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Política

Peladeiro e pescador, prefeito diz que pode assumir cargo no governo

Fabiano Arruda | 26/12/2011 19:32

Em entrevista ao Campo Grande News, Nelsinho Trad revela preferências fora do gabinete, anuncia próximos desafios e fala da perda do pai

Prefeito diz que encerra 2011 com sentimento de dever cumprido em relação às obras. (Foto: Pedro Peralta)
Prefeito diz que encerra 2011 com sentimento de dever cumprido em relação às obras. (Foto: Pedro Peralta)

Segunda-feira, 26 de dezembro, pouco mais de 15 horas. Em seu gabinete, o prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PMDB), aguarda de pé, ao lado de sua mesa, a equipe do Campo Grande News para uma das últimas entrevistas do penúltimo ano no comando do Executivo Municipal.

Ele fala de suas preferências fora do gabinete e destaca a paixão pelo futebol, tradição da família, e pela pesca.

Concedendo a entrevista no sofá do gabinete, Trad fala da morte do pai e mostra os mesmos traços do ex-deputado federal. Com a fala polida, cautelosa e, por vezes, pausada, mostra nitidamente ter herdado o discurso do patriarca da família.

Ao mesmo tempo, o prefeito demonstra agitação. Ao falar dos assuntos principais de sua vida, que parecem longe de ser o futebol e a pesca, coça as costas e a cabeça com uma caneta e discorre, sem nenhuma alteração de voz, sobre os mais variados temas.

Entre eles o balanço do ano prestes a ser encerrado, bem como os desafios para o último dos oito anos como prefeito de Campo Grande. Revela as lições que diz ter tirado das tragédias provocadas pelas enchentes, opina sobre sucessão municipal, admite claramente o projeto de ser candidato ao governo em 2014 e que pode assumir posto no governo do Estado, a convite de André Puccinelli (PMDB), entre 2012 e 2014.

O possível novo cargo pode ser um indício de que ele sairá do Parque dos Poderes para a sucessão ao governo no ano da Copa do Mundo.

Qual sua avaliação do ano de 2011?

Foi um ano de muitos desafios e todo ano de desafios é de aprendizado. Nos deparamos com muitas dificuldades, tanto na área de obras, de infraestrutura, por conta de danos ocorridos pelas chuvas, enchentes, alagamentos. Conseguimos dar a volta por cima e, com muito trabalho e persistência, conseguimos entregar e realizar as grandes obras que a cidade há anos estava esperando como os parques lineares do Segredo, Cabaça, Lagoa e do Imbirussu-Serradinho. Fechamos o ano, neste segmento, do dever cumprido, mas com a certeza que ainda tem muita coisa para fazer.

O senhor chegou a uma aprovação expressiva em pesquisa do Ipems. É fruto deste trabalho?

Penso que a pesquisa sempre reflete um momento e este momento é justamente destas obras todas que conseguimos entregar para a população, que é exigente e tem um nível de cobrança muito forte. Através das inaugurações das obras você acaba atendendo a expectativa das pessoas, que passam a aprovar a gestão.

E o senhor tem consciência de que a sua administração foi a que mais sofreu com os impactos das enchentes e que as obras realizadas preparam as administrações futuras para minimizar estes danos?

Tenho a certeza de que a minha administração foi a que mais sofreu com estas questões porque a cidade se transformou com a pavimentação asfáltica de que muitos locais que não tinham asfalto e, por isto, a água que vinha era absorvida pelo solo. Agora com o asfalto se torna impermeável o solo e a água que vem da chuva acaba indo para o córrego num volume bastante acentuado, ou seja, os córregos sofreram com um índice de água que antes nunca tinha percebido. Então começou a dar problemas de desmoronamento, solapamentos, corte de pista, erosão, abertura de cratera e outras que advêm do excesso de água.

Como no caso do Nova Lima.

Um exemplo típico. A região Norte teve muito asfalto que recebeu e houve a drenagem desta água para um determinado ponto do Nova Lima, que não suportou pelo solo arenoso e teve o desmoronamento com a erosão e que já estamos consertando.

Trad diz que volta ao consultório após término do mandato e planeja visitas ao interior.
Trad diz que volta ao consultório após término do mandato e planeja visitas ao interior.

Agora foram liberados os R$ 5,9 milhões (verba do Ministério da Integração).

É verdade. Agora poderemos fazer o restante das obras, desde que a emergencial já está pronta. Amanhã, no Ministério da Integração, em Brasília (DF), vamos fazer uma peregrinação e esperamos poder contar com este dinheiro tão logo.

O senhor chegou a dizer que estava sem esperanças de receber o recurso ainda este ano.

Eu estava e realmente surpreendeu o governo federal. E eu quero agradecer a presteza e agilidade do senador Waldemir Moka (PMDB) que foi essencial na liberação destes recursos.

Outro ponto da sua administração neste ano que chamou atenção foi a crise no secretariado. Qual foi a fagulha que desencadeou a crise? Houve de fato uma melhora de qualidade no trabalho do primeiro escalão?

Não houve um momento marcante que despertou toda a reação da nossa parte. A gente observou que precisava lavar a roupa suja em casa como foi lavada para que as coisas voltassem a andar com mais presteza, rapidez e agilidade. Isto foi feito e graças a Deus surtiu efeito.

Sobre sucessão municipal. Qual sua avaliação dos nomes do partido para herdar sua cadeira?

São nomes competitivos, nomes valorosos, pessoas que têm serviço prestado à cidade e esperamos que possam sair das pesquisas, tanto qualitativa e quantitativa, para que possamos referendar o nome.

As pesquisas continuam sendo o melhor critério?

Tenho certeza de que ser for conduzido pelo critério das pesquisas a chance de errar é muito menor. Esperamos que a população nos ajude para que possamos acertar a escolha dos candidatos apresentados.

Até que ponto o senhor se coloca efetivamente para ser candidato ao governo do Estado em 2014?

Com muita tranquilidade, sabendo das minhas limitações e dos meus pontos positivos. Procurando aperfeiçoar cada vez mais as minhas virtudes para poder ajudar o meu partido e as minhas lideranças maiores a acertar nesta decisão, vez que é o posto máximo de força política dentro do Estado. E nós não podemos titubear nesta questão. Além de poder contar com oito anos de experiência administrativa frente ao Executivo Municipal, que foi ter tido o privilégio de administrar uma Capital.

O que Nelson Trad Filho irá fazer entre 2012 e 2014?

Logo que eu terminar o mandato vou retornar ao meu consultório médico, vou procurar fazer visitas ao interior, levando a experiência administrativa que tivemos em Campo Grande. Já tive vários convites formulados por amigos prefeito e simpatizantes e, caso o governador nos convide a fazer parte de sua equipe, creio que poderei contribuir com toda a bagagem que adquiri.

Existe o convite?

Existe a especulação. Por enquanto nada certo.

Para 2012, ano de encerramento do mandato. O que o senhor deixou de fazer em 2011 e acredita ser necessário fazer no ano que vem?

Normalmente o que ficamos angustiados foi não ter concluído algumas obras. Até muitas delas por não ter vindo recursos de Brasília para poder terminá-las. Isto me angustia muito. Por exemplo: pavimentação asfáltica dos bairros Jardim Nashiville, Novo Amazonas, Jardim Colúmbia, Jardim Aero Rancho. São obras que tiveram seu início e que, por falta de recursos oriundos de Brasília, tiveram sua paralisação, mas que estamos fazendo gestões junto aos ministérios para que os recursos sejam liberados e possamos concluir as obras.

Cratera do Nova Lima, que teve recurso de R$ 5,9 milhões para contenção, foi uma das pedras no sapato do ano na prefeitura. (Foto: Simão Nogueira)
Cratera do Nova Lima, que teve recurso de R$ 5,9 milhões para contenção, foi uma das pedras no sapato do ano na prefeitura. (Foto: Simão Nogueira)

Mas o principal desafio são as obras de mobilidade urbana? Hoje saiu no Diário Oficial do município a autorização de empréstimo de R$ 120 milhões junto à Caixa Econômica Federal e uma lista de obras.

O principal desafio realmente é este. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) II vai fazer a urbanização de fundo de vale da continuidade dos córregos Segredo, Anhanduí, Bálsamo, Cabaças e Areias. E o projeto completo da mobilidade urbana, que é o grande desafio que temos pela frente, além do recapeamento no Centro da cidade e das principais vias que estão precisando. Também queremos fazer.

Recentemente o senhor deu declaração de que vias como as avenidas das Bandeiras, Bandeirantes e Guaicurus estão entre as prioridades de recapeamento e agora a população parece exigir o nível de qualidade do asfalto da Afonso Pena em toda a cidade.

As pessoas querem logo o resultado perto de onde elas vivem e trabalham, mas nós já temos um certo costume com este grau de exigência e vamos trabalhar bastante para levar este asfalto de recapeamento para o restante da cidade.

Campo Grande está, até certo ponto, acostumada a enfrenta os problemas das enchentes e da dengue no começo do ano. Até que ponto a administração evoluiu para combatê-los?

Evoluiu muito. Hoje temos toda uma equipe pronta de plantão para, em caso de uma tempestade ou chuva mais forte, possamos entrar em ação de imediato e dar uma resposta em menos de 24 horas. Por mais transtorno que isto cause às pessoas sempre recebemos elogios em função da forma de agir, que é restabelecer rapidamente o trânsito, o fluxo, como aconteceu com o buracão do Nova Lima. Todo mundo se surpreendeu com a rapidez. Quando cai árvore, interrompe pista, estraga semáforo, fiação, temos equipes montadas. E em relação à dengue aprendemos muito. Sabemos os pontos vulneráveis, onde temos que agir para evitar que esta epidemia volte. Com isto podemos dizer que a dengue é um trabalho que não é só da prefeitura. Tem que ter o envolvimento da população. Sempre que passamos por bons momentos temos que parabenizar a população por ela estar fazendo sua parte.

Em relação à Saúde de Campo Grande, qual a avaliação do senhor sobre o momento.

Entendemos que a questão da saúde pública passa pela questão do financiamento. Caso esta Emenda 29 proporcione aumento de recursos a serem investidos, ótimo. Senão o governo tem de discutir uma nova fórmula para poder enviar mais recursos para a área da saúde.

"Um vazio enorme que fica", diz Nelsinho sobre a morte do pai. (Foto: João Garrigó)
"Um vazio enorme que fica", diz Nelsinho sobre a morte do pai. (Foto: João Garrigó)

Há previsão de concurso?

Concurso público para área da saúde tem previsão para acontecer neste ano que entra com vários cargos, entre eles, nutricionista.

Fugindo um pouco do trabalho do dia a dia, o que faz Nelson Trad Filho fora do gabinete?

Gosto de jogar futebol. Tenho uma turma que, assim como eu, é apaixonada por este esporte. São os peladeiros do Rádio Clube. Tem cada perna de pau lá que você ri só de ver jogando. Você se distrai mais vendo eles jogar do que jogando. Mas têm outros que botam a bola no chão redondinha. E lá é o local que costumo passar minhas horas de lazer. Além de pescar, que gosto muito. E de visitar minhas obras nos momentos de folga. Ver como elas andam e como estão fluindo.

O futebol é quantas vezes por semana?

Uma vez. Artilheiro. Eles falam que porque sou prefeito o pessoal deixa, mas não é verdade. Estou cheio de marcas na perna por conta destas disputas. Eles sentam a botina mesmo. Não tem esta de ser prefeito não.

A família do senhor gosta de futebol, não é?

Agora o Marquinhos (deputado estadual, Marquinhos Trad) está mais voltado para o tênis. Mas a nossa família, buscando até uma tradição do meu pai, sempre teve como preferência o futebol.

E o que representou para o senhor a perda do seu pai (Nelson Trad)?

Uma situação muito dolorosa. Um vazio enorme que fica. O que nos traz um pouco de consolo é que os ensinamentos que ele sempre nos deu estão aí a toda prova para que possamos continuar seguindo. Principalmente os seus exemplos: de retidão de caráter e honestidade.

Obrigado prefeito.

Quero parabenizar a equipe do Campo Grande News pelo trabalho desempenhado e em especial seus leitores. Dizer que espero que 2012 seja um ano de muita saúde, paz e realizações, sempre com a benção de Deus para nos ajudar a vencer as dificuldades. Feliz 2012.

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