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Política

Respinga em Delcídio polêmica sobre compra de usina nos EUA

Josemil Arruda | 20/03/2014 16:57
Delcídio é acusado por Renan de ter indicado Cerveró, que deu parecer pela compra (Foto: Cleber Gellio/arquivo)
Delcídio é acusado por Renan de ter indicado Cerveró, que deu parecer pela compra (Foto: Cleber Gellio/arquivo)

A polêmica em torno da compra, pela Petrobras, de uma refinaria obsoleta no Texas, Estados Unidos, que resultou num prejuízo de mais de US$ 1 bilhão para a estatal brasileira, acabou respingando no senador Delcídio do Amaral (PT), pré-candidato a governador de Mato Grosso do Sul. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e Delcídio têm trocado acusações públicas sobre quem seria o responsável pela indicação de Nestor Cerveró, responsável pelo parecer favorável à compra da refinaria de Pasadena, quando era diretor internacional da Petrobras. Atualmente, Cerveró é diretor financeiro da BR Distribuidora.

Hoje, o senador Renan Calheiros garante que Delcídio fez a indicação. "O Delcídio deve estar preocupado com relação à indicação, mas eu queria, de antemão, dizer que o Delcídio não deve ficar preocupado. O Delcídio certamente não indicou Cerveró para roubar a Petrobras", disse Renan, em tom de ironia. "Ele (Cerveró) ter ficado na Petrobras é imperdoável. O Delcídio tem de pedir a saída dele", defendeu Renan.

Anteriormente, o senador de MS tinha atribuído ao peemedebista a apadrinhamento de Cerveró, que assumiu o cargo de diretor internacional da Petrobras no início de 2003, primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva. A compra da refinaria norte-americana aconteceu em 2006, quando a atual presidente da República, Dilma Roussef, era ministra-chefe da Casa Civil. Dilma também foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras e votou a favor da compra, baseando-se no parecer de Cerveró.

A aquisição da refinaria é investigada pela Polícia Federal, pelo Tribunal de Contas da União, pelo Ministério Público e pelo Congresso, por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas. Segundo a Presidência da República, o conselho de administração da estatal baseou-se em um parecer que estava incompleto e continha informações falhas nos aspectos técnicos e jurídicos.

Ontem à noite, em razão do aval de Dilma ao negócio, houve um intenso debate entre os senadores no plenário, puxado principalmente pelo presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG), que cobrou explicações do governo federal. Aécio questionou as explicações do governo federal para a autorização da compra da refinaria americana.

“Por que uma refinaria obsoleta que não tinha condições de refinar o petróleo pesado brasileiro, adquirida no ano de 2005 por US$ 42,5 milhões, foi adquirida em 50% de sua participação por US$ 360 milhões e, alguns anos depois, a outra parte por US$ 830 milhões?”, indagou Aécio Neves. “Não há justificativa que não seja a gestão temerária do patrimônio de todos os brasileiros”, afirmou.

Delcídio nega – O senador Delcídio Amaral, que já foi diretor da Petrobras, admite que foi consultado pelo governo federal sobre a indicação de Cerveró, mas nega tê-la feito. "Eu fui consultado pelo governo por conhecer os quadros da Petrobras, mas foi o Renan quem bancou o nome do Nestor. O Nestor é uma indicação do Renan", garantiu o petista, em entrevista ao blog de Gerson Camarotti.

Também contestou as especulações de setores do governo de que teria influenciado na decisão da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras no ano de 2006. "Eu não sabia que eu era tão poderoso para influenciar um negócio bilionário", ironizou o parlamentar. "É bom lembrar que naquela ocasião eu era visado por todo mundo durante 24 horas , já que eu estava no comando da CPI dos Correios. Como poderia estar preocupado com os negócios da Petrobras?", questionou.

Delcídio foi procurado pelo Campo Grande News para falar sobre o assunto, mas segundo informações de sua assessoria de gabinete estava em audiência fora do Senado. Até o fechamento desta matéria, o senador não deu retorno ao jornal.

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