras da prefeitura de Campo Grande, que era comandada por André e tinha à frente da secretaria Edson Giroto. Cabral ocupou o cargo até 2006 (durante os dois mandatos de André) e no ano seguinte, já na gestão de Nelsinho Trad, assumiu o posto de secretário de Governo. E em 2008 ele foi para a Agesul (agência responsável pelas obras dentro da estrutura da Seop).

“É o ponto máximo da minha carreira. É uma realização, não só como engenheiro, funcionário público, mas também como cidadão sul-mato-grossense”, diz Wilson Cabral sobre as novas responsabilidades. Com o apoio da equipe montada por Giroto, entre eles Maria Vilma, diretora-executiva da Agesul, e de Hélio Yudi, gerente de Obras Viárias (ambos funcionários de carreira), Cabral dará sequencia aos projetos em andamento. “O governo do Estado traçou um planejamento estratégico que está em execução. É o MS Forte com obras vitais para melhorar a logística e fazer o Estado crescer”, enfatiza.

Objetivo do contorno ferroviário em Três Lagoas é tirar os trilhos de dentro da cidade dando mais segurança à população. (Foto: Danilo Fiuza)
Objetivo do contorno ferroviário em Três Lagoas é tirar os trilhos de dentro da cidade dando mais segurança à população. (Foto: Danilo Fiuza)

Obras emblemáticas - Entre as obras que terão sequencia em 2011 estão a do Contorno Ferroviário, em Três Lagoas, que, a exemplo de Campo Grande, irá tirar os trilhos de dentro da cidade dando mais segurança à população. A construção do Contorno de Dourados (o anel viário), que já começou, também continua a todo o vapor. A capital receberá também uma importante obra que será construída dentro do Parque das Nações Indígenas. É a obra do Aquário do Pantanal, que custará R$ 90 milhões. Construído numa área de 1,8 hectare, terá 24 tanques (com espécies do Pantanal e com a biodiversidade do Brasil) e um centro de pesquisa. “O aquário é uma das obras consideradas emblemáticas pelo governador”, diz o secretário, e que inclui nessa condição o Parque Estadual dos Ervais, em Ponta Porã, cuja obra, orçada em R$ 11 milhões, já começou.

Ao lado do desafio de fazer a manutenção de 12 mil quilômetros de estradas não pavimentadas (o Estado tem hoje 4 mil km de estradas asfaltadas), a secretaria está tocando um conjunto de obras que deve estar concluído até meados de 2012. Além da gradativa substituição das 1.030 pontes de madeira existentes por pontes de concreto (10 já foram construídas e 20 estão em andamento), a Seop está trabalhando na BR-359 num trecho de 240 km que vai de Coxim até a divisa de Goiás e Mato Grosso. A obra está sendo tocada em cinco frentes de trabalho e, do total, 180 km já foram concluídos. De Alcinópolis até a divisa faltam concluir ainda 50% das obras. A obra, orçada em R$ 240 milhões, está sendo executada em convênio com o Ministério dos Transportes, por meio do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), com contrapartida do governo do Estado.

Na MS-178, entre Bonito e Bodoquena, 50% do trecho de 78 km também já está pronto. Esta obra tem recursos do Ministério do Turismo com contrapartida do Governo do Estado.

Em dia de trabalho, secretário apresenta projetos para 2011.
Em dia de trabalho, secretário apresenta projetos para 2011.

Outra obra importante é a da Rodovia Sul-Fronteira. A primeira fase está em execução num trecho de 79 km da MS-165 de Sanga Puitã, passando por Aral Moreira até Coronel Sapucaia. O investimento é de R$ 80 milhões e conta com recursos do Ministério da Integração. A rodovia proporcionará a integração econômica, social e cultural de municípios sul-mato-grossenses com o Paraguai. Ao permitir a conexão com a Hidrovia Tietê Paraná, a estrada irá facilitar o escoamento da produção via porto de Paranaguá. O projeto prevê o asfaltamento de 337 quilômetros das rodovias MS-299 e MS-165 ligando Ponta Porã a Sete Quedas, numa primeira etapa, e Sete Quedas a Mundo Novo, numa segunda etapa.

Além dos recursos do governo federal, o Banco Mundial também é parceiro em vários projetos, cujos investimentos chegam a US$ 375 milhões, dos quais US$ 75 milhões referem-se à contrapartida do Estado. Entre as obras estão a do trecho entre Inocência e Três Lagoas na MS-112. Tocada em duas frentes, a obra está orçada em R$ 142 milhões. Outra obra financiada pelo banco é na MS-436, num trecho de 114 km entre Camapuã e Figueirão, e orçada em R$ 136 milhões. Os recursos do Banco Mundial estão sendo usados também para um grande projeto de pavimentação e recapeamento na maioria das cidades do Estado.

Entre outras obras já executadas pelo Governo do Estado, Cabral destaca a reforma de mais de 100 escolas (de um total de 350); reforma e ampliação de hospitais e aeroportos; e na área de segurança pública a construção do Presídio da Gameleira e de UNEIs (Unidade Educacional de Internação) para acomodar adolescentes na capital, Três Lagoas e Ponta Porã.

Se o Estado hoje é um verdadeiro canteiro de obras, o secretário Wilson Cabral destaca o papel fundamental exercido pela bancada federal que corre atrás de recursos em Brasília. “Este trabalho que está sendo feito é o resultado dos esforços da bancada em Brasília. Giroto e os demais parlamentares vão alavancar o crescimento do Estado, principalmente na área de transportes. Giroto é um apaixonado por essa área e vai trabalhar também para trazer o modal ferroviário que entraria pelo Sul”, diz Wilson Cabral.

O modal a que Cabral se refere é a ampliação da Ferroeste que ligaria Mato Grosso do Sul ao Paraná. Inserida no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a ferrovia interligaria Maracaju, Dourados, Mundo Novo e Cascavel, no Paraná. Com 440 km de extensão, a um custo inicial de R$ 1,5 bilhão, previa-se que a obra fosse iniciada em 2009 com duração entre três e cinco anos. Só que até agora nada aconteceu, o que levou nesta quinta-feira (23) o governador André Puccinelli a anunciar que irá cobrar o governo federal.

Antes de ser secretario, Cabral foi craque de bola.
Antes de ser secretario, Cabral foi craque de bola.

"Bom de bola" - Bicampeão Mato-grossense de Futebol de Salão em 1976 e 1977, o atual secretário de Obras Wilson Cabral Tavares foi um craque nas quadras jogando na função de pivô. Os títulos foram conquistados pela Oshiro Retífica. Em 1976 a final foi em Aquidauana, contra o time de Cáceres, município que hoje, após a divisão, pertence ao Estado de Mato Grosso. No ano seguinte, o bicampeonato foi conquistado em Cáceres, contra um time de Cuiabá. “O campeonato era uma pedreira. A disputa era grande com Cuiabá, foi a primeira vez que o Sul ganhou”, recorda Cabral.

As mudanças ocorridas, não só em relação ao nome do esporte, que em 1989 quando a FIFA assumiu a modalidade passou a se chamar de futsal, chegaram também às quadras. “Naquela época as regras eram diferentes. Além de a bola ser mais pesada, não valia fazer gol dentro da área e a lateral era batida com a mão”, diz o secretário, que começou a se destacar no futebol no time de engenharia da Universidade Federal onde conquistou a partir de 1974 o pentacampeonato.

Com o fim da equipe da Oshiro em 1979, foi fundado o time do Tachinhas. “Em 79 fui o artilheiro da 1ª Copa Morena. Perdemos a final nos pênaltis para Aparecida do Taboado, que tinha um timaço”, diz Cabral.

Além de ter participado de competições dentro do estado, ele disputou também três campeonatos brasileiros. Em 1977 o time de Cabral foi jogar o brasileiro em Jundiaí (SP). Naquela época, segundo ele, o time de futsal do Internacional de Porto Alegre era um dos melhores do país.

“O time do Inter era o bicho-papão. Chegamos à cidade e ficamos no ginásio, dormindo em beliches debaixo da arquibancada. Tinha só um banheiro. O time do Inter chegou de avião. Cada jogador tinha uma bola para treinar. A nossa equipe tinha apenas duas bolas. O uniforme do treino deles era melhor que o nosso de jogo, e nos nossos treinos, tínhamos um time de camisa e o outro sem camisa”, diz, sem conter o riso. E qual foi o resultado do jogo? “Perdemos de 5 a 1”, confessa.

Cabral continua jogando sua bolinha nos fins de semana no Rádio Clube e também numa quadra lá no bairro Carandá, juntamente com amigos e os filhos Renato, 19 anos, e Henrique, 23. “O Renato é fominha, igual a mim”, entrega. Sobre a esposa, a engenheira Maria de Fátima, que trabalha no Banco do Brasil, Cabral diz que ela nunca reclamou de suas atividades futebolísticas. “Conheci a Maria na universidade e ela acompanhava os jogos do nosso time da engenharia da arquibancada”, contou.

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