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A importância do ensino para um “pensar bem” na vida do ser humano

Por Katerin Sabrina Gomez Fernandes e Marinez Lemos Bregenski Schiavi (*) | 04/02/2017 08:41

Encontra-se em trâmite uma Medida Provisória (MP) 746/2016 de 22 de setembro, que, dentre outras normas, defende o fim da obrigatoriedade da filosofia, além de disciplinas no ensino médio como artes, educação física e sociologia, deixando assim questionamentos, pois de um lado há famílias em situações de vulnerabilidade social e econômica acatando a ideia do curso técnico profissionalizante, como sendo um caminho para o mercado de trabalho, mas por outro lado há os intelectuais preocupados com o progresso cultural do ser humano.

É certo que a situação do ensino público no Brasil está precária, mas isso não é de hoje, então as mudanças não poderiam ser arbitrárias, impostas por uma MP, mas deveriam ser discutidas com a comunidade interessada no assunto, pois quem garante que simplesmente ir alterando a estrutura do ensino médio de 800 para 1400 horas, com regime de ênfases, curso técnico e deixando para segundo plano algumas disciplinas de humanas, trará uma educação de qualidade. Será que a crise educacional não deveria ser encarada como um problema desde as séries iniciais do ensino fundamental?

As matérias de Filosofia e Sociologia por exemplo, deixam o aluno antenado aos acontecimentos sociais, históricos e no que diz respeito à sua vida, então tirar essas e outras disciplinas da área de humanas, seria tirar o direito à reflexão. Parece que o governo quer guardar o pensamento das pessoas, pois direcionando-as para o trabalho, pode não sobrar espaço para essa análise reflexiva, deixando esse ser humano incapaz de ter um olhar para melhores condições de vida e de trabalho, ou seja, deixar de pensar bem para ser mais um integrante da massa de manobra social.

Sendo assim, filosofia e sociologia não deveriam ser lecionadas somente no ensino médio e sim a partir do ensino fundamental, pois de acordo com os estudos do educador e filósofo norte americano Matthew Lipman, que implementou a “Filosofia para Criança”, na década de 60, ele percebeu que a criança e o adolescente quando em contato com a Filosofia, tendem a ser mais perceptivos ao que acontece à sua volta, debatem questões, têm opiniões seguras, aumentam o diálogo e o vocabulário. Mas claro que, para isso acontecer, precisaria de um professor qualificado e valorizado!

Então, se os governantes estivessem realmente preocupados em criar um país forte, com a estruturação de um ensino para o “pensar bem” desde a base educacional, com melhor qualificação e salários para esses profissionais, os alunos não precisariam ser vítimas do processo de tentativas e erros, pois há de fato uma crise educacional, um problema a longo prazo e não um projeto que se pode ir alterando a qualquer momento, pois estamos falando de seres humanos em formação e da importância da filosofia em suas vidas, além de outras áreas da educação e não de meras mercadorias que se pode ir testando para melhorar a sua qualidade.

(*) Katerin Sabrina Gomez Fernandes e Marinez Lemos Bregenski Schiavi são acadêmicas do curso de Filosofia da UFMS

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