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Política

Partidos pequenos rejeitam rótulo de siglas de aluguel e criticam os grandes

Wendell Reis | 24/01/2012 13:14
Bluma e Ferranti atribuem rótulo de aluguel aos partidos grandes (Foto:João Garrigó)
Bluma e Ferranti atribuem rótulo de aluguel aos partidos grandes (Foto:João Garrigó)

É comum ouvir líderes políticos e, principalmente detentores de mandato, criticar os pequenos partidos, dizendo que a maioria só aparece na época de eleição, para alugar o tempo na televisão. A prática é criticada constantemente e muitos defendem uma redução brusca dos 29 partidos políticos registrados no Brasil.

Os partidos menores, por sua vez, rejeitam o rótulo e atribuem aos grandes partidos o estigma de aluguel, principalmente quando negociam os partidos em troca de secretarias no Poder Executivo. O presidente estadual do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), Suel Ferranti, entende que o desejo de acabar com os partidos pequenos está ligado a missão de exterminar as legendas de esquerda.

“A reforma é para coibir e cercear a esquerda de se fazer presente no processo eleitoral. A maior legenda de aluguel é o PMDB. O que aconteceu no processo passado? Nenhuma legenda de esquerda foi para o debate da Presidência da República”. Ferranti não é contra a pluralidade de partidos e lembra que nos Estados Unidos existem 77 partidos e na França este número passa de 200.

O presidente do PSC (Partido Social Cristão), Wilson Joaquim da Silva, concorda que existem muitos partidos de aluguel, mas assegura que a prática não acontece no PSC. “O nosso partido não se vende para ninguém. Trabalha sério, com fidelidade ao partido e não a venda. Passa apertado, luta, mas não se vende. Está em 70 municípios, com 10 vereadores no Estado, dois vice-prefeitos e um suplente no Senado”.

Wilson Joaquim explica que os partidos pequenos são procurados constantemente por conta da facilidade para a eleição. Para exemplificar ele lembra que na eleição passada o vereador Herculano foi eleito com 4.078 votos e teve partido grande que não se elegeu, mesmo com candidatos que fizeram seis mil votos.

O vereador do Partido Verde, Marcelo Bluma, alega que iniciou este processo de eleição dos pequenos partidos há 12 anos, quando acreditava-se que só se elegiam candidatos de partidos grandes. “Fui um dos que defendeu que quem faz a legenda são os candidatos médios. Passei a articular para ter chapa sem puxador de voto. Eu e o Saraiva fomos eleitos no ano 2000 com 2,4 mil votos e o Pastor Barbosa não se elegeu, com 6.800 votos. Aquela eleição foi um marco de uma mudança de pensamento. Achavam que não conseguiria eleger e mostrou que era possível eleger”.

Bluma comunga do mesmo pensamento de Suel Ferranti e diz que alguns partidos grandes têm uma conduta muito pior do que alguns partidos pequenos. “As pessoas falam dos pequenos como de aluguel e estamos vendo os partidos grandes muito pior. Aquele partido dependurado na administração pública por conta de uma secretaria. É um tremendo partido de aluguel, fechando os olhos para tudo. Houve no passado o tempo em que o presidente do partido não lançava nenhum candidato e vendia o partido para alguns candidatos. Isso mudou. Hoje os pequenos partidos querem eleger candidatos”.

O presidente estadual do PTdoB, deputado Márcio Fernandes, afirma que o seu partido deixou de ser pequeno. “Temos dois deputados estaduais, coisa que muitos grandes não têm. Se um dos deputados que são pré-candidatos ganharem, como o Diogo Tita (PPS), o Osvane Ramos vai assumir e podemos ter três deputados”. Para exemplificar o crescimento, Fernandes lembra que muitos partidos grandes nacionalmente, como DEM, PPS e PTB, não têm o número de deputados e vereadores eleitos pelo PTdoB.

Márcio Fernandes avalia que o crescimento do partido se deve a um trabalho intenso de filiações. Entretanto, reconhece que as filiações ocorrem muitas vezes por conta da proximidade do partido com o grupo político do governador André Puccinelli (PMDB) e do prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho (PMDB).

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