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Política

Vereadores dizem que Bernal deixou Campo Grande "capenga"

Zemil Rocha | 09/03/2013 10:08
Campo Grande vive clima de "tensão permanente", na opinião dos vereadores (Foto: Arquivo)
Campo Grande vive clima de "tensão permanente", na opinião dos vereadores (Foto: Arquivo)

Os vereadores da Câmara de Campo Grande estão preocupados com o fato de vários setores da administração pública municipal não estarem funcionando por falta de comando e com os rompimentos de contratos. A cidade, segundo eles, estaria “capenga” em muitos setores. Há críticas contundentes contra a falta de gestores em secretarias e a rotina dos “contratos emergenciais” que está sendo implantada na Capital. Até mesmo a “importação” de secretários feita pelo prefeito Alcides Bernal (PP) tem gerado muitas polêmicas.

Na área da saúde pública, houve rompimento do contrato com a empresa Total Serviços Gerais de Limpeza, que fazia a limpeza dos postos de saúde da cidade. A Total teria sido forçada a quebrar o contrato, por ter ficado sem receber pelos serviços prestados, totalizando R$ 1,4 milhão em janeiro e fevereiro. O contrato foi encerrado dia 28. No mesmo dia em que a empresa estava fechando as portas, a empresa Mega Serv, de Dourados, estava na porta da Total contratando os funcionários que acabavam de ser dispensados. A Mega assumiu a tarefa.

Em relação à coleta de lixo, a cidade, que já sofria com recolhimento deficiente, vive ameaça de paralisação do serviço. O consórcio CG Solurb fez o alerta, depois de ficar sem receber R$ 12 milhões da prefeitura desde o começo do ano. Mesmo sem rompimento, o serviço apresenta deficiências, ocasionando queixas como recentemente fizeram moradores da Vila Palmira ou da região do Ceasa.

O recolhimento de entulhos, que é realizado diretamente pela prefeitura de Campo Grande, também tem deixado muito descontentamento nos bairros. O vereador Ademar Vieira Junior, o Coringa (PSD), afirmou que há deficiência de caminhões, desde que a prefeitura rompeu contrato com um terceirizado. O último grito de “socorro” por causa do lixo ocorreu no bairro Caiçara, onde ruas e calçadas estavam tomadas por entulhos. Emergencialmente, caminhões foram destinados para essa atividade em razão da luta contra a dengue, mas a demanda é muito maior.

Até mesmo a área tributária da prefeitura vive o clima de incertezas. A RDM, empresa terceirizada que recebe débitos de IPTU com a Prefeitura de Campo Grande, fechou dois pontos de atendimento. Devido à falta de pagamento desde o começo ano, a empresa ameaça encerrar as atividades.

Com os próprios servidores da prefeitura de Campo Grande, há um clima de insatisfação, com duas ameaças de greve já tendo surgida, a última delas agora com o professores em razão de o prefeito Alcides Bernal ter pedido ao Ministério Público que entre com ação para anular o reajuste de 22,2% concedido no ano passado, escalonadamente. O primeiro conflito ocorreu com os servidores administrativos, devido à suspensão do pagamento de gratificação referente ao Profuncionário (Programa de Formação Inicial emServiço dos Profissionais da Educação Básica dos Sistemas de Ensino Público), na primeira quinzena de fevereiro.

Ao montar a equipe de governo, Bernal também enfrente dificuldades, tendo colocado secretários acumulando funções e nomeado assessores a “conta gotas”. O caso mais absurdo foi a nomeação da engenheira Kátia para a presidente da Agência Municipal de Trânsito (Agetran), antes mesmo dela chegar a Campo Grande, proveniente de Juiz de Fora (MG). Trata-se de uma das “importações” de Bernal para compor seu primeiro escalão de governo. Antes, ainda nessa cota de importados, tinha trazido o coordenador de Comunicação Social, Djalma Jardim, que estava no marketing nacional do partido em Brasília. Aliás, o marketing dele na Capital não tem melhorado a imagem de Bernal.

Tensão permanente - “A cidade está numa situação de muito risco, vivendo um clima de tensão permanente. Tensão com serviço publico, com fornecedores, com os servidores públicos, com o governo do Estado, com os vereadores. Até hoje as relações institucionais não se harmonizaram. E com isso a população está sofrendo conseqüências em várias áreas. Está muito ruim para todo mundo”, afirmou o vereador Eduardo Romero (PT do B).

O ex-vice-prefeito de Campo Grande, vereador Edil Albuquerque, também está muito preocupado com a acefalia de alguns setores, gerando descontinuidade administrativa. ”Campo Grande tinha administração que vinha de muito tempo e o Bernal ganhou a eleição sozinho. Porisso estar montando equipe dele agora, não tem maioria na Câmara, o que dificulta muito o trabalho”, ponderou Edil. “Além disso, o Bernal sempre foi do Legislativo. Não tem experiência de governo. Nunca teve perfil de administrador”, acrescentou.

Para Romero, a cidade está vivendo um período bastante conturbado, com processos licitatórios e contratos rompidos e outros surgindo com base emergencialidade. “O prefeito alega indícios de irregularidades, mas não vimos nenhum até agora”, disse o vereador. “E a forma dele resolver é contrato de emergência”, emendou ele, lembrando que recentemente contratou até gasolina por preço 42% maior do que o praticado no ano passado.

Eduardo Romero entende hoje Campo Grande enfrenta dois problemas gravíssimos por causa da descontinuidade e inabilidade política de Bernal. “A saúde avançou no combate à dengue, mas se esqueceu de outras áreas. Estamos sem médicos em postos, há falta de pediatras, que é problema antigo, e as pessoas para serem atendidas ficam de 3 a 8 horas esperando”, apontou. Outra questão grave, para ele, é o salário de servidores municipais. “O prefeito teve uma atitude ditatorial de não reconhecer aumento concedido aos professores, seguindo piso nacional, que afeta não só os 4 mil professores, mas acaba atingindo 17 mil funcionários públicos”, disse.

Edil lembra ainda que a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e do Agronegócio (Sedesc) até hoje está abandonada. Observou também que o conselho de desenvolvimento está sem presidente e o mandato dos conselheiros das 14 entidades participantes já expirou. “Desta forma não é possível atender pleitos de empresas interessadas em se instalar em Campo Grande. Lembrando que mais de 100 empresas já receberam parecer favorável do Codecon para instalação em nossa Capital e estão em diferentes fases de andamento”, reclamou. A falta de responsável pela Sedesc, na avaliação de Edil, está atrasando a conclusão dos processos para início das construções prejudicando os empresários, a economia local, bem como a geração de emprego e renda.

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