PT muda estratégia e perfil de candidato para a Capital
Consciente da dificuldade de conquistar o eleitorado conservador de Campo Grande, o comando do PT já pensa em mudar a estratégia de campanha e até o perfil do candidato a prefeito, visando às eleições de 2012.
O Partido dos Trabalhadores acumula uma sucessão de derrotas históricas contra o PMDB na Capital do Estado.
Em 1996, Zeca do PT perdeu para André Puccinelli (PMDB) por apenas 411 votos, no primeiro embate entre os rivais.
O resultado foi contestado na Justiça, mas Zeca perdeu mais uma vez a batalha política contra o peemedebista.
Nas próximas eleições municipais, já como governador de Mato Grosso do Sul, Zeca apoiou o então petista Ben-Hur Ferreira em Campo Grande, mas André Puccinelli foi reeleito com ampla vantagem.
Ao deixar a prefeitura da Capital, quatro anos depois, Puccinelli apoiou o atual prefeito da cidade, Nelsinho Trad (PMDB). Mais uma vez, o PT foi derrotado, já que o candidato peemedebista venceu "de lavada" o sobrinho de Zeca, o deputado federal Vander Loubet (PT).
Outra disputa perdida pelo PT aconteceu em 2008, quando Nelsinho se reelegeu com ampla vantagem sobre o petista Pedro Teruel, que não conseguiu a reeleição para deputado estadual em outubro deste ano.
O deputado estadual Paulo Duarte (PT) defende uma ampla discussão interna acerca das sucessivas derrotas do partido em Campo Grande. Ele acha que a sigla precisa criar critérios para a escolha dos candidatos não só na Capital mas em todo o Estado.
Duarte também acredita que o PT precisa se renovar e até buscar lideranças novas para tentar conquistar o tradicional e conservador eleitorado campograndense.
"Quem sabe não é hora de buscar renovação, buscar até pessoas que estão em outros partidos e que têm vontade de vir para o PT, colocar gente que não foi candidato ainda", detalhou.
Antes, porém, conforme o parlamentar, o PT precisa fazer uma análise interna, um balanço das últimas eleições, pensando em novas estratégias para o próximo pleito.
"Isso passa por uma discussão interna. Não vejo sentido em começar a falar em nomes antes de fazer essa avaliação", apontou.
Conforme Paulo Duarte, a população já deu inúmeras provas de que gosta de renovação. Como exemplo, ele citou o prefeito de Corumbá, Ruiter Cunha de Oliveira, e a própria presidente eleita, Dilma Rousseff.
"O Ruiter era um técnico, começou com menos de 3% e conseguiu se eleger, assim como a Dilma, que também nunca tinha sido candidata", analisou.
Sem esta avaliação interna e discussão de novas táticas eleitorais, o PT vai cometer os mesmos erros e perder novamente os espaços para o PMDB.
O deputado Amarildo Cruz (PT) também defende que estratégias diferenciadas sejam adotadas pelo partido na Capital. "Pode ser que o eleitor conservador não esteja entendendo nossa mensagem, então temos que falar com a academia, comerciantes, empresários, e detalhar nosso projeto", comentou.
Para o deputado, a questão não é só buscar sangue novo para a disputa, mas trabalhar na mudança de abordagem do eleitor.
O deputado Pedro Kemp, vice-presidente da Assembleia Legislativa, acha que o partido precisa fazer uma avaliação concreta das últimas eleições, detectar os possíveis erros cometidos e estudar com mais afinco o perfil do eleitorado.
"Precisamos ter um diagnóstico melhor, porque só 30% do eleitorado de Campo Grande têm simpatia pelo nosso partido", detectou.